O primeiro passo da reorganização da produtora de audiovisual Academia é uma alteração na sua identidade de marca. Ela deixa de usar o sobrenome “de Filmes” após 23 anos, período que produziu mais de sete mil filmes publicitários. A executiva Marcia Lacaze, ex-Lowe e J. Walter Thompson, onde comandou seus respectivos departamentos de RTVC, está à frente da reestruturação. Ela passou os últimos dois anos estudando gestão na Fundação Getúlio Vargas. 

Ainda neste semestre a Academia vai apresentar uma nova logotipia para materializar o seu novo branding. Nesse movimento, a produtora já ocupa um novo espaço no Polo da Indústria Criativa, em São Paulo. A ideia é avançar em novos formatos e ter aderência multiplataforma com os recursos acadêmicos do time. Além do cinema publicitário, o interesse é expandir para a concepção de realities como Batalha Makers Brasil, no Discovery Channel, com Marcelo Tas, com estreia marcada para o próximo dia 28. O documentário SP meu humor, dirigido por Pedro Urizzi, entra na grade do canal Arte 1 em junho.

Marcia enfatiza que a essência do projeto é usar as expertises individuais do grupo para formar um coletivo colaborativo que vai atuar em prol dos projetos confiados pelas agências à Academia. Ela vai usar o seu conhecimento para ativar o elenco de diretores como um lego, ou seja, cada peça será fundamental para a entrega final. Por exemplo, o diretor Pedro Urizzi tem formação de ator em Nova York e depois passou a se interessar pelo que é realizado no behind scenes.

“Ele sabe lidar com ator, então em trabalhos com esse foco pode fazer interferências para agregar valor”, explica Marcia, que também cita o conhecimento de Adriana Yanes, que estudou comunicação, com especialização em documentário, na Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba. “Esse detalhe pode fazer a diferença na escrita. Sabia que a presença de mais palavras interfere no valor de um orçamento? Queremos ser um coletivo para fazer uma entrega melhor. Além disso, a área digital tem necessidade mais fluida e ágil. Toda solução que venha dessa troca coletiva traz frescor à operação”, detalha Marcia.

A dupla Magu, formada pelos diretores Marina Abranches e Gustavo Martins, também embute seu conhecimento acadêmico, assim como Tiago Eva, que gosta de liderar sets, mas também editar seus trabalhos.

“O ambiente multiplataforma ajuda nas soluções. Por exemplo, uma ideia pode resolver questões financeiras. Quando estava na J. Walter Thompson já havia uma grande pressão por custos menores. Os grandes budgets simplesmente desapareceram. Uma diária a menos faz a diferença em um orçamento. Com diretores jovens e multitasks a tendência é o crescimento”, observa Marcia.

Outra base é a colaboratividade para os criativos das agências. “Quando um roteiro é viabilizado após longo tempo em discussão, a agência agradece. Todo mundo quer roteiros rápidos, baratos e ágeis”, finaliza Marcia.