No mercado de agronegócios há 20 anos, completados no fim do ano passado, o Canal Rural agora se prepara para expandir sua atuação nos grandes centros urbanos. 

Segundo Júlio Cargnino, que acaba de assumir a presidência da emissora, a empresa tem voltado seu olhar para o público além do campo. Donário Lopes de Almeida, que esteve no comando por dez anos, torna-se conselheiro para assuntos estratégicos.

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“Estamos mudando o foco, construindo o Canal Rural do futuro, mais orientado no digital. A conectividade no campo já é realidade. Queremos oferecer novas oportunidades de transmissão de conteúdo”, destaca Cargnino.

Segundo o executivo, o modelo de distribuição da emissora hoje é majoritariamente via satélite e parabólica, daí a necessidade de complementar a operação com outras plataformas. Diversificar a distribuição também faz parte da estratégia de se atingir novas audiências por meio de conteúdos no mobile e serviços de streaming, como a recente parceria com o Netflix para a veiculação da série Na Estrada.

O documentário, no estilo reality show, mostra como é o dia a dia dos caminhoneiros que percorrem as principais rodovias do país cuidando do transporte de cargas vivas e de commodities como soja e milho.

A atração, sobre os dilemas familiares, questões de segurança e outros assuntos, tem 13 capítulos e em breve estará disponível para os assinantes da plataforma de vídeos via internet. “Já somos referência em fornecer informações de mercado para o agronegócio, mas a temática precisa ser apresentada para um público mais amplo. A negociação com Netflix vai nos ajudar a distribuir conteúdo para o público urbano”, ressalta o executivo.

Outra iniciativa de conteúdo pensado para o digital é Sol a Pino, primeira série de ficção produzida pelo Canal Rural. A produção está sendo feita em parceria com a Scriptonita Films, com criação e produção de Luca Paiva Mello, responsável por projetos como O Negócio (HBO) e Mothern (GNT); Renato Modesto, autor e colaborador de novelas na Rede Globo e Record; e Roberto Martha, ex-diretor de produção da Discovery.

“O argumento está pronto. Já foi aprovado na Ancine e SP Cine para captação de recursos. Agora estamos apresentando para empresas e para rodar ainda este ano e exibir em 2018”, explica Cargnino.

A distribuição será feita no Canal Rural e em plataformas de streaming como o Netflix.
“Chegamos ao formato de ficção porque não há melhor abordagem para o agro do que a emoção. Queremos abordar em profundidade o caráter dos personagens, resgatando a riqueza do campo. No documentário, não atingiríamos um universo tão diverso”.

Para completar a estratégia de atingir novos públicos, a emissora tem projetos de conteúdo em parceria com canais especializados na cobertura de agro que operam em outros países na América Latina.

Desde 2014, o Canal Rural integra a rede Agrotendência TV, canal de TV paga que veicula conteúdo de 12 países, entre eles, Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela. Por enquanto, as atrações são próprias e independentes, mas a partir de agora a ideia é se aproximar desses canais para propor projetos em parceria.

“A ideia é internacionalizar conteúdos brasileiros na América Latina, fortalecendo não só essa rede, mas o agronegócio brasileiro”, destaca Cargnino.

Associadas às novas estratégias, a emissora prevê ações presenciais com seu time de especialistas e apresentadores.

O objetivo é manter a proximidade com seu público, que já é cativo. O projeto Connect será lançado no mês que vem e promete levar o casting do Canal Rural em fóruns e debates em todo o Brasil.

“Nossos agronômos, veterinários e economistas, entre outros, são verdadeiros influenciadores digitais do segmento. Vamos fornecê-los para produção de conteúdo. Serão palestras gratuitas financiadas por patrocinadores”, finaliza o executivo.