O mundo digital já estava sob alerta após o Facebook admitir falhas na mensuração e a revelação do White Ops recentemente, denunciando uma das maiores fraudes da publicidade na internet por meio de bots que fingiam ser os veículos (publishers) legítimos da Rússia. O sinal vermelho acaba de chegar com o anúncio público da Procter&Gamble (P&G) de que a gigante de bens de consumo vai rever todos os contratos das agências em 2017 com o intuito de levar transparência à cadeia de fornecedores de mídia, afirmando que são obscuras, na melhor das hipóteses, ou fraudulentas, na pior das hipóteses. 

Quando a empresa que mais investe em mídia do mundo coloca sob suspeita os mecanismos de comprovação de resultados, além de fraudes e falta de transparência no ecossistema digital, isso representa, por um lado, um golpe muito duro em todos aqueles que atuam de forma correta e em busca das melhores práticas. Por outro lado, significa uma excelente oportunidade de se aprimorar e colocar em prática novas soluções. São obrigatórias ferramentas de medição e verificação que permitam conferir a entrega eficaz de cliques e impressões das campanhas publicitárias, tanto para os publicitários como para as plataformas sociais e programáticas.

Segundo dados do IAB, aproximadamente metade dos anúncios online passa despercebida por parte dos usuários, o que ocorre devido à falta de clareza sobre os parâmetros de visibilidade. Portanto, as marcas estariam perdendo ao pagar por anúncios que não são vistos. E é essa exatamente uma das queixas de Marc Pritchard, Chief Brand Officer da P&G. 

 A iniciativa liderada pela P&G, sem dúvida, reverberará entre todos anunciantes e, logicamente, as marcas estarão muito focadas em medir objetivos tangíveis como inscrições, transferências, compras e verificar se as campanhas foram realmente vistas. Para isso, as empresas de AdTech deverão seguir trabalhando com modelos de verificação confiáveis para apoiar as marcas com este desafio. Nosso papel é demonstrar que o investimento em publicidade mobile é uma oportunidade eficaz para que os anunciantes possam alcançar os seus objetivos de campanhas e estratégias.

É importante reforçar, como o próprio Pritchard alerta, que a transformação para um ecossistema digital mais transparente e livre de fraude é um dever coletivo e, desta forma, deve envolver anunciantes, empresas de AdTech, publicitários, agências e veículos para encontrar ou aprimorar soluções que garantam o melhor retorno sobre o investimento de maneira eficiente. 

Do ponto de vista da indústria de publicidade mobile, a certeza é de que a compra programática e os meios digitais em geral deverão se concentrar em criar melhores práticas para combater as fraudes, compreender e adotar medidas para as questões ligadas a viewability, com foco total na transparência da compra de mídia. Sem dúvida, 2017 será um ano de muitas ações e trabalho para nossa indústria. O nosso sucesso depende, em grande parte, da nossa reputação.