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Mandar nudes é coisa do passado. A moda agora é fazer transmissões em tempo real via Snapchat. O conteúdo gerado nessa rede social ultrapassou as conversas privadas e a troca de snaps entre amigos. Para os veículos de comunicação e para as marcas, ter um perfil na plataforma significa entrar em um universo de mídia fora do tradicional, onde a originalidade e a interação se tornam fator chave para o sucesso.

Os Jogos Olímpicos Rio 2016, que acontecem até 21 de agosto no Rio de Janeiro, é o tema do momento nas redes sociais. O engajamento proporcionado pela Olimpíada tem gerado conteúdo espontâneo no Snapchat. Além disso, o aplicativo criou filtros temáticos para o evento e um ícone especial na seção “Histórias ao Vivo”, para receber fotos e vídeos de usuários nos eventos.

A Rede Globo, por exemplo, fechou uma parceria com o Snapchat durante a Rio 2016 e o público tem a oportunidade de acompanhar, ao vivo, os bastidores do evento por diversos ângulos. O aplicativo incluiu conteúdo especial da Globo para os Jogos na seção dedicada às publicações em tempo real.

Reprodução/Snapchat

“Estamos entusiasmados com o início desta parceria com o Snapchat. E o momento não poderia ser mais oportuno: um evento desta magnitude, sediado no Rio de Janeiro, é garantia de uma galeria de imagens incríveis sobre os Jogos. A parceria reforça o movimento que a Globo vem fazendo de estar cada vez mais próxima do seu público, onde e como ele quiser. Vamos estar ao lado de milhares de snapchatters brasileiros de olho – e registrando ao vivo – tudo o que estiver rolando nos Jogos Olímpicos”, afirma Erick Brêtas, diretor de mídias digitais da Globo.

Essas ‘lives’, como são chamadas as transmissões ao vivo, podem ser aproveitadas pelas marcas durante a cobertura dos Jogos, explica Alessandro Visconde, CEO da iFruit. “Os Jogos Olímpicos são uma boa oportunidade para as marcas, pois será um evento multitelas, permitindo a conexão e interação com sua própria audiência, seja ela produzindo conteúdos proprietários relacionados ao tema, usando influenciadores etc”, afirma Alessandro Visconde, CEO da iFruit.

Visconde alerta, entretanto, que a rede social é dominada por jovens, e por isso exige uma comunicação alegre, criativa e inovadora. É por esse motivo que os influenciadores digitais podem ser a melhor opção para administrar esse conteúdo. “Eles conseguem conversar com o público de forma natural e autêntica, facilitando a transmissão da mensagem”, explica.

Reprodução/Snapchat

A plataforma Omelete está no Snapchat há um ano mostrando os bastidores da redação. Marcelo Forlani, diretor de marketing do Omelete, afirma que o objetivo da conta não é veicular notícias, mas os bastidores de entrevistas feitas no Brasil e pelo mundo, com o dia a dia da redação, eventos e ações. “Algumas pessoas da redação também usam suas contas pessoais. Não é algo obrigatório, cada um pode usar da forma que preferir. Também usamos o Snapchat para soltar algumas coisas em primeira mão e fazemos o cruzamento com outras redes do portal, com objetivos e públicos diferentes em cada uma delas”, exemplifica Forlani.

Em evento como os Jogos Olímpicos, existe grande interesse do público por bastidores. Ele afirma que muitas pessoas curtem e printam as telas, com feedback estantâneo. A procura por branded content também é observada por Forlani. “Como mostramos os bastidores, durante as ações é possível ver como todos querem estar por perto. A vinda da Tocha Olímpica foi ótima para o dia a dia da empresa. O legal do snap é conseguir mostrar reações verdadeiras, é isso o que eles querem, consomem e prezam”, analisa.

Pesquisas mostram, segundo Visconde, que 60% dos usuários do Snapchat estão concentrados entre 13 e 34 anos, chegando a 150 milhões de usuários, sendo 13% apenas no Brasil. A média de visualizações diárias é de 80 bilhões.

Apesar do crescimento vertiginoso e de algumas marcas já explorarem o aplicativo com a criação de conteúdos exclusivos, ainda há um grande espaço para as empresas. “Isso certamente vai impactar positivamente na evolução deste canal como ferramenta de marketing nos próximos anos. Com ele, as marcas podem apresentar novidades, oferecer informações extras e até mesmo realizar promoções para engajar um novo público”, explica Visconde.

Concorrência

O Facebook fez uma oferta de US$ 3 bilhões para comprar o Snapchat em 2013, quando ainda estava começando a despontar. O aplicativo, no entanto, recusou a proposta de Mark Zuckerberg que, na última semana, anunciou mudanças no Instagram. Para surpresa dos usuários, a rede social de fotos disponibilizou recursos muito semelhantes aos oferecidos pelo Snapchat, como os vídeos rápidos, publicados em tempo real pelos usuários, criando uma ‘história’ e sumindo depois de 24 horas.

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Nesta semana, Zuckerberg fez uma publicação no aplicativo MSQRD, que cria efeitos para selfies, recurso semelhante ao oferecido pelo concorrente, que foi comprado recentemente pelo Facebook. O objetivo foi liberar para usuários Android e iOS a opção de postar vídeos na timeline usando filtros temáticos das Olimpíadas. Caso o recurso se popularize, a ideia é liberar globalmente a ferramenta.

Ao vivo está na moda

O YouTube também apostou nas transmissões ao vivo durante a Rio 2016. Onze YouTubers de todo o mundo estiveram presentes no primeiro final de semana de Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. O time faz transmissões ao vivo na nova plataforma de live streaming do YouTube. Mais de dois milhões de pessoas acompanharam as experiências na cidade maravilhosa. Juntos, os escolhidos somam 26 milhões de fãs. Os representantes brasileiros foram Felipe Castanhari, do OficialNostalgia, Mederijohn Lemos Ferreira Corumbá, do 5algumacoisa, e Tatiane Ferreira, do Acidez Feminina.

Confira uma transmissão feita por Tatiane Ferreira, do Acidez Feminina.