Saindo mais cedo da Copa do Mundo, o Brasil perdeu a grande oportunidade de acelerar a sua reconstrução econômica, que já vem ocorrendo em ritmo lento, ainda insuficiente para compensar no médio prazo os terríveis estragos causados à economia pelos desmandos dos últimos governos populistas.

Todos sabíamos da importância de ganhar a Copa, para mudar o astral do nosso povo e assim contribuir para uma necessária e menos demorada recuperação do desastre econômico que nos atingiu em cheio, devido a preponderantes fatores como a corrupção de Estado e todo tipo de falcatruas que se multiplicaram nas entranhas do poder público, em parceria com marcas famosas da iniciativa privada.

Com a tomada de consciência, que teve início em nosso país a partir do impeachment de Dilma Rousseff, houve um alento geral acenando para o fim de uma crise como poucas que ilustram a história brasileira nesse quesito.

Entretanto, passou a ocorrer algo que poucos esperavam: os culpados pelos desmandos que vitimaram a nação brasileira agruparam-se de tal forma acabando por produzir uma reação em cadeia contra a ideia de passar o Brasil a limpo.

Em um esforço desmesurado de manter o status quo da rapinagem escancarada, o país acabou por se dividir, quase que nivelando as suas metades. Os bem-intencionados passaram a ser ofendidos e alguns até agredidos fisicamente pelos usurpadores do erário que, de forma incompreensível e revoltante, obtiveram apoiadores para as suas causas.

A mística da solução pelo socialismo, por exemplo, nunca esteve tão disseminada entre nós, que sempre a repudiamos com veemência.

Talvez por imitação a alguns países vizinhos, que propagam melhoria de vida após sua conversão para esse sistema político, talvez por cansaço de uma democracia que tem ajudado o crescimento acelerado da corrupção e suas notórias desigualdades, a verdade é que nos parece estar colando como nunca junto às camadas mais necessitadas da população brasileira a ideia de que a solução está no socialismo.

Se até aqui bastaram os fracassos de sistemas de governo totalitários de esquerda, que sempre nivelaram a população por baixo, hoje esse determinismo histórico passa a ser, embora ainda com resistências, o sonho de consumo de uma população que perdeu suas esperanças.

Entendemos ser muito sério o que ocorre hoje no Brasil. Não é o mesmo fenômeno que provocou no passado opções políticas que logo se desestabilizaram. Boa parte da população brasileira, a mais afetada pelas dificuldades econômicas, começa a acreditar nos engodos contra os quais seus pais e avós sempre lutaram.

Perdidas ou ainda que paralisadas as esperanças de finalmente um Brasil melhor para os brasileiros, corremos um sério risco de caminharmos, desta vez com retorno duvidoso, para um sistema político que já infelicitou inúmeros países, mas que aqui, por não se acreditar talvez que a História não se repete senão como farsa, não custa tentar.

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Festejada até com certo exagero quando surgiu no Brasil, a revista Playboy deixa de circular entre nós, perdendo totalmente sua força e com ela o interesse que despertava junto a uma fatia do público ávido por se contentar com pouco.

Playboy teve o mesmo destino de tantas outras publicações e demonstrações ao vivo e em ambientes fechados que valorizaram o culto do onírico junto a consideráveis parcelas da população, ainda despreparadas para os prazeres do sexo.

De tempos em tempos, a humanidade derruba os seus mitos, criando todavia outros para substituí-los, pela simples razão de que viver por viver é de uma chatice sem igual.

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Apesar de alguns pesares, é inegável o talento brasileiro quando exigido acima da média, em desafios competitivos que provocam o despertar do melhor de cada um dos nossos 205 milhões de habitantes.

Essa demonstração inequívoca de capacitação é mais forte e abrangente em contingentes jovens, cujos componentes aliam suas inegáveis possibilidades criativas ao auge da resistência física do ser humano.

Para não extrapolarmos neste espaço dedicado à opinião do PROPMARK sobre o mercado onde atua e interfere, vamos falar de apenas um exemplo dessa superação, provocado pelos nossos bravos Young Lions.

Com a versão do Cannes Lions deste ano, atingimos a cifra de 436 Young Lions brasileiros, cujos 19 da safra deste ano (eram 417 até 2017) obtiveram a impressionante quantidade de 117 Leões em Cannes, sendo 2 GPs e 11 Leões de ouro.

Deve ser fato inédito na história do Cannes Lions (a secretaria do Festival não tem esse levantamento), a demonstrar por que o nosso país é um dos maiores exportadores de talentos para o mundo, o que tem sido aumentado nos últimos tempos, devido à contraditória rebaixa de oportunidades que possibilitamos à nossa população em geral.

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O brasileiro José Papa Neto permaneceu por apenas dois anos à frente do comando executivo do Cannes Lions, anunciando sua saída no início da última semana.

Uma pena para o Brasil e principalmente para o mercado publicitário, que anualmente se dirige ao famoso festival para testar a sua capacidade criativa.

Não que isso não possa continuar, como aliás já assim era antes de José Papa Neto assumir o cargo ora deixado. Mas, sua presença à frente do executivo do Cannes Lions, sem dúvida, estimulou ainda mais a nossa participação, não apenas concorrencial como também o interesse dos brasileiros pelos demais créditos pelo mais famoso evento competitivo da publicidade mundial.

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Imperdível o show solitário (em reprise) de Billy Cristal, na HBO, relatando a sua vida e a vida da sua família desde a chegada dos seus pais aos Estados Unidos.

O espetáculo estreou em 2014 na Broadway e faz sucesso sempre que é reprisado.

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Este Editorial é em homenagem a Ivan S. Pinto, falecido no último dia 13 em São Paulo. Ivan fez longa carreira profissional na extinta Lintas e sua proximidade com Rodolfo Lima Martensen, um dos fundadores da ESPM e seu primeiro presidente, possibilitou-lhe exercer uma das suas vocações, que era ministrar aulas, de preferência sobre planejamento publicitário.