Para mim, o mundo é um grande quebra-cabeça, daqueles de mil peças em que uma vida inteira não é suficiente para decifrar. Quanto mais você acha que sabe, mais você precisa explorar as novas camadas para se sentir pequeno, pois isso significa que um novo campo de conhecimento se abriu e está “fresquinho” para ser descoberto.

Recentemente li uma frase em uma conferência: “nunca houve melhor tempo para ser designer do que agora”. Concordo. Temos acesso a informação, conseguimos vivenciar experiências, nos conectar com pessoas de qualquer lugar do mundo e usar da inteligência coletiva para voar mais alto.

Viajo o mundo para compreender melhor as culturas, o comportamento humano, de onde viemos e para onde vamos. Conhecer técnicas antigas e trazer para o presente, quem sabe misturando com tecnologia. Inspirar-me em um museu de biologia para uma solução gráfica. Ou ter acesso a pensamentos ancestrais para problemas atuais. Romper as fronteiras entre arte, design e tecnologia, se é que um dia elas existiram. Viajar o mundo também dá uma noção dos problemas globais e nos tira do nosso mundinho, nos coloca em uma dimensão maior de responsabilidade social onde o design se insere.

Cada pessoa que você conhece, cada lugar novo, tudo é combustível para uma próxima ideia. E não é dentro de quatro paredes que nascem as melhores. A ideia vem quando nossos poros estão abertos, quando todos os sentidos estão ligados, nessa caçada pela resposta. E sabe qual é o melhor tônico para abrir os poros? Vivência. Repertório. Discussão e reflexão. E fazer, fazer muito. Suas mãos devem ser a extensão do seu pensamento.

Boas ideias conquistam, abrem sorriso, mudam padrões. Tem histórias, às vezes nítidas, às vezes escondidas. Na minha recente viagem para a Nova Zelândia pude olhar a vida na fazenda sob outra ótica e buscar inspirações tão contemporâneas como nos grandes centros urbanos. Da Austrália, infinitas marcas com propostas verdadeiramente sustentáveis, e como as pequenas marcas estão crescendo e dominando o mercado que orgulhosamente estampam o selo australian owned, grown, made, proud. Em Melbourne, vi uma exposição sobre a importância das piscinas públicas em todo o país, como fator de desenvolvimento social e senso de comunidade. “As piscinas são niveladoras de idade, formação, educação e comprometimento” – The Pool, NGV. E, a partir daí, me pego trabalhando em um projeto sobre espaços de convívio social e meu olhar já é outro.

É inevitável dizer que você volta diferente. Viajar te tira da passividade, te coloca em movimento, promove novas conexões e choque de ideias jamais imaginados juntos.  Nunca houve melhor tempo para ser designer do que agora! E para quem acredita que tudo já foi criado, é porque nunca se desafiou.

Cris Inoue é diretora de design e sócia da agência Pharus Bright Design

Leia mais
O que inspira Marcelo Ramos, CEO da Mestiça?
O que inspira Ana Castelo Branco, diretora de criação da DM9DDB?