Desde que chegou ao Brasil em 2011 através da Netflix, a distribuição digital de conteúdo, também conhecida como streaming, sacudiu o mercado de TV por assinatura no país. A facilidade de assistir tudo direto pela internet e não ter de esperar o download do arquivo é o grande sucesso do serviço. Mas, de lá pra cá, diversas outras plataformas surgiram, inclusive, das próprias programadoras de TV por assinatura, que, muitas vezes, oferecem recursos exclusivos para seus assinantes. 

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Para a Globosat, uma das maiores programadoras do país, o desafio agora é entender os contornos do cenário competitivo e usar os diferenciais da companhia para criar novos produtos. “Acho que criamos uma base de produtos, processos e tecnologia que nos posiciona muito bem para o futuro. Neste momento, estamos dando mais um passo, transformando o consumo digital em uma fonte incrível de informações para tomada de decisão. Temos um importante projeto interno de analytics que envolve toda a empresa e tem como base os dados gerados pelos milhões de horas consumidas em nossos produtos digitais. Esse valor do digital como base para decisões começou como um efeito colateral do nosso projeto e está se tornando seu benefício central. Estamos otimistas com as possibilidades”, afirma Gustavo Ramos, diretor de plataformas digitais da Globosat.

Ainda segundo Ramos, a Globosat e a TV Globo criaram uma divisão específica para tratar do OTT (over-the-top). “Há uma enorme energia no grupo ligada à evolução do streaming e a história mostra o sucesso das nossas empreitadas em novos modelos de mídia. Criamos grandes produtos em mídia impressa, em rádio, em TV e na internet. Estamos animadíssimos com o streaming de vídeo”.

Mas, desde que os serviços de streaming de vídeo se popularizaram, o fim da TV por assinatura vem sendo questionado e especulado. “Não acho que o streaming desafie a TV por assinatura. Claro que é um elemento a mais na concorrência pelo tempo do espectador, como também são as redes sociais, os games etc. Mas o que temos visto é que há muito pouca substituição. Os serviços são complementares, até porque no streaming o usuário não tem acesso a uma série de gêneros, como realities, notícias e esportes. A audiência da TV, aliás, vem crescendo, o que mostra que o conteúdo linear continua sendo muito desejado”, revela Alessandra Pontes, vice-presidente de afiliadas da Discovery Networks Brasil.

Diferentemente da Globosat, a Discovery ainda não possui uma plataforma própria de streaming e utiliza as ofertas de TV Everywhere de seus parceiros, como o Net Now e Vivo TV Play, para distribuir seu conteúdo. Segundo a programadora, o grande impacto ocorreu nos custos de produção de conteúdos. “Na medida em que esses provedores entraram com força neste campo, houve uma inflação na produção, sobretudo de ficção. Há coisas que impactam muito mais o nosso setor, como por exemplo a pirataria. Essa, sim, disputa diretamente o assinante, de forma desleal, sem remunerar a cadeia produtiva e sem recolher impostos”, comenta Alessandra.