Este ano está sendo apontado por muitos como um espaço de tempo a ser esquecido. Mesmo com a esperança de que a economia melhore em breve, parte do mercado está sem segurança para traçar expectativas para 2017.

Alê Oliveira

“O mercado publicitário está diretamente ligado ao cenário macroeconômico. Em consequência disso, as perspectivas para 2017 ainda são muito incertas. Entretanto, a publicidade é um investimento e dentro de uma possibilidade de recuperação econômica é um dos setores a perceber mudanças mais cedo”, explica Pedro Silva, presidente do IVC (Instituto Verificador de Comunicação).

O ano que está se encerrando pode não ter sido dos melhores, mas sempre é possível aprender com as experiências. “O ano de 2016 foi de recessão e este impacto foi direto no mercado publicitário. Nestes períodos, há que haver um balanço entre sobrevivência e investimento em novos produtos e serviços. No IVC, sentimos o impacto da economia, mas investimos bastante em novos produtos e inovações”, afirma Silva.

No próximo ano, a entidade deve dar continuidade a projetos já iniciados, como, por exemplo, a parceria internacional do IVC com o AAM (Alliance for Audited Media), nos Estados Unidos. “Esta parceria estará levando nossa solução tecnológica para mais países, sendo um confirmado e três em fase de testes. Desenvolvemos também a auditoria de OOH, que no próximo ano deve ser exportada para outros países da mesma maneira que nossa tecnologia digital”, comemora Silva.

Alguns executivos de entidades que regularizam o setor, no entanto, preferiram nem se manifestar sobre o próximo ano, já que a crise política e econômica que assola o país torna bem difícil o exercício de futurologia básico. É o caso do Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) e do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

Para mostrar que mesmo em tempos difíceis o melhor é arregaçar as mangas e continuar trabalhando, o Conar fez um levantamento das ações deste ano. Até o fim de novembro, foram realizadas 91 sessões de julgamento do Conselho de Ética, em São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Recife, onde foram julgados 282 processos. Em 38,5% dos casos foi decidido o arquivamento; em 28,7%, pediram a alteração; 18,7%, a sustentação e 14,1%, advertência.

A maioria dos processos (64,8%) foi aberta por denúncia de consumidores; 20,4% por denúncia de empresas associadas e 10,9% por iniciativa do próprio Conar. A área que teve maior número de processos foi a de medicamentos, cosméticos e outros produtos e serviços para saúde (20,4%); seguida por alimentos, sucos e refrigerantes (14,8%); bebidas alcoólicas (10,6%) e veículos, peças e acessórios (9,9%).

Os principais questionamentos às campanhas foram quanto: apresentação verdadeira (39,7%); respeitabilidade (16,8%); cuidados com público infantil (9,6%) e responsabilidade social (7,2%). A internet é o alvo mais comum das denúncias (47,9%), em seguida vem TV (26,8%), mídia exterior (9,9%) e embalagens (6%).