No começo da década, o Brasil vivia o auge do seu mais recente período de crescimento econômico e aumento do poder aquisitivo da população. O smartphone foi, talvez, o principal símbolo dessa época. Rapidamente, se transformou na plataforma base para praticamente tudo – do banco, da lista de tarefas, ao contato com a família, e, porque não do consumo de conteúdo.

 Quando criamos a Uzumaki, em novembro de 2011, parecia claro que esse seria o caminho: produzir conteúdo e gerar influência para pessoas, campanhas, e, marcas no meio digital. Para quem começou no “Antigo Regime”, nome carinhoso que uso para me referir à mídia tradicional, montar uma agência de conteúdo digital era um grande desafio no começo da década. O dinheiro não estava lá; convencer quem tinha o dinheiro a investir em conteúdo patrocinado, ou, até mesmo, explicar o próprio valor do conteúdo patrocinado era uma tarefa inglória.

Somado a isso, nosso primeiro grande case era um “global”. O sucesso do canal do médico Drauzio Varellano YouTube chamou a atenção para o nosso trabalho. Embora sempre tenha ficado explícito que não pertencíamos à rede de TV, em algum ponto da negociação acabávamos recebendo a pergunta: “Será que conseguimos colocar esse vídeo no Fantástico?”. Resposta: “Não, não conseguimos. E, podemos garantir que a repercussão desse conteúdo dentro do seu público de interesse será maior nas nossas plataformas”.

 

Transformar um homem de mais de 70 anos que fala sobre vida saudável, atividade física, e saúde em geral, em influenciador de um público majoritariamente composto por jovens e crianças não é tarefa simples. Por isso, temos tanta confiança em dar respostas como a do parágrafo anterior.

 

Existe um “saber fazer” audiovisual para esse novo público, para as novas plataformas, e, o posicionamento dos produtores é privilegiado nesse contexto– entre asdemandas dos clientes e os formatos clássicos da publicidade. Conhecemos de perto os influenciadores, sabemos como eles falam, e, sabemos do que o seu público gosta.

Hoje, além do médico mais influente do Brasil, criamos conteúdo audiovisual para mídias digitaisde grandes empresas como Drogaria S. Paulo, Novartis, Ajinomoto, entre outras. Sempre buscando apresentar nossos inputs visando a adequação das demandas ao nosso habitat.

 

A formação dos novos influenciadores está nas mãos dos produtores de conteúdo digital – e o audiovisual é parte decisiva nesse processo, por ser o formato que mais garante credibilidade.

 

Não foram poucos os casos nesses anos, em que nos vimos diante de uma demanda inviável, ou, que havia sido concebida com base nos antigos formatos de divulgação. Nesse momento, é importante que o produtor de conteúdo sinalize as possíveis falhas de comunicação dos projetos, ou fará parte do erro. As redes sociais não permitem falhas – uma campanha com o tom equivocado, ou, que erre ao escolher o influenciador, pode não ter uma segunda chance.

 

Para as pequenas e médias produtoras audiovisuais, o mercado atual está mais promissor do que na época em que começamos a explorá-lo. Embora, ainda tenhamos que trabalhar com orçamentos limitados, o número de grandes anunciantes com projetos específicos para redes sociais vem aumentando; e, mais importante, um grande número de novos players foi incorporado ao mercado de anúncios e ações online, incentivados pelo custo infinitamente menor do meio digital comparado ao do “Antigo Regime”.

 

A popularização da tecnologia não pode ser considerada uma inimiga – afinal, esse fenômeno é a origem do nosso sucesso em potencial – no modelo antigo, só havia espaço para as grandes produtoras.

 

A dica mais importante nesse momento é apostar justamente nesse movimento dos micros e médios influenciadores. A manutenção de um canal ativo que começa a fazer sucesso é uma tarefa que consome muito dos proprietários dos canais. Qualquer influenciador ou empresa que esteja crescendo nas redes, e as veja como estratégicas para seu crescimento, precisará de apoio profissional para sua comunicação online.

 

O maior desafio é equilibrar os custos. Produzir vídeo é caro, requer a presença de profissionais valorizados e equipamentos atualizados. Assumir compromissos sem um orçamento apurado pode exaurir a força de trabalho da produtora sem representar um ganho expressivo. Fique atento a isso, e reforce a importância do retorno que o conteúdo audiovisual pode representar para a pessoa ou marca. O investimento vale a pena.

 

*Jefferson Gorgulho Peixoto é responsável pelas operações da Uzumaki Comunicação (UZMK), agência digital e produtora de filmes.