Os livros escolares ainda não registram. Nos portais todos que tratam da educação, muito especialmente das crianças, a explicação é a mesma há dezenas de ano e sobre a biosfera – conjunto dos ecossistemas formada por três tipos de ambientes primordiais: a hidrosfera, a atmosfera e a litosfera. O 4º ambiente ainda não merece registro e muito menos ensino. Deveria.

Segundo os livros e os professores, a hidrosfera é aquela camada da Terra formada por água. Cobre 70% da superfície do planeta, somando-se oceanos, rios, lagos, aquíferos e geleiros. Já a atmosfera tem no ar seu componente principal, em que predominam o oxigênio e o nitrogênio. Organiza-se em camadas, a partir da superfície da Terra: troposfera, estratosfera, mesosfera e termosfera.

E a litosfera, que pontifica pelas rochas e pelo solo. Também conhecida como crosta terrestre. Formada por mineralógicos com características ígneas, sedimentares e metamórficas, do mais alto das montanhas ao mais fundo das fossas marinhas e suportando-se nas placas tectônicas. E o 4º ambiente? Aquele que decorre de um homem que ressurge?

Eclode há poucos anos; ganha expressão com o advento da tecnologia; revela a semente microchip, em 1971; enraíza e brota nas duas décadas seguintes; e agora rasga o solo e se apresenta. Nem nasce, nem renasce, ressurge e em anexo a seu criador. Nem obra da natureza, para os agnósticos como eu, nem fruto de Deus, para os crentes como a maioria.

Produto do homem. Da história, da evolução, da cultura, do amadurecimento, da sabedoria. O 4º ambiente da biosfera, ao lado da hidro da atmo, e da litos, é a digis, a digisfera. Se os outros ambientes remetem ao início dos tempos, o 4º mal abre os olhos. Mesmo último, é o primeiro de autoria do homem.

Se nos outros três que nos foram dados procedemos de forma egoísta, equivocada, medíocre, predatória, neste é nosso dever cuidar; para que floresça e prospere, referenciando-se na sabedoria da natureza e jamais na ignorância, egoísmo e estupidez com que tratamos os a nós confiados. Assim, deveria ser ensinado nas escolas. Ao se falar da biosfera e, agora, de seus quatro ambientes.

Mas, por enquanto, nos divertimos com a digisfera, como se fosse mais um brinquedinho. Aprontando, fazendo bullying, exagerando, torcendo os fatos e a verdade, mentindo, na ilusão de um suposto e absoluto anonimato. Se enquanto só três ambientes, a verdade pontificava, a partir do 4º e nas primeiras duas décadas a pós-verdade prevalece. No Brasil e nos Estados Unidos, nas últimas eleições, definiu o resultado.

Sendo assim, e já que o 4º, ambiente é uma realidade definitiva, nada como torná-lo matéria obrigatória no ensino básico. Em vez de nos iludirmos com filtros, compliances, autorregulações e curadorias – medidas paliativas e procrastinadoras, nem mesmo placebos –, melhor partir direto para a educação. Fazer o que não fizemos – ou fizemos mal e precariamente – com nossas crianças – as nossas e as de nossos pais e avós – nós –, no correr de décadas, e no tocante a moral, ética e honestidade, aos bons costumes, à civilidade e à cidadania.

Mais que um eventual e novo renascimento, vivemos o ressurgimento! Finalmente a jornada do ser humano na face da Terra começa seu segundo capítulo. O homem – nós – pariu, em e ao ressurgir, o primeiro ambiente de sua autoria. O 4º da biosfera. Bem-vinda, digisfera!

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing