Meu interesse por prototipagem é antigo. Desde criança, sou fascinado por ciência e conhecimento. Meu pai, Jarbas Cuvero, era engenheiro e sempre nos motivou. E eu, muito curioso, queria saber como as coisas eram feitas.

A história começa mesmo quando o TK 85 chegou em casa. Era um dos primeiros computadores pessoais de pequeno porte lançados nos anos 1980.

Tinha cerca de cinco anos, mas lembro claramente do meu pai e do meu irmão mais velho programando um jogo de corrida do zero em uma fita K7 que estava dentro de um gravador de voz.

Achei aquilo mágico, o gráfico era tosco para os padrões de hoje, o jogo era extremamente primário, mas era incrível.

Outra lembrança marcante foi um Kit Rádio que ganhei para montar com o meu pai. O curioso era que, se dava para comprar um rádio pronto, por que alguém se interessaria em montar um? Simplesmente pelo prazer de montar, de inventar e de estar junto.

Com o tempo fui me interessando por outras coisas, surfe, ilustração, propaganda, direção de arte, até que, anos mais tarde, na terceira agência pela qual passei, vi aquela minha paixão de inventar algo inédito vir à tona.

caixa vedada de luz em uma máquina fotográfica, e vi que era possível fazer uma câmera pinhole com uma lata e fiquei intrigado. Atendíamos Nescau, Coca-Cola, Seda, Shell…

Por que não fazer uma exposição de fotos pinhole feitas com embalagens dos clientes do nosso portfólio, como lata de chocolate em pó, frasco de shampoo e lata de óleo?

Eu e meu dupla evoluímos a ideia e colocamos de pé a exposição O Olhar das Marcas, que reuniu obras de alguns dos maiores fotógrafos brasileiros, como Bob Wolfenson, Miro, Jairo Goldflus e Klaus Mitteldorf, entre outros. Algo totalmente novo e disruptivo na época.

Tive outras oportunidades de integrar paixão por tecnologia com profissão. Há mais de cinco anos, quando poucas pessoas pensavam nisso, colocamos drones para entregar Cup Noodles no alto de uma montanha, no meio do mar.

Também fizemos um carrinho de autorama ser impulsionado por ondas cerebrais e, recentemente, colocamos dois robôs da marca Kuka (uma das líderes mundiais na fabricação de robôs industriais e sistemas de automação) para cozinhar miojo.

Mas, o ápice veio com o nascimento do Rafael. Dizem que, quando nasce um bebê, nascem uma mãe e um pai. Também é verdade que nós voltamos a ser crianças. Lembrei-me daquele kit de rádio e tive vontade de incentivar meu filho a ter curiosidade e a gostar de tecnologia, assim como meu pai fez comigo.

Foi aí que, depois de ter meu primeiro contato com a plataforma de prototipagem eletrônica Arduino, voltei a me interessar profundamente por tecnologia e programação.

Anos atrás, junto com Eduardo Ataíde, diretor de arte da minha equipe, criamos um “sensor de gás metano” para colocar em um banheiro sem janela que tinha na agência.

Mas, como o tempo é escasso para projetos além do trabalho, hoje eu prefiro unir o útil ao agradável. Assim, junto com o meu filho, criamos o @makers_dad, um canal no insta onde posso atiçar a curiosidade dele e voltar a ser criança.

O Makers Dad ainda está no começo, com 20 publicações, mas já conseguimos fazer um barulhinho aí, pois temos cerca de 300 seguidores.

Hoje, todas as brincadeiras giram em torno do @makers_dad, até o aniversário do Rafael foi em um lab para crianças.

Eu sinto que ele se desenvolveu muito graças a esse incentivo ao conhecimento, à leitura e ao estudo. Ele só tem a ganhar, e eu mais ainda. Espero que esse “protótipo de pai” esteja sempre presente na vida dele.

Filipe Cuvero é vice-presidente de crição da Dentsu Brasil