10 lições de Barack Obama úteis para a propaganda e marketing
Obama palestra durante evento em São Paulo
O 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, palestrou durante a sétima edição do Vtex Day, evento focado em inovação digital ocorrido na última quinta-feira (30), em São Paulo.
O político subiu ao palco e foi entrevistado por Geraldo Thomaz, co-CEO da Vtex. Obama não perdeu tempo para quebrar o gelo. “Boa tarde”, disse num português carregado de sotaque. “É ótimo estar de volta ao Brasil. É um dos meus lugares prediletos para visitar. Embora, devo dizer, o trânsito em São Paulo pode ser meio complicado, mesmo com a escolta da polícia”, brincou.
“Eu amo a música brasileira. Quando era jovem, costumava ouvir Antônio Carlos Jobim com a Michelle. Pra entrar no clima, sabe?”, revelou.
Na sequência, Obama, que agora dedica seus esforços para “treinar a próxima geração de líderes”, falou sobre alguns de seus principais aprendizados colhidos durante a presidência dos EUA que, certamente, são úteis para os profissionais da propaganda e marketing.
Confira alguns dos principais:
Não tenha medo de falhar
Obama já falhou muitas vezes. “Digo aos jovens que é bom tentar muitas coisas, mesmo que você não obtenha sucesso”, afirmou. Segundo o ex-presidente, as cicatrizes que você consegue, são lições que lhe darão confiança mais tarde em sua vida. “Quando concorri à presidência dos Estados Unidos, muitas pessoas, incluindo algumas que me amavam e eram grandes apoiadoras, não acreditavam que os EUA poderiam eleger um afro-americano para presidente”, comentou.
“Quando falo com os mais jovens hoje, em todos os lugares que vou, sempre os encorajo a não terem medo de tentar algo só porque nunca foi feito antes, porque mesmo que eles não sejam bem-sucedidos, aprenderão algo com aquilo”, revelou. “Há um ditado nos EUA, esqueci exatamente quem disse pela primeira vez, mas diz: ‘quanto mais duro eu trabalho, mais sorte eu tenho’. Todos nós temos sorte na vida, mas o quanto você vai tirar vantagem disso, depende do quão duro você vai trabalhar”, disse o ex-presidente.
O líder pergunta
“Eu tinha grande confiança na equipe que trabalhava comigo. Acredito fortemente que você não deve ter medo de ter pessoas mais espertas que você no time. Algumas pessoas acham que ser um líder significa: ‘eu sempre tenho de ter as respostas’. Na minha visão, o que me fez um bom líder é que eu sempre tinha as perguntas certas. Mas contava com gente inteligente para ter as respostas corretas”, revelou.
Tenha uma equipe diversa
“Quando eu era presidente dos Estados Unidos, eu sabia que eu tinha tomado uma boa decisão se eu tivesse pessoas ao meu redor que discordavam e que eu poderia ouvi-las. Também é a razão pela qual era importante para mim sempre ter mulheres na mesa. Porque se sua organização só tem homens que parecem uns com os outros e pensam da mesma forma, provavelmente você está perdendo alguma informação importante”, afirmou.
“O mesmo vale sobre ter pessoas com passados e raças diferentes. Isso te ajuda a tomar decisões porque todos temos pontos cegos”, disse.
Meritocracia
“A primeira coisa que sempre digo é que: se você é bem-sucedido, você teve sorte. Acredito que é sempre importante me lembrar disso”, disse Obama. O ex-presidente diz que teve a sorte de ter uma mãe “maravilhosa” que lhe disse que ele poderia ser qualquer coisa. “Mesmo que, talvez, não tivesse razão para ela acreditar nisso. Eu acreditei”, afirmou.
Não é caridade, é investimento
“Da primeira vez que vim ao Brasil, ainda como presidente, joguei bola com alguns garotos numa favela no Rio. Aqueles garotos pareciam comigo quando eu tinha 8… 10 anos… Talvez, eles tenham a mesmas ideias, energia e possibilidades que eu tive, mas, a única diferença é que eu tive a oportunidade de ter uma grande educação. Vivi num país onde pude crescer, apesar de certas desvantagens. Eu sempre me lembro que se nós pudermos dar a estes jovens as mesmas oportunidades, alguma criança da favela, talvez, possa crescer e curar o câncer ou inventar a próxima revolução tecnológica. Se eles tiverem a chance”, alertou Obama ressaltando seu desejo de formar os líderes do futuro.
Para o ex-presidente, ajudar as crianças desafortunadas, prover a elas boa educação, serviço social, entre outros, não é caridade. “É uma necessidade para o desenvolvimento econômico de qualquer país”, disse.
Governos são importantes
“Eu digo a pessoas que são muito conservadoras e que não acreditam em governos e creem apenas no mercado: você não pode ter um mercado se não tiver um bom governo”, provocou Obama. “Se você não tem um bom sistema de escolas públicas, não tem um bom mercado. Se não tem um livro de leis, não tem um bom mercado”, exemplificou.
“Lei, transparência, contabilidade, um bom governo, infraestrutura, investimentos em escolas… Todas essas coisas são boas para os negócios. Mesmo nos EUA, eles não me ouvem quando digo isso: você deveria estar feliz por pagar seus impostos. Este é o investimento que você está fazendo na sociedade que irá permitir que seu negócio cresça. Se você não acredita nisso, vá a países onde há governos fracos, sem taxação de impostos, sem leis… Estes são lugares onde você não pode fazer negócios, pois não é seguro”, exemplificou.
Educação
Além de mencionar alguns de seus professores prediletos, Obama disse que a mais valiosa educação que você pode ter é conhecer e conversar com pessoas que tenham diferentes perspectivas de você. “E te ensinem a ver o mundo através dos olhos de outras pessoas”.
Sustentabilidade
“Precisamos pensar em ter um ambiente sustentável. Não irá nos fazer bem ter uma realidade virtual maravilhosa quando a verdadeira realidade está se tornando mais difícil, os oceanos estão subindo, as florestas estão caindo e não conseguimos respirar”, disse Obama em meio a aplausos.
Desigualdade
“Brasil, como os EUA, foram fundados na desigualdade”, relembrou Obama. Na sequência, ele utilizou um esporte para mostrar o poder da inclusão.
“Sou um grande fã de basquete. A NBA nunca esteve melhor, parcialmente porque nunca se viu tantos jogadores estrangeiros. Hoje em dia você tem nomes como Giannis Antetokounmpo, um nigeriano que veio da Grécia. […] O ponto é que: quanto maior o pool de talentos, mais sucesso o time terá. O mesmo vale para o Brasil. Se os afro-brasileiros não forem incluídos, você está deixando talento de fora. Se as mulheres não forem incluídas, você está deixando talento de fora”, afirmou.
“Ninguém está argumentando que um preguiçoso deve ter o mesmo que alguém que trabalhe duro. Alguns são, naturalmente, mais talentosos e terão mais sucesso. Não acho que nenhum de nós pense que é uma coisa ruim que Bill Gates tenha tido sucesso. Ele criou todos esses computadores que utilizamos. Deve ser recompensado”, disse Obama. Para ele, o problema é que os bem-sucedidos não estão dispostos a prover oportunidades para quem ainda está começando.
Dinheiro é o mais importante?
“Eu disse isso para as minhas filhas: uma vez que você atinge um certo nível de segurança financeira, que você pode comprar uma casa, mandar os filhos para a faculdade, não tem de se preocupar com o que comer, pode tirar férias de vez em quando, tudo que você tem depois disso não te faz feliz. Realmente não faz, eu vou dizer: tenho mais dinheiro agora do que já tive em grande parte da minha vida. O que me faz feliz é quando minhas filhas estão sentadas comigo e estamos dando risada, ou quando estou caminhando com Michelle de mãos dadas. Não é dinheiro que me faz feliz, mas ensinamos a nós mesmos que a medida do sucesso é: quanto mais temos, melhor seremos”, diz o político que acredita que tal mindset precisa mudar.
“As pessoas mais ricas do mundo não conseguiriam gastar todo o dinheiro que têm. Eu não consigo gastar todo o dinheiro que tenho”, afirmou. Obama relatou que fomos ensinados que essa é a maneira de medir o sucesso. “Eu acho que uma revolução de valores precisa tomar lugar. Eu acredito no mercado. Acredito no capitalismo. Acredito na eficiência que cria e produz riqueza. Não quero destruir a inovação, criatividade e liberdade que vem do mercado”, comentou complementando que é preciso incluir todos neste sistema.