Há cerca de um ano, durante um almoço de relacionamento, Jaime de Paula, fundador e CEO da Neoway, empresa de inteligência de mercado e big data, contou que as agências de publicidade não simpatizavam muito com seu negócio, apesar de não o ver como um concorrente direto, mas que levava uma pequena parte da verba destinada ao marketing. Hoje, com crescimento de mais de 50% e clientes robustos como Santander, Microsoft, Mercedes-Benz e Portobello, a empresa tem atraído o interesse de agências e veículos, como o Grupo Abril, que anunciou parceria com a Neoway durante o Data Driven Brasil, evento realizado pela empresa, neste mês, em Florianópolis, região conhecida como o Vale do Silício brasileiro.

O movimento ocorre porque é notório ao mercado a relevância e o impacto do big data no marketing: novas tecnologias ganharam força com a utilização de inteligência artificial, bots e apps de mensagens como canais de interação com os clientes, realidade virtual e/ou aumentada, trazendo uma imersão na experiência do consumidor, mais dispositivos conectados à internet, gerando (ainda mais) dados e automação de marketing para permitir que as equipes possam focar seu tempo na análise de resultados, otimização da estratégia e geração de ROI, além da consolidação do big data. “Tem uma hora que é necessário fazer parceria, somar com analycts, big data. As grandes agências estão evoluindo bem rápido nessa direção”, diz Jaime, responsável por mais de 26 patentes de softwares de inteligência artificial no país.

Mas como integrar a jornada do cliente à oferta de uma experiência consistente e cross channel? Partilhar e alinhar dados e insights de comportamento e engajamento para desenvolver a mensagem certa no momento oportuno? Ou ainda inverter o modo de execução da estratégia num modelo que investe tempo e recurso no set up e disparo de campanhas para um que automatiza a execução diária, focando o tempo na análise dos dados? Como reinventar a produtividade e processos de negócios? Em média, 40% dos líderes de análise de dados globais afirmam que já estão implementando ou expandindo o uso da tecnologia de big data. E 30% dos que ainda não adotaram planejam fazer até o próximo ano, segundo pesquisa da Forrester Research.

Ebru Semizer, head de marketing da Mercedes-Benz, conta que há um ano a montadora implementou o processo de big data e já tem resultados consolidados em vendas. No ano passado, conseguiu retornar à liderança de mercado. “Acreditamos muito que esse processo nos ajudou a chegar nesse resultado. Mudamos a cultura da rede, que se baseava exclusivamente em relacionamento. Inserimos dados que ajudaram o vendedor a trabalhar melhor. Vemos melhorias mensais, 10% dos nossos prospects têm se convertido em venda”.

O mesmo, tem buscado o Grupo Abril, que diversificou sua atuação e agora pretende aplicar o Dynamic Big Data, um novo produto desenvolvido em parceria com a Neoway para aplicação ao marketing. De acordo com Jaime, a Neoway vai direcionar o grande volume de informações da Abril à plataforma de inteligência da empresa, criando saídas específicas para clientes, formatando produtos para públicos e segmentos específicos. “Informações primárias da Abril, como um estudo das maiores empresas do Brasil, une-se ao balanço desta empresa na nossa plataforma, criando uma solução com o mapa completo da empresa ou de um segmento, bem amplo. Para interesse de vários públicos, desde B2B até empresas, a fim de conhecer pessoas físicas”, explica Jaime.

“A Neoway é muito especializada na área financeira, bancária, de seguros. Vamos cruzar os dados para criar um banco ainda maior de dados”, diz Walter Longo, presidente e CEO do Grupo Abril, que tem mais de quatro milhões de assinantes, além de se comunicar com 80 milhões de pessoas mensalmente através de todas as suas plataformas.

E com a comunicação em transformação graças à tecnologia, Bob Wollheim, head de digital do Grupo ABC, que anunciou a abertura de um escritório de consultoria do grupo para seus clientes, acredita que, em pouco tempo, as agências bem-sucedidas serão aquelas resultado de um pouco de agência com consultoria. “O meu papel é fazer o ABC mudar e mudar rápido”, diz Bob. O executivo contou que o grupo tem conversando com a Neoway, com alguns projetos desenhados, mas não deu detalhes.

Outro executivo do ABC a participar do DDB foi Claudio Carvalho, sócio e presidente da Morya. “Podemos ver as possibilidades do Data aplicado a vários segmentos de negócio com cases já de pé e seus resultados efetivos, e também como um novo modelo para a comunicação. O Data Driven Morya é prioridade à agência na construção de marca dos nossos clientes. Fiquei bem impressionado com o profissionalismo e a capacidade da Neo em atuar em segmentos diversos a partir do Data”, afirma Carvalho.

Para Paula Bellizia, presidente da Microsoft Brasil, reinventar a produtividade e os processos de negócios deve ser uma ruptura realizada pelos gestores das empresas. A Neoway mantém parceria tecnológica com a Microsoft, com o uso do cloud da companhia. “Já em negócios, a Microsoft tem nos ajudado a vender nossa plataforma, porque toda vez que ela vende nossa plataforma aumenta o consumo de cloud”, explica Jaime.

 

Evento

O Data Driven Brasil 2017 foi realizado entre os dias 9 e 11 de março, no Costão do Santinho, Florianópolis, região conhecida como o Vale do Silício brasileiro. Participaram palestrantes como dr. Eric Siegel; grandes líderes empresariais como Walter Longo (presidente do Grupo Abril) e dr. Plinio Nastari (presidente da Datagro, inteligência Agro); e referências de mercado, como dr. Gustavo Loyola (ex-presidente do BC), num evento para 300 dirigentes das maiores empresas do Brasil.

Foram abordados assuntos como análise preditiva, data driven nos negócios e agronegócios, mídia e desempenho, evolução da mídia e o que está por vir, empresas que mudaram seus negócios no Brasil e no mundo com o uso do Big Data, plataformas que estão mudando o mundo dos negócios, 4ª Revolução Industrial e informações públicas e o seu impacto nos negócios, entre outros.

A Neoway, empresa organizadora do evento, foi fundada em 2002 pelo catarinense Jaime de Paula, engenheiro elétrico. Tem sede em Florianópolis, com filiais em São Paulo e Nova York. Neste ano, deve abrir escritórios no México e na Colômbia. Possui parceria da Endeavor e em 2014 recebeu investimentos da Accel Partners, Monashees e Endeavor Catalist.