Diferentemente da grande maioria dos jovens empreendedores de sucesso do digital, Uri Levine (Waze) fala. Fala, posiciona-se e abre o jogo. Frequentador relativamente assíduo do Brasil, já concedeu entrevistas para Folha, Época Negócios, IstoÉ, Pequenas Empresas e Grandes Negócios e outras plataformas de comunicação. Continua na estrada. Depois de criar, decolar e vender o Waze para o Google, com seus parceiros Ehud Shabtai e Amir Shinar, mais investidores, por US$ 1 bi, saiu pelo mundo escancarando suas experiências e aprendizados e investindo em novas startups (num total de dez, por enquanto).

É bom de papo. É bom de traduzir suas práticas em aprendizados e lições. É generoso no compartilhamento do muito que aprendeu investindo energia, dinheiro e tempo. Separei alguns de seus ensinamentos. Vamos a eles:

1 – “Não sobrevivo em grandes organizações e não me adapto a essa cultura. Não me dou bem com pessoas que fazem drama e gostam de se vitimizar. Conformistas, então, quero distância. Ou seja, não me vejo em hipótese alguma numa grande organização, mesmo que essa grande organização seja o Google, uma das melhores empresas do mundo. Por isso que, diferentemente de meus sócios, não continuei após a venda”;

2 – “A ideia de dar informações sobre o trânsito em tempo real foi minha, mas isso é absolutamente irrelevante. Ideia boa todo mundo tem. Viabilizar é o que importa. A arte mais difícil da jornada continua sendo a execução”;

3 – “A mágica do Waze é que os mapas, informações do trânsito, alertas e todo o conteúdo exibido para os motoristas são gerados pelos próprios motoristas”;

4 – “Três fatores fazem de Israel um dos melhores lugares do planeta para se abrir uma startup. O primeiro é que lá todos são obrigados a servir o Exército. E isso cria uma cultura de pragmatismo diante de desafios e problemas. O segundo, a grande tolerância que temos pelo fracasso. Aprendemos que o segundo empreendimento tem cinco vezes mais chances de dar certo do que o primeiro. E o terceiro é um ecossistema que dá suporte ao empreendedor. Quem começa uma startup em Israel tem apoio do governo, do sistema tributário, das leis, dos investidores, da mídia”;

5 – “Os automóveis, tal como os conhecemos, estão com os dias contados. A próxima revolução é a dos carros autônomos. Poderemos dispor de um a qualquer momento, lugar situação. Quase como acionar uma varinha mágica. Perderá sentido ter um carro. Todos compraremos milhas ou horas de uso e não o veículo”;

6 – “Esqueça a solução. Concentre-se nos problemas. Problemas o suficientemente grandes para merecerem uma solução. Apaixone-se pelo problema, mergulhe no problema e, em algum momento, emergirá com uma grande solução”;

7 – “Não tenha medo de falhar, mas cometa os erros o mais rápido possível”;

8 – “Tem foco quem sabe e é capaz de dizer não”;

9 – “Disrupção não decorre da tecnologia, mas da cabeça de pessoas que ousam desafiar situações de equilíbrio. É saber quem você vai “disruptar” se sua ideia der certo. Se você não sabe responder a essa questão, muito provavelmente seu desafio não seja o suficientemente grande”.

É isso amigos. Dentre os pensadores do Admirável Mundo Novo, Uri Levine é um dos que mais tem escancarado seus aprendizados e oferecidos relevantes contribuições para os que pretendem chegar lá. Se é esse o seu caso, incorpore essas sábias e iluminadas palavras ao seu comportamento. Agora.