Por Suzi Cavalari

 

Orlando Marques, presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) é conhecido apreciador de vinhos. A adega de seu apartamento,no bairro dos Jardins, em São Paulo, abriga mais de 1500 garrafas da bebida. Paixão que o levou a fazer diversos cursos, degustações variadas e visitas a quase todas as vinícolas do mundo. Mas o que apenas um seleto grupo de amigos sabe é que ele manda bem na cozinha: vai do trivial à culinária francesa. Tanto que para comemorar os 60 anos da revista Propaganda, ele ensina a receita de um bolo de aniversário, mesmo sendo os pratos salgados a sua especialidade.

A responsável pelas habilidades de Orlando na cozinha é a Dona Teresina, mãe do executivo. “Quando eu era criança, ficava ao seu lado na cozinha descascando os alimentos.”As atividades domesticas eram divididas igualmente entre os irmãos, três homens e três mulheres: todos sabiam cozinhar, lavar, passar, cuidar de criança etc. “Essa coisa toda é ainda mais antiga. Minha mãe é de uma família de 12 irmãos, nove mulheres e três homens. Meu pai também, sendo 10 homens e duas mulheres. Na casa deles todos eram ensinados a fazer de tudo, tanto as mulheres os ‘serviços masculinos’, como os homens os ‘femininos. ”” De acordo com Orlando, quando o pai quis casar com sua mãe, seu avô disse que ela não estava preparada para o casório, pois ainda não sabia cozinhar, sugerindo que casasse com a irmã, mas o pai não aceitou, pois desejava casar-se com a dona Teresinha. Ele prometeu ao sogro que a ensinaria a cozinhar.  E assim aconteceu: “Minha mãe casou-se com 17 anos de idade e sem saber cozinhar. Meu pai, 25, a ensinou”.

 

 

Tarefa que tratou de reproduzir aos filhos. “No começo eu odiava, agora amo. Cozinhar é muito terapêutico.” E é uma atividade que exerce aos finais de semana, ou em ocasiões especiais, em seu apartamento e também na fazenda da família. “Na fazenda, minha cozinha dá para a sala, vou cozinhando, bebendo e conversando com os amigos”. O executivo acredita que até existe uma associação da gastronomia com a publicidade“no sentido de que não existe lugar onde se precisa agradar mais do que cozinhando e na propaganda também se está comprometido com o que faz, tem um viés de dois artistas, ourives. ”

Para Propaganda preparou uma receita mais que especial, um bolo de criação da sobrinha Genoveva Soprani, boleira de mão cheia, que faz sucesso em Pouso Alegre (MG),onde tem uma empresa por lá, chamada Gê Bolos.Mesma receita que preparou para o aniversário de 88 anos da Dona Teresina em dezembro passado. A paçoca que vai em cima da cobertura de brigadeiro branco também é uma receita de família e foi feita pelo irmão Lazinho, caçula. O pai, já falecido, preparava a paçoca no pilão, para dar aos filhos e aos netos. “Meu pai plantava os amendoins. Sempre fazia paçoca e guardava nos vidros”, conta Orlando, que leva na carteira os ingredientes para o preparo do doce de amendoim que o pai deu a ele pouco tempo antes de falecer. “É meio que uma homenagem ao meu pai.”

 

Bolo de Massa Branca 

Ingredientes massa:

4 ovos médios;

150 gramas de açúcar refinado;

150 gramas de farinha de trigo;

Recomendo a farinha de trigo Renata, por conta da coloração e qualidade final do bolo. (Eu fiz uma receita dupla, para ganhar mais volume. Portanto, fiz o dobro de tudo).

 

Modo de Preparo:

Bata os quatro ovos e todo o açúcar por cinco minutos em velocidade baixa, mais cinco minutos em velocidade média e por fim 10 minutos em velocidade alta (não sou um grande boleiro, mas a Gê, minha sobrinha e autora deste, diz que o segredo de um bom bolo, sem cheiro de ovo, é bater muito a massa).

Pré-aqueça o forno em temperatura de 220ºC por 15 minutos. Quando colocar a massa reduza para 180 graus.

Peneire a farinha de trigo em cima da mistura de ovos e açúcar batidos.Misture delicadamente a farinha com os ovos e o açúcar batido, com um batedor Fouet, a mistura (pão de ló) não deve perder muito do volume ganho na batedeira.

A quantidade é ideal para uma assadeira de 20cm de diâmetro.Forre o fundo da forma com papel manteiga, não é necessário untar. Leve ao forno por aproximadamente 20 minutos (no meu forno, mas, a depender do forno, pode precisar de mais tempo).

Ingredientes recheio:

1 lata de leite condensado 395 gramas;

1 xícara chá de leite 200ml;

1 colher de sopa cheia de amido de milho 25 gramas;

1 colher chá de essência de baunilha 5ml;

 

Modo de preparo:

Em uma panela misture o leite condensado, leite e o amido.Leve ao fogo até engrossar, não pode parar de mexer.Fora do fogo adicione a essência de baunilha.

Espere esfriar para rechear o bolo. Sobre esse recheio, acrescente uma bela geleia de frutas vermelhas ou outra de sua preferência (no bolo que fiz, coloquei geleia de casca de laranja feita por mim lá na fazenda, mas no teste na semana anterior, coloquei uma geleia de frutas vermelhas da St. Doufour e ficou dos deuses)

 

Para molhar a massa:

Duas colheres de vinho de sobremesa Sauternes, mas pode ser outro branco doce. Porto não serve porque escurece o bolo e fica feio, já que esse vinho vai umedecer a massa e deixar molinho)

80gr de leite condensado;

Misture tudo e molhe a massa quando for rechear. Para cobrir use chantili ou brigadeiro branco (minha opção). Ainda acrescentei a paçoca do Seo Lázaro. Feita por meu irmão, Lazinho, cuja receita é: amendoim torrado e moído, farinha de milho, açúcar e uma pitada de sal. Tudo isso socado no pilão à exaustão…. As quantidades de cada ingrediente eu não passo nem sob tortura, pois esse é um verdadeiro segredo dos Marques.