O governo de São Paulo acaba de anunciar um ambicioso plano para modernizar a gestão da rádio e TV Cultura. O objetivo é desenvolver novas plataformas, formas de financiamento e produtos para a melhor e mais bem-sucedida televisão pública do Brasil. A TV Cultura completa 50 anos em 2019 e tem boas razões para comemorar. Mais de 400 prêmios nacionais e internacionais conquistados, reconhecimento da crítica e aprovação do público são testemunhos do acerto nos caminhos da emissora, com autonomia intelectual, política e administrativa.

O novo presidente da Fundação Padre Anchieta, José Roberto Maluf, foi diretor dos Grupos Bandeirantes, SBT e Fundação Cásper Líbero. Ele substitui Marcos Mendonça, que acaba de concluir sua segunda brilhante gestão. Na presidência do novo Conselho Gestor da TV Cultura – que atuará ao lado do Conselho Curador na busca de parcerias – está José Bonifácio Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos executivos mais importantes da história da TV brasileira. Ele trabalhará de forma voluntária ao lado de outros valorosos colaboradores. Essa seleção de talentos vai conduzir a TV Cultura no desafio da sexta década: reinventar-se na era da revolução digital e da televisão por streaming sob demanda. Se a oferta de entretenimento, serviço e informação numa emissora não é flexível, o consumidor provavelmente migrará para outras mais amigáveis, disponíveis às centenas em outras opções e nichos de programação. E em qualquer horário.

É por isso que um número crescente de usuários paga para ter mais flexibilidade até na TV aberta. A próxima grande onda de mudanças virá com a internet 5G, que vai mudar os conceitos de velocidade e comunicação em menos de quatro anos. Quanto mais as novas tecnologias avançam, mais se ouve dizer que a TV está em crise. Do alto de sua experiência, Boni dá o rumo: não é crise, é oportunidade. Modelo de TV pública, a britânica BBC tem hoje um departamento batizado de Future Media, responsável pela produção digital e desenvolvimento de novas tecnologias. A PBS americana atua como distribuidora de programação com produção própria e retransmissão de outros produtos de alta qualidade, inclusive da BBC e dos também britânicos ITV e Channel 4. A revolução digital impôs a todos os meios de comunicação, no mundo inteiro, a necessidade de mudar para sobreviver. No Brasil, o forte anseio da população por mudanças na política e na qualidade dos serviços públicos exige mudanças nas formas de governar. Felizmente, os brasileiros deixaram para trás um tempo de obscurantismo ideológico que impedia que o setor público fizesse parcerias com o setor privado para trazer investimentos e inovação à atividade gerida pelo Estado.

A nova TV Cultura se coloca mais uma vez na vanguarda do desenvolvimento nacional. O objetivo é melhorar a oferta de serviços, incentivar a atração de novas tecnologias e adotar modelos de gestão mais eficientes em que o principal beneficiado será sempre o telespectador. Não por acaso, a nova administração da emissora pretende colocá-la numa grande plataforma. Vamos buscar mais audiência, mais faturamento com publicidade e licenciamentos. Com mais recursos, poderemos fazer uma TV ainda melhor. Vamos atingir públicos diferentes com conteúdos distintos, inclusive em celulares e tablets. A TV Cultura sempre foi dirigida por quem pensava à frente do seu tempo. Estamos começando, agora, um novo modelo de gestão para um novo tempo. Criando uma televisão nova, alimentada pela paixão, pela informação e pela educação.

João Doria é governador do estado de São Paulo (imprensa@comunicacao.sp.gov.br.)