Se a Geração Z nasceu já acostumada a assistir vídeos na internet, o mesmo não se pode dizer das outras gerações, que cresceram encarando a televisão tradicional. Nos últimos meses, entretanto, o número de pessoas com acesso a serviços OTT (Over The Top) tem aumentado e o que se vê é um público mais democrático e aberto a assistir filmes, séries e outros conteúdos online. Em um cenário global, tem se verificado aumento de assinantes de plataformas como Netflix – muito em razão do maior acesso da população à banda larga e das melhores conexões disponíveis para mobile.

Um relatório recente do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, aponta que a televisão paga, em alguns casos também a aberta, já começa a ser afetada por essa categoria, inclusive com diminuição de audiência em alguns países. No Brasil, após um ano difícil para o setor de Pay TV, que pela primeira vez em dez anos apresentou diminuição na base de assinantes, os OTT não são considerados a causa da queda, mas sim a crise econômica, segundo a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura).

“Para a associação, os serviços OTT são complementares aos de TV paga, tanto que as próprias operadoras e programadoras do setor também contam com opções de VOD. Com relação à redução na base de assinantes de TV paga no Brasil em 2015, de 2,7%, a ABTA avalia que este número é resultado da crise econômica do país – que teve uma redução do PIB próxima de 4%”, declarou a associação em posicionamento enviado ao PROPMARK.

Relatório
Já nos Estados Unidos, o cenário é outro. Segundo o relatório do Instituto Reuteus, as assinaturas de TV paga e de OTT, de 2011 para 2015, mostraram de um lado queda e de outro crescimento, respectivamente: a TV paga caiu, em presença, de 100,9 milhões de domicílios para 97,1 milhões, enquanto o vídeo OTT cresceu, de 28 milhões para 50,3 milhões.

Embora o Brasil não seja destacado no estudo, dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) mostram que, de fato, as assinaturas de TV paga recuaram no ano passado quase 3%: em novembro, as operadoras encerraram com 19,167 milhões de assinantes, enquanto que em julho, a base de assinantes era de 19,638 milhões.

“No Brasil, não está havendo a chamada desconexão voluntária da TV paga, para migrar para outro serviço. Os desligamentos estão ocorrendo em função da crise econômica”, reforça o posicionamento da ABTA.
Atualmente, os dados de assinaturas de serviços OTT não são abertos no Brasil. Por outro lado, a Anatel registrou crescimento na base de assinantes de banda larga fixa, que hoje está na casa dos 25 milhões, ante 24 milhões em junho do ano passado.

Procurada, a Netflix não quis se posicionar sobre o assunto e continua não abrindo os dados regionalmente. Há algumas semanas, no entanto, a empresa anunciu ter ultrapassado o número de 75 milhões de usuários em todo o mundo, impulsionada principalmente por um crescimento ocorrido fora dos Estados Unidos.

Joint Venture
Na semana passada, outro assunto relacionado à TV por assinatura movimentou o mercado brasileiro: a proposta para uma joint venture entre SBT, Record e SBT, que resultaria na empresa Newco e assumiria o papel de programadora para negociar com as operadoras o sinal dos canais abertos na TV paga.

Em agosto do ano passado, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a negociação, mas faltava ainda um parecer da Anatel, que foi divulgado na última semana.
“A Newco poderá assegurar às emissoras envolvidas vantagens competitivas”, dizia o documento. Agora, a aprovação definitiva para a criação do negócio aguarda o julgamento do conselho da Anatel.