Existe vida em algum canto do mundo em que as pessoas não sejam multimídia, multiplataforma e hiperconectadas? A resposta obviamente é não. Um universo de diferentes mídias, blogs, apps e ferramentas digitais surge a cada momento, da noite para o dia. Isso quando já imaginávamos que nada mais de grande impacto ainda pudesse ser inventado. Só que não! O desafio atual é compreender o que mudou.

Perceber todo esse movimento e, de preferência, antecipar tendências tem sido um exercício e tanto na minha vida. Lembro como se fosse hoje, mas na verdade lá se vão oito anos, quando comecei a observar o movimento do Facebook. Tive um forte pressentimento de que nada mais seria igual no setor da comunicação e que minha vida profissional passaria por uma reviravolta.

Logo depois disso as mudanças começaram a acontecer muito mais rápido do que conseguia manejar. Não por falta de visão, vontade e ação.  Mas bati de frente com o maior empecilho para acompanhar as transformações que chegavam: mudar a cultura das equipes que liderava como gestora de agência e dos próprios clientes que sempre pediam as mesmas coisas. Para a maioria deles, as mudanças eram confusas e muito cedo para pensar.

Estava vendo um ciclo da minha vida se repetir. Lembrei quando era repórter de redação de um jornal, e tive de trocar, de um dia para o outro, a minha velha companheira máquina de escrever por um computador. Foi um dos piores dias da minha vida. Me recordo também de chamar alguém da família para me buscar no trabalho, já que me sentia enjoada e com dor no estômago com a chegada daquele monstro de tela verde. Sua configuração era quase impossível de se absorver, isso para mim, uma simples mortal nascida na década de 1960.

Mas como repetir erros é perda de tempo e nada inteligente, descobri muito cedo que só me adaptando e enfrentando com mente aberta, coragem e muita motivação os desafios da era digital, seria possível manter-se viva e saudável diante de um mundo em que “dar a notícia” não é mais novidade, e sim, como dar e em qual canal?

Tudo isso é apenas para dizer que praticamente tudo mudou na forma de se comunicar com o consumidor ou seja lá que público for. Isso não significa que as empresas estão prontas para inovar em sua comunicação. Ainda existe um espaço bem generoso entre o que se pode ver e o que se quer acreditar. As dificuldades em aprovar novas estratégias e seus orçamentos é ainda desafiador. Pensar igual ainda continua sendo um exercício que engana bem para muitos empresários preocupados tão somente com o percentual de crescimento de suas vendas.

Mas o que, afinal, mudou?

Já sabemos que a comunicação de empresas e marcas não depende mais do time do Marketing. As pessoas vão falar da sua empresa, seus produtos e serviços, queira você ou não. Inclusive, alguém pode querer falar da sua marca em um canal chamado Reclame Aqui! Já ouviu falar?  O uso da internet, da tecnologia móvel e das redes sociais mudaram a forma de se comunicar para o resto da vida da galáxia. Fato! Não perca mais tempo querendo achar fórmulas mágicas de posicionamento.

É impossível as empresas continuarem a vender produtos em seus comerciais com atores perfeitos. As pessoas querem cases reais.  Outras sobrevivem com suas redes sem conteúdo relevante, para desencargo de consciência. Sabe aquele pretinho básico que não encanta mais?  Assim são suas redes e forma de se comunicar. E o site? Sem história, sem emoção, sem verdades e um design que dói nas retinas.

Consegue imaginar que milhares de empresas nem lançaram ainda um SAC? Adivinha onde seus consumidores vão te procurar e reclamar? Sem falar que algumas empresas têm SAC, mas colocam uma pessoa para atender que nem sabe porque veio à vida. Em plena era da indústria 4.0, tem gente ainda achando que 0800 é o must!

E agora eu dou a grande notícia para dezenas de jovens que me procuram, geralmente filhos de grandes amigos, ansiosos para ingressarem em uma faculdade de jornalismo, mas desanimados com o fim de tantas mídias impressas. Pois bem, as mídias se multiplicaram e com elas muito mais a desinformação do que a verdade.

Somente uma agência de comunicação com parceiros especializados em todas as frentes – PR, Publicidade, Produtoras de vídeos e Marketing Digital pode garantir o desenvolvimento de um trabalho estratégico voltado 100% para o propósito da marca. Inteligência para comunicar não pode ser feita por qualquer um, por qualquer departamento sob qualquer pretexto, apenas para dizer que tem. Uma única palavra, ou imagem usada sem estratégia pode matar sua marca em questões de dias.

Querer resultados instantâneos é outra roubada. Comunicação estratégica precisa de tempo. O seu público-alvo não conseguirá por milagre se envolver com sua marca com apenas uma ação isolada. Hoje, não adianta mais apostar em uma só frente. Você não pode mais optar entre ter uma agência de PR, ou uma de publicidade, ou uma de publicidade ou de marketing digital.  Reduzir custos é preciso, mas não da maneira como o mercado tem feito nos últimos anos, dedicando migalhas justamente para quem tem a competência de destruir as Fake News e traduzir histórias e emoções.

Se for para fazer, faça bem feito! Crédito de imagem e reputação se constrói aos poucos, com dedicação, análise, conhecimento, criatividade e principalmente com verdades. Qual é a sua verdadeira história? Quem e como vão conta-la? Pense nisso!

Damaris Lago é diretora presidente da agência AtitudeCom