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Um acidente envolvendo a produtora Silhueta e o banco Itaú levantou o debate sobre segurança e condições precárias de trabalho entre os profissionais de áudio e vídeo. Durante as filmagens de uma campanha interna, realizada no último dia 03 de agosto, Carlos José da Cunha morreu no set de filmagem enquanto desmontava os equipamentos de iluminação em decorrência de um choque. Francisco Xavier de Jesus Bispo também se feriu e ainda permanece internado. Os profissionais tocaram na rede de alta tensão de 13.800 volts e foram jogados de uma altura de oito metros.

O Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual) se pronunciou dizendo que vai acompanhar o inquérito e esclarecer se havia contratos legais, seguro e responsabilidade pela segurança no local de filmagem, localizado na região do Brás, bairro central de São Paulo.

De acordo com um posicionamento divulgado pelo sindicato, o mercado precisa rever suas condutas e deixar de lado as ‘práticas caseiras’, agindo de forma profissional. Os custos e tempo de produção não podem ser dispensados. “Estamos pagando com nossas vidas por cortes de custos que nunca poderiam acontecer”. Com o acontecimento, a Sindcine assumiu o compromisso de travar uma guerra contra a precariedade das condições de segurança nos sets de filmagem.

Ainda de acordo com a Sindcine, a produtora Silhueta foi fundada em 2013 e não possui o registro obrigatório para atuar no mercado de cinema publicitário. Além disso, os técnicos não receberam os equipamentos obrigatórios de segurança e a Eletropaulo não foi comunicada do trabalho próximo à rede de alta tensão. Desta forma, o isolamento necessário não foi realizado na área.

A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) também se pronunciou sobre o assunto. Sonia R. Piassa, diretora executiva da Apro, diz que os clientes em constante busca por menores preços não se importam de trabalhar com produtoras que não cumprem as condições mínimas de segurança exigida pelo Ministério do Trabalho e pelos Sindicatos.  “Não existe milagres em custos de nenhum segmento de negócios de risco,  uma produtora que cumpre as normas da convenção coletiva, paga os seguros de vidas,  que não trabalha sem  autorizações em logradouros públicos, sempre será mais cara”. 

O Itaú disse que “lamenta profundamente o ocorrido e informa que está acompanhando o caso com a empresa contratada para prestação do serviço, para garantir todo o apoio necessário.”

SPCine (São Paulo Film Commission) afirmou que não foi comunicada sobre o trabalho. 

Atualizado 11/08/2017 às 10h51