As instalações elétricas, no geral, demandam o uso de fusíveis. O fusível é responsável por assegurar que uma carga acima daquela para a qual a instalação foi projetada não vai ter consequências maiores, como a queima de utensílios, no ambiente doméstico, ou custosos danos em equipamentos industriais.

Os fusíveis são especificados pela sua amperagem: quanto maior a carga prevista para trafegar pelo sistema, maior deve ser a amperagem. A razão é bastante simples: se um fusível é subdimensionado para a carga que terá de suportar, ele simplesmente derreterá por não suportar o estresse a que foi submetido.

Depois de ler sobre a nobre função do fusível, provavelmente você deve estar achando que este texto estaria mais adequado a um veículo dedicado aos temas relativos ao universo da elétrica, mas eu estou seguro de que o fusível tem tudo a ver com os tempos em que estamos vivendo e nossa capacidade de lidar cotidianamente com altas cargas de estresse.

De fato, não faz diferença a posição que ocupamos ou a função exercida: todos nós estamos sendo colocados à prova de suportar uma enorme carga de energia, gerada pelo enfrentamento de situações, em quantidade e intensidade que pensávamos nunca ter de encarar. O problema está no fato de que a grande maioria das pessoas não veio equipada com fusível especificado com amperagem para aguentar o tamanho dessa nova carga, que só aumenta a cada dia.

Nesse contexto, tenho observado diferentes tipos de reações causadas pelo derretimento do fusível, o que acaba por levar o emocional ao colapso.

Existe a reação catatônica, em que a pessoa simplesmente perde a capacidade de ação, não consegue lidar com a necessidade de tomar decisões difíceis, não reage com a contundência e velocidade que a situação demanda. Gostaria de, se possível, ficar invisível, em vez precisar se manifestar.

Outro tipo é o voluntarioso. Este, mesmo sem ter um bom diagnóstico, sai realizando dezenas de ações desconexas, mas que geram a sensação de que está agindo, enfrentando os desafios bravamente, assumindo sua missão. Na verdade, está criando um estado de caotização e falta de direcionamento.

Temos ainda o estilo dos negadores. Estes se recusam a aceitar a necessidade de rever métodos, repensar suas verdades e práticas históricas, construir pontes para o futuro. Apegam-se àquilo que sempre fizeram, na expectativa de que tudo continuará funcionando.

Para não ser cansativo, vou tratar de apenas mais um tipo: o queixoso, para quem os males estão sempre fora dele. Reclama de tudo e de todos, atribuindo seus problemas e dificuldades a uma conspiração cósmica que trabalha para que nada dê certo para ele.

Bem, você deve conhecer alguns desses tipos ou mesmo outros, que ganham evidência em situações em que recebem uma alta carga de estresse. É importante identificá-los para saber como lidar com eles, porém o mais valioso é identificar o padrão daqueles que possuem fusível de alta amperagem.

Este não é um tipo de gênio, mas de gente que para e procura entender o que está acontecendo, não nega a realidade, mas, ao mesmo tempo, não se deixa intimidar, assume a responsabilidade, tem um diagnóstico claro e um plano de ação estruturado, enxerga os riscos, mas também as oportunidades.

O mundo está cobrando cada vez mais pelo seu sucesso? Ok, esse é o nome do jogo e as regras estão mudando rapidamente, todo o tempo. Então, está na hora de substituir seu fusível por outro de maior amperagem. Em minha opinião, a boa notícia é que desenvolver essa capacidade é possível. É certo que ter uma natureza favorável ajuda, mas podemos agregar competências e hábitos para assegurar que nosso fusível não se derreterá.

 Aqui vai um roteiro simples:

Nunca perder o senso de finalidade, aquilo que temos de fazer acontecer.

Ter um bom diagnóstico: é mais importante fazer as perguntas certas do que ter respostas.

Buscar conhecimento novo e útil: de nada adianta ter muito conhecimento irrelevante; conhecimento bom é aquele que tem aplicação.

Não gastar energia ou ficar se angustiando com o que está fora do nosso campo de influência.

Construir um plano de ação articulado, ter foco e executar com disciplina.

Não desanimar quando algo não der certo, porque nem sempre dará certo mesmo.

E, por fim, manter o espírito leve.

Revise cada um desses pontos a cada dia. Sucesso!