Alê Oliveira

1. Sem falar no Dia da Criança que já está aí (12/10), que Natal terão os brasileiros este ano?

Do jeito que as coisas não caminham, deverá ser o pior dos últimos tempos não apenas na parte material que proporciona, como principalmente na alegria e no espírito de fraternidade que são próprios desse período do ano que está chegando.

Terão as pessoas jurídicas e assemelhadas caixa para o pagamento do 13º, obrigatório por lei, mas difícil de ser cumprido se não houver recursos suficientes nas empresas para o seu pagamento? Muitas delas já estão atrasando salários, sinalizando para dificuldades maiores quando da quitação da gratificação natalina compulsória.

Este é apenas um aspecto da questão, provavelmente o mais importante de todos, mas há outros compromissos que se acumulam nessa época, como o pagamento das férias à grande massa de trabalhadores que costuma gozá-las entre dezembro e janeiro.

E o encolhimento do mercado, permanecerá como agora ou veremos o início da retomada do crescimento, como prometem, sem muita convicção, nossos governantes, centrados neste momento em aumentar a arrecadação de cada capitania que dirigem, com novos impostos e aumento das alíquotas dos atuais, como se o dinheiro que precisam para cobrir os rombos do erário estivesse do lado de cá?

Como se recorda, as contas públicas foram desnaturadas pelos impostores (no mais amplo sentido do vocábulo, inclusive porque só pensam em criar e aumentar impostos), através do desvio de verbas das estatais e dos órgãos públicos nos quais isso tenha sido possível e na destinação de grande parte das receitas em programas sociais de cunho eleitoreiro, que agora procuram reduzir para salvar as aparências.

Como podemos acreditar que o cenário para os próximos meses será mais ameno (e tomara que estejamos errados), com tantos e tamanhos bate-cabeças entre os próprios integrantes do governo, que sequer combinam o mesmo discurso na busca de decisões relevantes, embora amargas (para a população) como – aí sim – são unânimes em reconhecer?

Buscar no arquivo morto das receitas públicas a famigerada CPMF, tão combatida pela atual situação quando castigava os contribuintes no passado recente e, mais ainda, não oferecer ao público, que está sendo chamado para pagar a altíssima conta de uma soma incalculável de irresponsabilidades (no mínimo), sequer a porcentagem correta da “contribuição” a ser ressuscitada, começando por 0,20% e atingindo no dia seguinte 0,38% sobre todas as movimentações bancárias?

E que falta de tato do nosso ministro das Finanças, reconhecidamente uma pessoa séria e capaz, mas ao mesmo tempo um visível peixe fora das águas turvas nas quais se banha o governo, ao garantir que a CPMF é um simples impostozinho de curta duração (quatro anos!), produzindo o infeliz exemplo para ilustrar sua fala de que numa entrada (ingresso) de cinema, o espectador vai pagar apenas dois milésimos do seu custo?

Como não citou que a CPMF incidirá sobre todo tipo de transação financeira, desde o ingresso do cinema até as compras do básico nos armazéns, feiras e supermercados, além dos medicamentos nas farmácias, das roupas que minimamente já passamos a comprar nas lojas e tudo o mais que seja necessário para se viver, inclusive na linha da pobreza e sem se falar nas transações entre as pessoas jurídicas, que repassarão mais esse custo para os consumidores?

Como citou como exemplo somente o réles ingresso de cinema, vamos propor a S. Exa. que restrinja a aplicação da CPMF apenas sobre as compras desses bilhetes em todo o país. Para sermos condescendentes, vamos concordar também que entrem nesse achaque os ingressos de teatros e circos, poupando-nos de todo o resto.

Dessa forma, teremos uma incidência mais adequada da CPMF, que conviverá exclusivamente com a parte considerável do mundo do entretenimento, o que parece ser o objetivo principal de um governo falido em todos os aspectos, mas que reluta em sair de cena, preferindo o jogo do ilusionismo para se manter no palco, mesmo com apenas 7% de espectadores na plateia batendo palmas para o nada.

2. Ainda sobre a CPMF, a Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) distribuiu no último dia 17 um manifesto contra a volta da “contribuição” (que significa algo geralmente espontâneo), “devido às distorções específicas decorrentes de sua cobrança sobre a atividade publicitária”.

A Fenapro lembra no manifesto que “a experiência do setor com a CPMF, entre os anos de 1996 e 2007 – período em que o tributo vigorou – mostrou o quanto ele é oneroso e excepcionalmente prejudicial às agências de publicidade, por incidir sobre recursos que não são das mesmas”.

A Fenapro se refere ao repasse das verbas publicitárias feitas pelos anunciantes às agências e por estas à mídia e fornecedores do mercado.

Gláucio Binder, presidente da entidade, lembra que “se o governo quer arrumar a casa, não deveria fazê-lo desarrumando a casa dos outros”.

Acrescentamos, com a permissão de Binder e a título de lembrança, pois o Brasil sofre de permanente falta de memória, que os responsáveis pela desarrumação da casa oficial encontram-se no próprio governo.

Não foi o povo que a provocou.

3. Para a Presidência da República, no caso de impeachment da atual e do seu vice e em havendo novas eleições para completar o período, propomos a moça do Santander, que previu tudo o que está ocorrendo com a nossa economia e foi por isso dispensada pelo banco.

Ganhou uma boa indenização na Justiça do Trabalho, mas isso não é tudo: em sua homenagem e em homenagem a todas as mulheres que lutam por um Brasil melhor, sem interesses escusos e sem se submeter à intromissão de padrinhos interesseiros em suas tarefas, a moça do Santander pode representar a solução que buscamos.

*Diretor-presidente da Editora Referência, que edita o jornal propmark e as Revistas Marketing e Propaganda