Com 1.500 horas de atividades, 663 mil visitantes, dos quais 98% pretendem voltar em 2020, e tíquete médio de R$ 162, a 25ª edição da Bienal do Livro contou com a presença da tecnologia para mostrar como o hábito de leitura, a educação e novas profissões vão estar conectadas em um futuro não muito distante. A Microsoft foi uma das atrações do evento com seu projeto ALi, que usa a inteligência artificial para promover a educação. A sala de aula do futuro foi apresentada e é resultado de uma pesquisa, como explica o executivo Daniel Maia nesta entrevista.

Poderia explicar o ALi (Assistente Literário Inteligente)?
É uma aplicação baseada em Inteligência Artificial que responde perguntas e curiosidades dos visitantes referentes ao livro Vamos pensar + um pouco?, do escritor Mario Sérgio Cortella com o cartunista Mauricio de Sousa, como, por exemplo, informações sobre os autores, principais temas e termos curiosos mencionados, entre outros. A experiência com o assistente literário tem classificação livre para todos os públicos e ficou disponível gratuitamente para visitantes da Bienal. Unindo IA ao universo da literatura, a aplicação é um convite para que todos possam experimentar uma interação com Inteligência Artificial na prática, compreendendo como funciona uma tecnologia que está cada vez mais presente no nosso dia a dia por meio de diversos recursos e compreendendo o seu grande potencial para o setor de educação.

É um projeto pontual ou vai ganhar uma proporção maior?
O ALi foi usado apenas na Bienal, mas os recursos de IA usados para criá-lo já estão disponíveis para qualquer empresa por meio da plataforma de nuvem da Microsft, o Azure. O ALi foi idealizado com o objetivo de inspirar a todos sobre o potencial que qualquer instituição de ensino e todo indivíduo tem de utilizar a ferramenta para criar o próprio assistente sobre a temática que desejar. O ALi é apenas um exemplo do potencial de transformação que a Microsoft acredita que recursos como Inteligência Artificial podem trazer ao segmento educacional. Podemos imaginar, por exemplo, como os estudantes poderão utilizar uma aplicação como essa para estudos de livros complexos, materiais didáticos, isso tudo com o acompanhamento dos professores, que estarão ampliando a capacidade dos alunos dentro e fora da sala de aula.

A inteligência artificial pode colaborar para elevar os índices de leitura?
Imagine um professor que, após solicitar a leitura de um livro, possa promover uma atividade na qual os estudantes interajam com um assistente digital sobre a obra. Na prática, isso representa transformar a atividade em algo muito mais dinâmico e provocativo para os alunos.

Poderia explicar como será a sala de aula do futuro e como a Microsoft estará inserida nesse ambiente?
Baseada na pesquisa Preparando a classe de 2030, a Microsoft trouxe a proposta da “Sala de aula 2030”, que vai preparar os alunos para empregos que ainda não foram criados, para tecnologias que não foram imaginadas e para a oportunidade de resolver desafios sociais e globais que não foram antecipados. Os dados levantados pela pesquisa foram fundamentais para identificar as mudanças necessárias para passar dos modelos educacionais atuais para abordagens centradas no aluno. De acordo com a pesquisa, os alunos querem ser criativos e acreditam que aprendem mais quando têm mais voz e escolha e recebem feedbacks personalizados. E aqueles que recebem instrução personalizada têm desempenho superior a 98% dos alunos tradicionalmente ensinados. Os alunos dão maior ênfase à importância das habilidades criativas, sociais, emocionais e tecnológicas do que os professores.

E os empregos do futuro?
Também vão valorizar esses recursos. As experiências de aprendizagem personalizadas, inclusivas e imersivas promovidas pela tecnologia criam oportunidades para desenvolver habilidades emocionais e cognitivas em conjunto com o aprendizado acadêmico. Os professores obtêm até 30% mais tempo ao utilizar a tecnologia certa. A Microsoft possui a missão de empoderar cada pessoa e cada organização do planeta para fazer mais. Como parte disso, acreditamos que a tecnologia pode ser utilizada como uma ferramenta para empoderar estudantes e professores para criar o mundo de amanhã. Pensando nas necessidades de uma sala de aula moderna, podemos citar vários exemplos de ferramentas que desenvolvemos, desde softwares de trabalho colaborativo em nuvem até games com funcionalidades especialmente criadas para o espaço de aprendizagem.

O livro físico terá lugar nesse tempo?
O livro sempre terá lugar, pois é uma importante fonte para adquirirmos conhecimento. Como demonstrou a pesquisa sobre a sala de aula do futuro, o ensino será personalizado, ou seja, o aluno poderá escolher o formato do conteúdo – no caso o livro – que pode ser impresso ou digital. O ALi promove uma interação que estimula a leitura e é um exemplo de integração entre os mundos físico e digital.

A tecnologia é irreversível, não é mesmo?
A principal característica da quarta revolução industrial é a fusão de tecnologias que começam a confundir as fronteiras físicas, biológicas e digitais, trazendo desafios para todos os negócios e abrindo oportunidades sem precedentes para a inovação. Essa mudança de época aproximará a tecnologia digital da vida e dos negócios das pessoas de uma maneira muito mais natural. A Microsoft tem uma visão sobre esse mundo. Em primeiro lugar, vemos que nossa experiência digital já está distribuída entre dispositivos, telas grandes, telas pequenas e sensores em uma sala. A experiência do usuário não está mais vinculada a um dispositivo, ele viaja com você. Estimula múltiplos sentidos. A experiência pode começar com um simples toque na tela em um dispositivo e terminar com o registro de voz em outro dispositivo. A experiência já é múltipla e será cada vez mais rica e distribuída. Inovação e IA já estão ajudando professores e alunos a aproveitarem mais a experiência educacional. Com essa tecnologia, educadores e estudantes de todo o mundo podem se conectar basicamente com qualquer outra escola ou sala de aula em todo o mundo, para obter apoio em seu processo de ensino/aprendizagem, conhecendo outras culturas e mentalidades.

A ideia é gerar conhecimento pelo viés da interatividade?
A Microsoft acredita que a tecnologia é uma aliada para renovar os processos de educação e ajudar a promover o desenvolvimento das pessoas. Um exemplo foi a aquisição da Flipgrid este ano, um serviço que permite que alunos e professores criem e compartilhem vídeos, públicos ou privados, com conteúdo educativo de qualquer dispositivo e que possa ser oferecido gratuitamente. A Flipgrid soma ao portfólio da Microsoft mais de 20 milhões de educadores, alunos e famílias em 180 países de sua plataforma.

Como a Microsoft estrutura o planejamento mercadológico para esse novo momento?
A Microsoft tem um compromisso de longo prazo com a jornada de transformação digital do segmento de educação em todo o mundo, é parte de nossa missão de empoderar empresas e organizações em todo o mundo a conquistar mais. No Brasil, onde operamos há 29 anos, temos investido no apoio à educação e ao empreendedorismo como o principal pilar de nosso plano de compromisso com o país, porque acreditamos que a educação é um importante alicerce para o desenvolvimento do Brasil e para alavancar a sua competitividade. O verdadeiro potencial de transformação que a tecnologia pode trazer à educação está na capacidade de aprimorar o processo de aprendizagem, tornando o dia a dia de alunos e professores mais produtivo, dinâmico e interativo, desenvolvendo as habilidades exigidas pela nova realidade do ambiente de trabalho. Com o objetivo de aprimorar o processo de aprendizagem, acreditamos que o principal pilar é o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, incluindo IA em nossas soluções.

Só o marketing é suficiente para implementar esse cenário?
Nossa prioridade é garantir que todos tenham acesso à tecnologia e uma das razões para estarmos na bienal é justamente para que mais professores e alunos conheçam as soluções, inclusive gratuitas e imediatamente disponíveis, como por exemplo nossos planos de aula para ensino de STEM em aka.ms/stembr.

Como a Microsoft executa a comunicação?
Por meio de nossos canais próprios, website, portais, programas e em nossos eventos online e presenciais, além da comunicação por meio de redes sociais.

É algo apenas para as novas gerações ou os mais idosos poderão se beneficiar? Como a Microsoft contempla o envelhecimento da população, cada vez mais longeva, e a redução do número de filhos?
A Microsoft possui a missão de empoderar cada pessoa e cada organização do planeta para fazer mais. Como parte disso, acreditamos que a tecnologia pode ser utilizada como uma ferramenta para empoderar estudantes e professores para criar o mundo de amanhã, independentemente da idade.

Qual a importância do patrocínio à Bienal do Livro de São Paulo?
É muito importante para a Microsoft participar de um evento como esse, com o objetivo de divulgar todos os nossos programas e ofertas de capacitação e formação, como exemplo nossa jornada gratuita para formação de professores (mais detalhes em aka.ms/educadordigital). Na Bienal, tivemos a oportunidade de reforçar nosso compromisso com a educação, além de disponibilizar para um grande público recursos inovadores como Inteligência Artificial e experiências de como será a sala de aula do futuro. Experiências como o ALi são fundamentais, pois mostram ao grande público que a IA já é uma realidade e pode transformar muitas atividades do nosso dia a dia, como por exemplo a forma de interagirmos com um livro.

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