Em aparição surpresa, Elon Musk transformou o terceiro dia da SXSW no domingo no parque e confirmou seu idealismo único para o deleite de milhares de fãs. A sessão extra aconteceu fora do circuito do centro do convenções e mobilizou milhares de participantes que tiveram que acordar cedo e fizeram fila para disputar a entrada no Moody Theater. Sem medo de ser feliz, ele entrou no palco dançando feito Fred Astaire que, segundo ele, é uma de suas inspirações.  Elon Musk é um empreendedor hiperativo e parece incansável na quebra de paradigmas. E este é um dos focos da SXSW que tem em sua programação vários painéis conectados direta ou indiretamente a ele. Tesla, Solar City, SpaceX, OpenAl, Hyperloop, Neuralink e The Boring Company são empresas de sua criação, além de Zip2, x.com e PayPal, que já foram vendidas ou deixaram de existir.

Todas têm algo em comum: solucionar de forma inédita uma necessidade humana e atender ao maior sonho do visionário que é povoar Marte. Pela sua biografia e os vários altos e baixos, já era de se esperar que a verdadeira vocação de Musk não está em reinventar as indústrias automotiva, de mobilidade ou as fontes de energia e commodities mas sim em estudar novas formas de energia limpa, a força de propulsão, deslocamento físico e urbanidade. Seu objetivo é o conhecimento em seu propósito de conquistar o planeta vermelho em nome da perpetuação da humanidade.  

Perguntado sobre como concatena tantas exigências diferentes das empresas no business plan, Musk foi categórico em dizer que “não possui um business plan. Apenas vai fazendo coisas que possam melhorar a vida das pessoas”. E foram muitas as frases de efeito que arrancaram risos e aplausos da plateia. Sobre ser excessivamente detalhista, por vezes até comprometendo prazos, justificou: “para fazer as melhores escolhas você tem que mergulhar, sair do zero”. Sua trajetória astronômica só confirma sua capacidade de enxergar o que ninguém vë, como ele diz “do zero”.

Ainda segundo Musk “a superinteligência tem que coexistir com a humanidade, sem pressão”. E foi assim, muito calmo e se divertindo durante a entrevista que ele passou a impressão de controle total da situação, mesmo com tantas intrigas sofridas, crises na vida afetiva, momentos de credibilidade junto a investidores e as várias situações beirando da falência. Mas tudo isso é só um passado recente. Musk detém uma fortuna de 20,1 bilhões de dólares e ocupa a 53ª. posição entre os mais ricos do mundo, segundo o ranking 2017 da Forbes. No entanto, nada disso parece abalar suas convicções e o jeitão de ser. Com um simples tweet ele ‘furou” de forma espontânea, toda a discrição da organização do festival em torno de sua aparição em Austin, causando uma verdadeira “corrida do ouro” por aqui.

Nos instantes finais, o bate papo terminou de forma surpreendente. Kimbal Musk, seu irmão e sócio em algumas empreitadas, subiu ao palco com um violãozinho e, para delírio da plateia, a dupla cantou uma música de quando eles brincavam de desbravar o espaço. Aclamado pela audiência geek como um novo Steve Jobs, o “lunático” Elon Musk, de origem sul-africana, americano-canadense, parece mesmo ter sido importado de outra dimensão. Questionado sobre como identifica as oportunidades de negócios, encerrou a conversa com um brado de esperança: “eu não busco oportunidades de negócios. Elas surgem conforme vou buscando alternativas para a humanidade”.