Kazi, Miranda, Gabriela, Ferreira e Lemos: Trator passa a produzir projetos digitais

 

Comandada pelo diretor de cena Alex Miranda e pela produtora-executiva Gabriela Lemos, a Trator Filmes anunciou novidades na área digital. A partir de agora, a empresa adota o conceito de “all in one”, que significa a integração entre suas três áreas – publicidade, digital e conteúdo, que abrange produções para TV, cinema, videoclipes, product placement e branded content, e é comandada pelo português Victor Lemos.

Com isso, sob uma mesma equipe de executivos, diretores de cena e atendimento, a Trator passa também a produzir projetos digitais, além de simplesmente filmá-los. Antes dessa medida, a produtora apenas fazia a filmagem, enquanto toda parte de tecnologia, programação e integração com o digital eram de responsabilidade de outros fornecedores. “O processo acabava sendo não muito produtivo. Agora seremos responsáveis por todas as etapas e, com isso, otimizar os jobs para as agências digitais. Os produtores e gerentes de projeto terão apenas um fornecedor pra cobrar. Outro ponto é o fato de conseguirmos custos mais competitivos com equipe ‘in house’. Todos só têm a ganhar com essa integração”, explica Kazi, o novo head of digital da Trator. Ele chega à produtora vindo da Colmeia, braço digital do Grupo Ink, cuja operação foi extinta na última semana. Lá, Kazi ocupava a posição de sócio e CEO.

Produtor executivo da Trator, Igor Ferreira diz que a empresa sentiu que o mercado tinha necessidade de alguém que entregasse tanto a parte de filmagem quanto de programação do conteúdo digital. “Isso espremia nosso prazo e influía inclusive na qualidade do trabalho. Era ruim até para a agência, que tinha dois fornecedores para o mesmo trabalho”, diz. “O pior é que a agência fica no meio de campo. E é de responsabilidade dela falar com as duas pontas. Não há comunicação entre os dois extremos. Agora iremos assinar uma única entrega”, completa Alex Miranda.

Segundo o sócio e diretor de cena da produtora, essa mudança vai de encontro ao momento atual da comunicação digital no mundo. “Aqui no Brasil ainda não tínhamos quem atuava assim, mesmo com as grandes operações que existem no mercado de produção audiovisual no país. É algo que já tem sido explorado nos Estados Unidos e Europa, principalmente na Inglaterra”.

Miranda diz que o próprio trabalho realizado pela Trator nos últimos tempos gerou uma demanda por mudanças. “Temos feito muito conteúdo. É comum, por exemplo, eu estar rodando um filme publicitário para uma marca e, simultaneamente, um videoclipe. E dependendo da pertinência, aproveitar o momento que os dois serão lançados praticamente juntos e inserir ação de product placement dessa marca dentro do videoclipe da banda”, ressalta. “Só nos últimos dois meses dirigimos oito videoclipes musicais e todos tiveram product placement inserido”, enfatiza.

O diretor de cena diz que o que está tentando passar para dentro da produtora é a visão de comunicação 360º que tomou conta do mercado nos últimos anos, saindo definitivamente do discurso para a prática. “Eu digo que ninguém aqui é funcionário público. O profissional não cuida apenas da mesa dele. Tem que estar integrado com todos os outros. É um passo à frente que damos ao mercado de uma tendência que eu comparo com outros fenômenos que passamos, como a mudança do cassete para o DVD, ou do negativo para o digital”.

Para Gabriela Lemos, há também a percepção que as marcas estão tendo de buscar cada vez mais uma produção pelo conteúdo. “Elas não querem apenas a TV, precisam também de conteúdos na internet, mobile e outros meios. E com uma qualidade até superior ao que é feito para a televisão. Pois é um produto que é consumido de outra forma. O consumidor pode parar no meio, olhar mais para uma determinada cena. Tem tempo de analisá-lo”.

“Aconteceu um ‘atropelo digital’ sobre as produtoras. De repente veio uma avalanche de orçamentos voltados para o online. Antes o processo começava com um comercial de TV, que depois se estendia para a web. Hoje, e não é novidade para o mercado, estamos orçando até mais para o digital, para depois o filme migrar para a televisão”, destaca Miranda, lembrando que a produtora poderá fazer uma entrega em tempo menor. “Se economizarmos dez horas de trabalho em um processo, já é um ganho imenso. E muitas vezes chegamos a perder bem mais do que isso em um único trabalho, por falta de comunicação entre os fornecedores envolvidos. Isso é o que deixa o diretor de criação de uma agência mais enlouquecido em uma produção”.

Kazi ressalta ainda que o mais importante de tudo continua ser a qualidade. “Temos a missão de entregar um produto, dentro desse novo modelo de atuação, com o mesmo selo que a Trator Filmes sempre fez em relação aos seus comerciais”.