A Musickeria nasceu há cinco anos pelas mãos dos empresários Luiz Calainho, Flávio Pinheiro e Afonso Carvalho para ser uma espécie de gravadora do futuro, posicionando a música como plataforma e alicerce para fortalecer marcas e personalidades. Nos últimos dois anos, a empresa encontrou sua maior força, ao criar a divisão Musickeria Corp e passar a estabelecer parcerias com anunciantes e agências de publicidade para criar e promover conteúdos e plataformas de cultura e entretenimento para marcas. 

2015 talvez tenha sido, por isso mesmo, o ano da empresa, com faturamento quatro vezes maior que o de 2014. A previsão deste ano é triplicar o faturamento do ano passado. Calainho conta que há 27 briefings em análise e, no último mês, a empresa contratou 12 profissionais. A grande revolução por trás do sucesso está, segundo Calainho, no conteúdo.

“O mundo do conteúdo, de uma maneira geral, está cada vez mais valorizado enquanto forma de posicionamento para marcas. É verdade que há um movimento de encolhimento das verbas, mas quem transaciona com conteúdo de alta excelência e, ao mesmo tempo, sabe lidar com os grandes anunciantes de maneira a oferecer de fato resultado de visibilidade vai surfar numa onda imensa, na qual temos surfado”, afirma Calainho.

Divulgação

Perceber movimentos inovadores e tendências faz parte da história profissional do executivo, obsessão que diz ter absorvido de Jorge Paulo Lehmann desde os tempos de AmBev, quando gerenciou o marketing da marca Skol. Por sinal, uma das vantagens da Musickeria para lidar com o universo das marcas é justamente a experiência dos seus sócios. Depois de sair da AmBev, Calainho trabalhou durante dez anos na Sony Music, a maior gravadora do país, e de lá para cá nunca mais se desconectou das áreas de música e entretenimento.

A Musickeria foi pensada como uma empresa em que a música fosse o veículo de comunicação. Seu posicionamento hoje é Music Storyteller.

Entre os primeiros grandes cases da área está a campanha para a Gillette Venus Brasil, que uniu as cantoras Ivete Sangalo e Claudia Leitte para lançar uma música que virou sucesso no Carnaval de 2014 e incluiu inúmeras ações. O projeto inicial foi realizado com a Africa e reeditado, em 2015, com o envolvimento da Grey.

“Foi como lançar uma música nova de uma banda famosa. Eram duetos inéditos de duas cantoras importantes. Tratamos como singles a serem trabalhados em todas as plataformas. Na segunda edição, nosso envolvimento foi ainda mais abrangente: criamos a música, no lugar de apenas promovê-la”, conta Flávio Pinheiro, sócio da Musickeria.

Em 2015, surgiu outro grande case da área corporativa da Musickeria, dessa vez para a Africa, que havia comprado os direitos da música Exagerado, de Cazuza, para seu cliente Vivo. A agência convidou a Musickeria para bolar um plano para elaborar uma ação transmídia, que culminaria com o lançamento de um filme no Dia dos Namorados.

O hit acabou sendo regravado com a voz original de Cazuza e um novo arranjo, produzido por Liminha e executado por músicos consagrados, gerando buzz e tornando-o um sucesso nas rádios antes mesmo de ser atrelado à campanha do 4G da Vivo. Tudo foi negociado diretamente com a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo. Além disso, a Musickeria bolou uma ação de branded content inusitada: a reconstrução do Circo Voador na praia do Arpoador, durante três dias, promovendo shows e atividades artísticas variadas e a apresentação, em primeira mão, do filme da Vivo com a música. O vídeo publicitário de Exagerado ultrapassou os 30 milhões de views e foi o mais visto do YouTube em 2015.

Samba, musicais e Surfe

Entre os produtos proprietários da Musickeria desde a sua abertura está o Samba Book, que lança em julho sua quinta edição com Jorge Aragão. Os contemplados pelo projeto até hoje foram Zeca Pagodinho, Ivone Lara, Martinho da Vila e João Nogueira. Cada projeto inclui transcrição de partituras do artistas, regravações e produção de faixas inéditas, shows e desdobramento em outros produtos, além de inúmeras ações de marketing para promovê-lo. Por sinal, um produto semelhante foi idealizado pela Musickeria para homenagear os 30 anos do Rock In Rio, no ano passado. Na caixa, CD e DVD com 30 sucessos do festival regravados em versões inéditas por 17 grandes nomes do rock nacional.

O samba acabou trazendo para a casa um case interessante, realizado em parceria com a WMcCann e o Bradesco. Agência e anunciante queriam tangibilizar o posicionamento do Bradesco, Tudo de Bra, e a parceria com a Musickeria resultou em um espetáculo sobre os 100 anos de história do samba, patrocinado pelo Bradesco e estrelado pelo cantor Diogo Nogueira, o SamBra. Foram apresentações no Rio e em São Paulo, com impressionantes resultados de mídia espontânea. O espetáculo foi levado ao palco do último Réveillon de Copacabana. “Foi a primeira vez que um musical fez parte da programação do Réveillon”, afirma Pinheiro.

No pacote estão ainda um portal e o livro SamBra, contando a história do samba, assinado pelo jornalista Hugo Sukman. Pinheiro conta que um dos projetos futuros da Musickeria envolve música e surfe: trata-se de um festival que une o esporte à música.

“O Brasil é campeão mundial, e surfe e música sempre caminharam juntos. Falta no Brasil um grande projeto que una essas duas paixões. O projeto Som & Surf se desdobrará em várias ações: evento, conteúdos, digital, aplicativos. Estamos conversando com marcas que têm relação com surfe e música para viabilizar essa plataforma”, diz Pinheiro.