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Muito mais que um slogan de bons princípios, este é o principal mote do festival SXSW ou simplesmente Southby, com dizem os íntimos.

Diferentemente de outros eventos “para um mundo melhor”, este aqui se preocupa menos com política e ideologia (ainda que o fantasmaTrump seja onipresente) e muito mais “como é? me ajude, tô nessa, quero ver, olha aqui, fiz isso, preciso daquilo, topa?, como vamos ganhar dinheiro com isso?”

E no final, sempre gerando valor, fazendo o bem, remunerando os inovadores e investidores, o mundo caminha e certamente para melhor. Aqui é a capital do politicamente correto que dá certo. Ou seja, você respeita todos e todos te respeitam e mais que isso, em vez de brigar com alguém ou algum grupo, eu quero mais é me juntar a eles, aproveitar a diversidade e criar coisas do bem e para o bem, de preferência ganhando (muito) dinheiro .

SXSW na verdade são  grandes eventos em forma de festivais e sessões e uma dezena de outros paralelos, além do fringe promovido pelas empresas em todo o centro de Austin.

Film, Music, Comedy, Gaming e o Interactive, que é o festival mais focado em tecnologia, branding e mídia, que acontecem em espaços de conferências, shows, feiras etc. O Interactive foi o que atraiu o maior número de brasileiros, mais de 1.300 até o inicio da semana e crescendo. Segundo Tracy Mann, a representante do SXSW no Brasil, a delegação brasileira disputa com os britânicos o posto de maior delegação. Tivemos a presença de 68 empresas e palestrantes brasileiros, coordenados pela APEX-Brasil, que fez um bom trabalho, exceto pelo exotismo da taba que montou para ser a exposição do país.

 Job Market, Trade Show, Awards, Lounges, Open parties, Meet ups, enfim, são mais de 1.000 eventos simultâneos acontecendo por todo o downtown de Austin em mais de 50 locais, sem contar os inúmeros bares, restaurantes e casas noturnas do fringe.

Muito conhecimento, muita inspiração, muitos insights e claro, muita bobagem e viagens em densas maioneses.

O que realmente me chamou atenção em toda esta programação foi esta procura evangélica por um mundo melhor e a certeza de que conseguiremos chegar lá.

Imagine que o Interactive é um festival onde a tecnologia manda  e o “busine$$ is king”. Quem você chamaria para a primeira palestra? Talvez um bem sucedido founder que hoje tem ume empresa que vale um bi na bolsa; um investidor que tem outros tantos bi aplicados; um cientista que conseguiu fazer uma Inteligência Artificial  de bolso?

Nada disso, a palestra de abertura do Interactive foi de um jovem senador democrata de New Jersey, Cary Booker.

E sobre o que falou o senador?

Love. Amor.

Ele veio aqui falar para esta plateia de nerds, cientistas, empreendedores e business men sobre o poder do amor e como isso pode mudar o mundo. Este tipo de abordagem, com variações temáticas estava presente em todas as palestras e eventos.

A diferença para uma religião messiânica é que agora é possível, temos tecnologia e condições de conectar todos os adeptos

Tecnologia portanto é para um mundo melhor. Tem que ser, seja um simples app para encontrar sua tartaruga perdida ou para os mais impensáveis usos da Inteligência Artificial, tem que ser para um mundo melhor. Afinal é para isso que estamos aqui, concordam todos, nas palestras, eventos, meet ups e nas ruas.

Tecnologia é o que permite sair do discurso inútil sobre ser bonzinho e ter um aplaudido timeline  no Facebook para realmente fazer a diferença e criar/produzir algo para  o bem das pessoas e de todo o mundo.

#STOPSUCKING  falou com simplicidade o executivo da Dell quando foi perguntado sobre como partir do discurso  para o ativismo. Pois é, sem mimimi, sem falatório inútil, sem patrulhamento, Stopsucking e vai lá: faz, altera; cria; melhora. A tecnologia te permite isso. Não só permite, mas te recompensa. Se você criar e produzir algo novo e útil, certamente vai ganhar muito dinheiro.

E aí chegamos ao empreendedorismo.

Praticamente 100% do que está aqui, nasceu ou floresceu graças a uma cultura de empreendedorismo que é tipicamente americana, mas que agora é uma atitude de todo o mundo, principalmente por conta da tecnologia, disponível, barata, acessível e compartilhada. Não há limites para a criação e o empreendedorismo.

O segredo está em conhecer bem o problema, criar a solução e encontrar bons parceiros e investidores.  Ninguém empreende nada de sucesso se não solucionar algum problema ou criar uma vantagem que antes não existia, geralmente de uma forma mais simples e custando menos.

A solução sempre estará ancorada na tecnologia, já existente ou a ser criada, o que torna imprescindível a formação de parcerias com os melhores de cada área.

E finalmente, é preciso ir a mercado, provar que a ideia é boa e vai dar retorno. O que vai nos trazer investidores que irão acelerar o processo de implantação da idéia.

Por aqui, estes 2 elementos do empreendedorismo se encontram prioritariamente nas universidades que tem a capacidade de juntar os produtores de conhecimento (os inovadores) e os investidores.

 Em todas elas foram criados espaços físicos e institucionais para que os alunos (e não só eles) possam desenvolver suas iniciativas, serem mentorados e possam receber a atenção dos investidores. Muito comumente, a própria universidade participa do funding e se associa às empresas que ajudou a criar.

 Assim como já fizemos em Cannes, é muito importante vir para um evento como este como forma de, inicialmente, nos darmos conta de quanto estamos fora da mesa onde se jogam os principais lances da moderna economia tecnológica e compartilhada. E a seguir, aprendermos a jogar e trazer os benefícios para cá.

Por um Brasil melhor, por um mundo melhor!

 Emmanuel Publio Dias é professor da ESPM e coordenador do projeto Young Lions no Brasil