Alê Oliveira

Sempre me perguntam qual é a melhor ideia que eu já tive na vida. E eu respondo sem pestanejar: a melhor ideia que eu já tive foi vir para São Paulo.

Como bem disse Gil “A Bahia me deu régua e compasso”, mas São Paulo me deu todo espaço e toda oportunidade para usar minha régua e meu compasso.

Com todo respeito aos demais estados da Federação, vejo o quanto penam os meus colegas de profissão, ou de outras profissões, para exercerem plenamente os seus talentos nos lugares onde nasceram.

Claro, não é uma troca simples. Tive de deixar minha família, meus irmãos, meus amigos de infância, para viver um sonho profissional. Mas, certamente, eu não seria o Nizan se eu não tivesse saído da Bahia.

Assim como tenho certeza que Marcello Serpa, Fábio Fernandes, Ale Gama não teriam chegado onde chegaram se tivessem ficado aonde nasceram.

São Paulo não só recebe as pessoas, como as recebe de braços abertos. A Africa e o Grupo ABC são uma mistura de um monte de “Nizans” que saíram de todos os pontos do país para buscar o sucesso profissional aqui.

E como a concorrência é muito árdua, vencem os melhores em cada ramo. São Paulo coroa o talento sem pedir a certidão de identidade.

Roberto Duailibi veio de Goiás; Mauro Salles, de Pernambuco; e essa moçadinha que está renovando a propaganda brasileira também vem de toda parte do país. Aqui, os melhores se juntam com os melhores.

Como eu sou hipocondríaco, eu vivo no Hospital Sírio-Libanês e adoro perguntar aos médicos que me atendem de onde eles são. São de todos os lugares do país, de tudo quanto é parte do Brasil.

Essa diversidade e excelência fazem São Paulo ser São Paulo. Ser melhor aqui significa que você é o melhor no país. Claro que há um monte de exceção. Toda generalização é burra.

Certamente há setores em que áreas de excelência não estão aqui, mas, em boa parte dos casos, os centros de excelência do Brasil estão em São Paulo.

Gosto também dos valores de São Paulo. Caetano disse que São Paulo não olha para quem sobe ou desce a rampa. É uma cidade de iniciativa privada, que não é chapa branca.

É a cidade da startup. É a cidade cujo imigrante chegou com uma mão na frente e outra atrás e começou tudo a partir de uma barraca de fruta no Mercado Central ou em uma lojica na Rua 25 de Março.

E a partir daí fez um império. Esse ethos de amor ao trabalho, de trabalho duro, faz de São Paulo a capital da iniciativa privada do país.

E ela permitiu que eu trouxesse comigo o meu talento e deu pista para que eu trouxesse o meu sonho.
Sonho de ser um redator premiado. Sonho de ser diretor de criação conhecido mundialmente. Sonho de ter a própria empresa e fazer dela uma das empresas mais importantes e criativas do mundo: a DM9.

São Paulo deu a mim e a Guga Valente não só a chance de sonhar grande, mas, principalmente, de realizar grande. E não paramos por aí. Continuamos sonhando.

Sonhamos em construir um dos maiores grupos de comunicação do mundo: o Grupo ABC. E fizemos de novo.

Mais uma vez, São Paulo criou as condições para que esse sonho grande fosse sonhado.

São Paulo me deu praticamente tudo o que é de mais importante em minha vida. Ela me deu meu filho, o palmeirense Antonio Silveira Guanaes; minha mulher, a corintiana Maria Donata Meirelles.

São Paulo me apresentou pessoas que foram os sócios dos meus sonhos. Como Affonso Serra e Tomás Lorente, que não estão mais aqui, mas que viverão em meu coração a vida inteira.

Foi em São Paulo que eu conheci Paulo Queiroz, Alcir Leite, o baiano Sergio Gordilho, Márcio Santoro, Luiz Fernando Vieira, Guto Cappio, Eco Moliterno. Enfim, um monte de companheiros de sonho e de voo.

Também em São Paulo, conheci concorrentes competentes e ferozes, que me desafiaram e me tiraram da minha zona de conforto.

Certas horas eu perdi, certas horas eu ganhei, mas em todas as horas eu cresci.

Aos 57 anos, São Paulo me desafia a aprender e a me renovar. A cidade não para e não me deixa parar. Eu gosto disso, é isso que faz dela uma das cidades mais interessantes e de maior energia no mundo.

Tenho muito orgulho de ser baiano, mas agradeço todos os dias à grande ideia que tive de vir para São Paulo.

Sou paulistano, só que, em vez de ter nascido no hospital, em uma maternidade, nasci na rodoviária de São Paulo.

Como tenho certeza que agora, no aeroporto ou em uma rodoviária, nascem milhares de novos paulistanos nesse exato momento em que escrevo.

Nizan Guanaes é sócio e fundador do Grupo ABC