Os Estados Unidos são referência no mercado de afiliação e, em muitos aspectos, já estão mais maduros no setor do que o Brasil. Por isso é sempre importante ficar de olho no que acontece por lá, já que as novidades certamente virarão tendência por aqui. 

Durante o maior evento do setor, o Affiliate Summit, realizado em Las Vegas, em janeiro, foram apresentados números que mostram a importância desse mercado. Segundo a pesquisa “Networks Help Drive Affiliate Marketing Into v The Mainstream”, conduzida por Forrest Consulting, em 2016, mais de 28% dos gastos com anúncios em 2016 foram para afiliação, que agora representa 7,5% dos gastos com varejo digital no país. Foram investidos U$ 4,78 bilhões nesse mercado no ano passado, e a previsão para 2017 é de U$ 5,37 bilhões, chegando a U$ 6,82 bilhões em 2020.

No Brasil, estima-se que 5% da publicidade on-line seja proveniente do marketing de afiliados. Levando-se em consideração a expressiva participação, as bilionárias cifras do mercado dos Estados Unidos e as perspectivas de crescimento em médio prazo, vemos o tamanho do potencial a ser explorado por aqui.

E como fomentar um mercado no qual cresce a repulsa por anúncios-padrões? Dados da Affiliate Services Pepper mostram que 28% dos internautas já utilizam ad blocker nos Estados Unidos. A resposta para essa pergunta está em uma pesquisa apresentada pela agência AM Navigator, que mostra a importância dos micro-influenciadores – com até 100 mil seguidores nas redes sociais, que muitas vezes são afiliados em potencial –, para a aquisição de clientes on-line.

Uma outra análise interessante, que é a relação de alcance versus engajamento, de acordo com o número de seguidores. Quanto mais seguidores, menor a taxa de likes e comentários no Instagram. Isso significa que, quanto maior a base de fãs, menor é o engajamento e o nível de interesse aparentemente se dispersa.

Em contrapartida, os microinfluenciadores podem trazer muitos resultados. Eles não são celebridades e influenciam uma base relativamente pequena, porém possuem uma taxa muito maior de engajamento. As vantagens de trabalhar com esse perfil é que esses microinfluenciadores apresentam maior proximidade com seu público, mais flexibilidade para negociação, potencial de relacionamento em longo prazo, alto potencial de conversão e ainda custos mais baixos.

Isso significa que os influenciadores possuem um grande potencial para divulgar uma marca ou produto, especialmente quando são “brand advocates”, ou seja, advogados da marca. Nesse caso, são fãs do produto e ficam felizes em falar sobre ele, independentemente de uma recompensa. De acordo com a pesquisa “Global Trust in Advertising”, feita pela Nielsen em 2015, 83% dos consumidores confiam em recomendações feitas por pessoas que conhecem, acima de qualquer outra forma de propaganda.

As marcas precisam ficar atentas a esses perfis para potencializar o processo de divulgação ou ainda estimular essas pessoas, especialmente sabendo que existem vários tipos de recompensa pelas quais os publishers podem se interessar, desde retribuição monetária até tratamento VIP ou ainda testes gratuitos de produtos, assim como outras mais subjetivas. De acordo com Geno Prussakov, da AM Navigator, um dos palestrantes do Affiliate Summit, “a maioria dos influenciadores são motivados quando as marcas os ajudam a impulsionar sua imagem e crescer a sua audiência”.

Vale lembrar que é muitas vezes por meio dos microinfluenciadores que se encontram temas mais segmentados e, portanto, mais focados no seu público-alvo. Dessa forma, esse olhar trazido no Affiliate Summit nos mostra o potencial dos microinfluenciadores em suas relações com as marcas como uma opção até mais assertiva do que diversas celebridades para o momento de conversão.

É importante ressaltar que hoje as marcas precisam ser encontradas pelos consumidores, mas isso só faz sentido se houver uma inserção contextualizada dos conteúdos. Trabalhar com influenciadores é, portanto, uma das maneiras mais assertivas de criar um relacionamento de confiança entre marca e público.

Isabela Ventura é diretora geral da Lomadee, empresa de marketing de afiliados