Ah! Bons tempos aqueles em que o leque de opções para seu futuro profissional cabia em duas mãos. Não sei muito bem por que, mas eu acabei optando por engenharia. Talvez por não ter vocação para medicina ou veterinária (havia – e ainda há – uma excelente faculdade de agronomia e veterinária na minha cidade natal, Jaboticabal) ou ainda advocacia. Ou por não querer me pendurar num emprego público, embora essa fosse uma das opções mais valorizadas quando tive de optar por uma futura profissão. Quis o destino que descobrisse esse tal de marketing e a propaganda quando me transferi do interior para São Paulo.

Fui parar na Faap, ainda para estudar engenharia, mas fiquei deslumbrado com esse mundo mágico da propaganda, que me foi apresentado por linhas tortas, quando fui convidado para fazer um comercial, como modelo. Até trabalhei com engenharia, mas já estava irremediavelmente contagiado pela propaganda.

Que números e cálculos, que nada! Eu queria mesmo é a criação e o glamour da nossa profissão. Decidi então mergulhar nesse mundo novo que se apresentava para esse caipira deslumbrado. Enquanto eu seguia trabalhando numa empresa de engenharia, comecei a fazer cursos de extensão em marketing/comunicação/propaganda. Pouco a pouco, me desliguei da engenharia e parti de vez para o marketing, para desespero dos meus pais.

Outros tempos, outras facilidades e o resultado é que fui me dando bem nesse novo meio. E lá se vão mais de 30 anos… Corta! E voltamos direto para os dias de hoje.

O que dizer para um jovem que está no momento de decidir por uma faculdade que o leve para uma trajetória profissional satisfatória? Que dificuldade! Neste mundo de mudanças abruptas e constantes, como identificar uma linha vocacional compatível com as perspectivas que se apresentam para o futuro?

Quem garante que a especialização escolhida terá lugar no mundo, daqui a cinco anos? Gente, cinco anos são uma eternidade nos dias de hoje! Quem teve de optar por algo, lá no início dos anos 1990, não tinha ideia de uma tal de internet, que mudou tudo, a partir de 1994.

Faço essa reflexão num momento de maior contato com estudantes universitários de publicidade. Pergunte a um desses jovens se querem trabalhar numa agência de propaganda. Poucos levantarão a mão. Num mundo onde startupers viram estrelas, quem opta pela economia criativa nem sempre coloca as agências no seu radar. E por quê? Talvez seja a atração pelo mundo da tecnologia e do empreendedorismo.

A visão de se montar um império econômico a partir de uma ideia nascida na garagem de casa é forte demais, sexy demais! Mas será que a propaganda, vista da forma mais holística possível, não é capaz de concorrer com essa visão de um mundo em que se pode startar um novo negócio com pouco dinheiro? Talvez sim.

Muita coisa mudou, mas fazer propaganda ainda tem o seu lado sexy. As boas ideias, expressas nas diferentes formas de comunicação, ainda são motivo de admiração. O certo é que nós, publicitários, precisamos nos preocupar com a formação de novos talentos.

Não é fácil ser publicitário nos dias de hoje. Mas pode ser muito prazeroso. E o mundo vai precisar sempre de gente criativa para fazer os negócios girarem. Não importa a forma com que a comunicação de marketing vai se processar no futuro, mas será preciso gente competente para pilotá-la.

Pedindo licença para vestir o chapéu da Fenapro, estamos agora empenhados nesse esforço motivacional, lançando o FenapróUniversitário 2017. É um concurso voltado a estudantes universitários de publicidade de todo o Brasil.

E o melhor deles vai ganhar uma viagem aos EUA, com direito a participar de um dos eventos mais importantes do universo da criatividade: o Adobe Max. Se você é estudante, pai/mãe de um (a) ou se conhece um (a), nos ajude a divulgar.

O regulamento está no www.fenaprouniversitario.org.br. É mais um esforço para o aumento de interesse na nossa profissão. É daí que virão os novos talentos que tanto precisamos.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)