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Numa semana em que Fabio Fernandes deixou a F/Nazca e Sergio Amado se aposentou, é impossível não refletir sobre o a atual momento da publicidade brasileira. As agências estão mais criativas? As marcas mais responsáveis? Questões de difíceis respostas, mas com a proximidade de uma data como o Dia dos Pais, vale observar como as campanhas estão retratando a figura paterna em suas ações.

Afinal, conforme o Google revelou recentemente, a maioria dos pais não se sente totalmente representada pelas campanhas publicitárias. Somente 35% se identificam com a imagem projetada. O maior desafio é abandonar a já velha imagem do provedor que ocupa um papel de coadjuvante na criação dos seus filhos. Além disso, é preciso incorporar a noção do pai protagonista, cuidador e presente no cotidiano de suas casas. Isso se alinha a um debate que ganha cada vez mais força: a nova masculinidade, menos tóxica e que busca maior igualdade entre os gêneros. As campanhas contemporâneas refletem esse desejo.

O Boticário

Antes, a marca de cosméticos apostava no humor e exibia uma vendedora bem assanhada em sua propaganda dos anos 90.

Em 2019, a marca convidou Marcos Piangers, escritor do best seller O Papai é Pop. Piangers já falou diversas vezes sobre como o abandono de seu pai influenciou em sua missão de carreira.

A campanha, criada pela W3haus, busca estimular pais e filhos a reconhecerem a importância dessa relação, passando mais momentos juntos – ensinando e aprendendo um com o outro. O vídeo manifesto mostra imagens de Piangers com suas filhas.

Johnnie Walker

No passado, a marca oferecia uma embalagem personalizada para os Pais. O consumidor poderia personalizar o rótulo da garrafa.

Reprodução

Este ano, a marca da Diageo, em parceria com a CP+B Brasil, convida o público a refletir sobre as mudanças na paternidade que já aconteceram e as que ainda estão por vir. Além disso, quando se trata de embalagem, a marca foi além e resolveu fazer uma releitura da famosa caixa de ferramentas.

Itaú

Combine a voz do saudoso Paulo Goulart, a criação de Nizan Guanaes e Marcello Serpa e uma atuação comovente de Thomas Roth. Pronto, estava criado um dos clássicos da propaganda brasileira.

Apesar de histórico, o filme acima ainda continha alguns “vícios” da época, como o papel do pai na criação e as preocupações com a “forma” da esposa. Em 2019, a marca mostra que entender e abraçar todas as buscas que os pais fazem em relação a seus filhos – e a importância da paternidade em suas vidas – é o mais importante. Criação é da Africa.

Brahma

Qual a coisa mais importante que um pai pode fazer além de escolher o time do filho? Começa por estar presente. Afinal, mais de 5,5 milhões de crianças não têm o nome do pai na certidão de nascimento. No Brasil, muitos não têm pai para dar um time.

A campanha de 2019 da marca fala exatamente disso. Criada pela Africa, iniciativa enaltece homens que cresceram sem a figura paterna e fala de um dos temas mais importantes quando o assunto é paternidade: o abandono paternal.

Pernambucanas

Antes, a rede apostava em mostrar as peças com seus devidos preços e aproveitar o filme para vender, como mostra esse singelo comercial de 2003.

No filme de 2019, feito pela J. Walter Thompson, a marca enaltece a emoção dos pais e propõe o desafio: “Quem chora primeiro?”. O filme termina e sabem quantos produtos aparecem na tela com o preço em caixa alta? Zero.