Poucos brasileiros adultos (e muitos ainda crianças) não terão ouvido, lido e até mesmo pronunciado a frase lapidar que a muitos envergonha, conforme o contexto em que é empregada: “O Brasil é o país do Carnaval”.

Neste editorial, ela representa a última barragem que temos pela frente para, uma vez superada, acelerar nosso processo de retomada.

O novo país que está surgindo, na verdade o país de sempre, deitado eternamente em berço esplêndido, mas que costuma se erguer diante de graves crises e recuperar o tempo perdido.

Esse quadro, que se repete desde 1500, apresenta-nos mais uma nova versão neste ano que mal começou, mas já promete ser de nova recuperação nacional. As dificuldades enfrentadas nestes últimos dois, três anos, provavelmente, não encontram similar em nossa história, muito mais pela reação dos brasileiros, na grande maioria, que já não aguentam mais o país vilipendiado, aliados às instituições que desta feita têm dado um exemplo de amor à pátria e respeito às leis, como provavelmente jamais foi visto em nossos 518 anos a serem completados em abril.

Claro, há exceções, há a tergiversação da Suprema Corte diante de casos cujo veredito deveria ser manso e pacífico, diante da profusão de julgados anteriores semelhantes. Até mesmo a questão da prisão em Segunda Instância provoca desconfiança no público, pois sua aplicação, que deveria até ser automática, consegue derivar segundo a cor do cristal com que se olha, segundo definição do personagem de ficção dos Pampas, Martin Fierro.

Diante de situações como essa, o povo – que é mais sábio do que pensam os oligarcas – questiona o brocardo de que a lei é igual para todos.

Volta e meia, o Brasil costuma negar o axioma, mas devemos admitir que tem sido cada vez menos. Alguns (poucos) anos atrás, era impossível prevermos que nestes últimos tempos tivéssemos tantos figurões da República condenados e presos, muitos deles até sob o escárnio do aparelho policial encarregado de prisões e conduções coercitivas.

Por tudo isso, pelo aperfeiçoamento das instituições brasileiras, que ainda ficam a desejar se comparadas com países do Primeiro Mundo, mas extremamente avançadas quando a comparação é histórica e com elas mesmas, temos de acreditar que o país avança para um futuro próximo melhor.

A grande ajuda deriva, como sempre ocorre em qualquer lugar do mundo, pela retomada da economia, hoje apresentando números sequer imaginados em meados do ano passado, quando estivemos próximos do caos.

E a economia prosseguirá ajudando e assim tem de ser, pois em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Sim, ainda falta muito pão para os brasileiros, mas o alimento da esperança possui força incalculável, quando se torna palpável se não a todos, ao menos à grande maioria.

O PROPMARK tem reproduzido em suas páginas, cada edição em maior quantidade, cases de sucesso na atividade do marketing, de certa forma quase que desaparecidos em tempos recentes e felizmente já passados.

E a nossa narrativa é mais acentuada quando registra o crescimento da sua maior disciplina, ainda e por muitos anos, a publicidade.

Mudam-se as formas e formatos, muda-se o aparato da mídia, mas não se muda a verdade inegável de que a propaganda prossegue sendo a alma (e o coração) dos negócios, assim no plural para ser mais abrangente e verdadeira a sábia afirmação que permeia a atividade desde tempos imemoriais.

 

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Na presente edição, o leitor encontrará provas incontestes do que acima afirmamos, apesar da força da boa publicidade ter a capacidade de dispensar até a colaboração dos seus defensores. Bem típico de ferramentais que por si só se explicam.

Na matéria abrangendo novidades na criação de duas tradicionais agências criativas do nosso mercado (Ogilvy e AlmapBBDO), percebe-se o atingimento de elogiáveis trabalhos de comunicação, que não apenas convencem à primeira vista, como produzem resultados satisfatórios para os anunciantes.

Sempre haverá maneiras diferentes de se comunicar com o consumidor e esse é um dos desafios das mentes brilhantes que são responsáveis pelas primeiras colocações do Brasil nos rankings mundiais da atividade publicitária, com realce para o quesito… criatividade.

Graças a esses trabalhos que produzem excelentes performances de consumo, a economia também melhora. Se mais empresas se transformarem em anunciantes no mercado brasileiro e se mais anunciantes voltarem a acreditar na propaganda como uma das mais importantes ferramentas de vendas, o grande objeto do desejo de todos os brasileiros, que é o fim da crise, será alcançado e desfrutado mais cedo do que imaginávamos.

 

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Este Editorial é em homenagem ao sempre homenageado Steven Spielberg, pela direção do emocionante longa The Post, que recomendamos ao público em geral, mas em especial a todos os jornalistas.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).