Sempre no início do terceiro trimestre de cada ano eu costumo escrever um artigo relacionado ao movimento usual desse período, caracterizado pelo planejamento do ano seguinte. É o período que junta o estresse do fechamento do ano àquele de tentar vislumbrar o seguinte.

Quanto ao fechamento de 2017, a expressão dominante é ufa! Conseguimos chegar ao seu fim! O ano de 2017 – aliás, o biênio 2016/2017 – ficará marcado como um dos mais desafiantes da história do Brasil.

Foi um biênio darwiniano, obrigando empresas a se reinventar, se readaptar para sobreviver. Para muitas, esse processo foi de downsizing, reduzindo número de pessoas e de espaços.

Para outras, foi um momento de revisão de modelo de atuação, de formatar parcerias, de repensamento em geral. O fato é que uma luz – ainda que tímida – surge no fim do túnel.

A macroeconomia apresenta números alvissareiros: inflação sob controle (e ainda em queda), juros igualmente em queda, PIB crescendo, balança comercial positiva, dólar comportado…

Enfim, tirando as mazelas da política – essa sim, ainda gerando notícias ruins todos os dias –, as perspectivas começam a apresentar melhoras mais substanciais.

Não temos um horizonte cor-de-rosa, mas as nuvens negras começam a se dissipar. E é com esse panorama que você vai começar a planejar o seu 2018. Do lado das empresas, fica a dúvida entre adotar uma atitude mais otimista, com um consequente destravamento de recursos e desengavetamento de projetos, ou continuar com um pé atrás.

Espera-se que a melhora do humor do mercado traga mais confiança e ousadia às empresas. Se as empresas sinalizam uma atitude mais positiva, com mais investimento, todo o mercado se anima e podemos vivenciar um círculo virtuoso em 2018.

Alguns dirão: mas é ano de eleições! De fato, o Brasil passará por um processo muito importante em 2018 no campo político. E é claro que esse processo influencia o país, como um todo. Mas é interessante observar o descolamento da política com os negócios. Parece que caiu a ficha de que, se ficarmos todos esperando a depuração da política e uma moralização desse setor, ficaremos imóveis por um bom tempo.

E o mercado não pode esperar. Por outro lado, vemos movimentos empresariais proativos, no campo da política, procurando contribuir de alguma maneira com a melhora do quadro de representantes no Congresso.

Um bom exemplo é o Renova BR, que pretende selecionar 150 candidatos e destinar recursos para uma melhor qualificação de futuros parlamentares. Mas, independentemente desses movimentos empresariais, o fato é que temos tudo para prever um ano melhor, depois de um longo período de depressão.

Quanto às agências e prestadores de serviços de marketing, julgo necessária uma postura igualmente proativa, apresentando-se aos clientes de forma mais engajada e alinhada com a busca por resultados.

O longo período de recessão exigiu de todos uma profunda revisão de modelo de negócios, com mudanças expressivas no relacionamento cliente-agência.

Os que superaram essa tempestade de vacas magras devem sair fortalecidos e prontos para finalmente vivenciar uma certa bonança em 2018. Ainda não dá para soltar fogos, mas a recuperação é consistente, na visão da maioria dos economistas.

Portanto, esperamos todos que, ao planejar 2018, prepondere um espírito de retomada e que estejamos todos de mãos dadas na recuperação econômica do nosso país.

Que este último trimestre de 2017 seja o momento de deixar para trás o receio, a desesperança e a impotência. Termino este texto com a sensação de ter resvalado para campo da pieguice e do ufanismo. Se exagerei, me perdoe.

É esse desejo incontrolável por melhores dias. Como diria Victor Hugo, “Nada é mais poderoso que uma ideia cujo tempo chegou.”

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências
de Propaganda) alexis@fenapro.org.br