Pra quem já foi ao SxSW, evento de criatividade e inovação que a cada ano atrai milhares de pessoas de várias nacionalidades para Austin, Texas, sabe o quão rico é participar de discussões que questionam nossas crenças e provocam reflexões sobre tecnologia, negócios e design, no sentido mais amplo da palavra. E que, certamente, irão repercutir por algum tempo numa contínua digestão.

Como marinheiro de segunda viagem, busquei me preparar minimamente para não ficar perdido na avalanche de conteúdo e estar mais em Fluxo do que com FoMO. Por isso, antes de partir para os EUA, me dediquei a estudar o programa do Interactive e me familiarizar minimamente com o lineup do festival.

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A primeira coisa que me chamou a atenção foi como o tema tecnologia foi estruturado:AR, VR, MR e as múltiplas e diversas realidades. Sim, claro, isso não falta por aqui. Mas também há muito conteúdo focado em entender os efeitos dessa relação cada vez mais íntima com os gadgets, devices, widgets, que vem afetando nosso bem-estar e interações com outros seres humanos, nos fazendo clamar por uma tomada de consciência sobre seu uso num mundo cada vez mais hiperconectado.

Desde os primórdios da internet (e, mais tarde, das redes sociais) o objetivo das indústria digital foi acelerar os avanços tecnológicos. Essas inovações nos proporcionaram trabalhar de forma mais rápida e eficiente, mudando a noção de tempo (qualquer hora do dia ou da noite) e espaço (em qualquer lugar do mundo). Mas, por outro lado, exigiu-se um mínimo de disciplina e organização para evitar a completa abdução da vida real. Assim, a questão parece ser repensarmos a interatividade e a qualidade das nossas interações, na medida que esses avanços estabeleceram relações mais frias e distantes. Pelo fato de termos menos contato olho no olho, estamos cada vez mais distraídos e um tanto quanto superficiais, nos aproximando de futuros (?) distópicos como os de Black Mirror.

Longe de querer vilanizar toda e qualquer iniciativa tecnológica, o caminho parece ser colocar mais sentimentos e valores humanos no desenho de experiências, apps e afins, ao mesmo tempo que precisamos tomar consciência do que está em jogo nessa relação. Desta forma, garante-se o equilíbrio naquilo que pode ser uma simples interação entre um ser humano e um device, facilitando a sua vida, ou pode se tornar um complexa interseção que borra a linha entre o que, de fato, nos torna humano.

Esse parece ser o recado das palestras, sessões e ativações de marca que aconteceram por aqui e que vale a pena conferir na íntegra no canal do SXSW no Youtube.

“If ignorance is bliss awareness is awakening” Brian Solis.

Saio daqui com a certeza de que, mais do que nunca, precisamos pensar em como estimular e cultivar a curiosidade, o pensamento crítico e criativo para que, ao final, nossas vidas se tornem mais significativas e humanas.

Thomaz Malan é Cofundador da Brand Community