“A crise que enfrentamos é a mais grave de nossa história. Não quero assustá-los, mas motivá-los a sair dela”. Com esse discurso o presidente Michel Temer abriu, na manhã desta sexta-feira (30), em São Paulo, a sequência de palestras do Exame Fórum, evento promovido pela revista Exame, da Editora Abril, que visa debater com especialistas o novo cenário político e econômico do Brasil.

Alê Oliveira

Durante o evento, Temer disse que não vai governar olhando para trás – apesar de, por inúmeras vezes, ter reafirmado que não tem culpa na atual crise. “É preciso recolocar o Brasil nos trilhos. O país precisa olhar para frente e não para trás. Tudo isso indica que temos de avançar com segurança porque o Brasil tem pressa”, ressaltou.

O presidente da Editora Abril, Walter Longo, disse que, sim, é dever dos líderes implementar as mudanças necessárias para que o país volte a se desenvolver, mas destacou o papel da imprensa nesse processo. “Cabe aos líderes desse país conscientizar a população sobre a gravidade da situação. Nesse ponto a mídia tem papel importante de cobrar e traduzir para os leitores a realidade como é”, discursou.

O executivo reforçou, ainda, que o mercado precisa voltar a ter ambição. “Com a crise os empresários baixaram a ambição e pensaram apenas na sobrevivência. Está na hora de voltar a ter aspirações. É preciso ter uma postura inovadora. Fazer diferente para fazer diferença, com uma alma estratégica e exponencial”, afirmou.

Plano

O presidente Michel Temer afirmou que o plano para conter a crise existe e, inclusive, os investidores estrangeiros já recuperaram a confiança no Brasil. “O rumo para e reconstrução do país já foi traçado. Faremos juntos a travessia para um país mais justo, mais moderno e mais próspero”, exaltou. “Estamos tomando medidas ousadas. Que podem ser mal compreendidas no primeiro momento”, acrescentou. 

Para Christopher Garman, chefe de pesquisa para mercados emergentes da consultoria Eurasia, o momento de fato inspira confiança, mas com ressalvas.  “Fica claro que nos próximos dois meses o governo tem condições de cumprir uma agenda ousada. Mas ano que vem os desafios devem crescer. Estaremos mais próximos de 2018, das próximas eleições, e pode haver um risco de complacência. O congresso não estando mais à beira do abismo gera um menor senso de urgência como consequência”, opinou.