2009 começa bem para TVs

O ano começa bem para as redes de TV no Brasil demonstrando o poder de influência dessa mídia para atrair consumidores e anunciantes, apesar da crise econômica mundial e do alto investimento. As principais emissoras brasileiras faturaram mais com publicidade em janeiro deste ano do que na comparação com o mesmo mês de 2008, com aumentos que variam de 8% a 19%.

A Rede Record apresentou o melhor desempenho e fecha janeiro com aumento de 19% em relação a janeiro do ano passado. O SBT, por sua vez, registrou crescimento de 14%. A Rede Bandeirantes informou que o aumento do faturamento com publicidade no mês foi 8% maior do que em 2008. Já o crescimento no mês da líder Rede Globo foi superior aos 7% que o mercado deve acumular até dezembro (conforme prevê a emissora), diz fonte ligada à área de comercialização da Globo.

O resultado da Globo é reflexo das negociações prévias de patrocínios como a Fórmula 1 e futebol. No final de 2008, a emissora fechou cota de R$ 54 milhões para O Boticário, agora patrocinador exclusivo do “Fantástico”. Outro fenômeno de janeiro é o “Big Brother Brasil” que, além das cinco cotas vendidas que somam R$ 55 milhões, tem ações de merchandising pontuais e que abastecem o caixa global.

O relativo aquecimento da economia a partir de medidas de incentivo do governo como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros é apontado como um fator importante para o aumento do investimento publicitário na TV, já que as montadoras aparecem ao lado do varejo como os principais anunciantes em janeiro no meio. “Esse incentivo do governo fez com que os consumidores comprassem mais e as vendas de janeiro foram maiores que em janeiro do ano passado. Com esse aumento de oferta, as montadoras investiram mais”, indica Thiago Moraes, diretor de mídia da Fischer América.

Outro fator seria cultural, pois mesmo diante do crescimento dos investimentos na internet, que está entre as apostas do mercado como a mídia que terá melhor desempenho durante a crise econômica, a força de penetração da TV na sociedade brasileira é grande. “A realidade brasileira é diferente da lá de fora. O hábito pela TV está arraigado na nossa cultura e é diferente do do resto do mundo. Isso não impede o crescimento da internet, mas a diferença é que na internet a pulverização da audiência é maior, o que não ocorre com a TV”, diz Moraes.

Programação

Mas não é só isso. As emissoras também investem constantemente em novos conteúdos para renovar a grade de programação e atrair diferentes públicos e, com isso, vários nichos de anunciantes. A Bandeirantes anunciou na última semana a sua nova grade de programação e, apostando na variedade de atrações, prevê crescimento de 8% de faturamento com publicidade no ano. “Estamos ocupando alguns espaços da grade para trazer consistência e aumento de audiência”, disse Marcelo Meira, vp da emissora.

A emissora paulista também está otimista em relação ao aumento de sua audiência. O executivo afirmou que o objetivo principal este ano é aumentar em 50% a audiência da Band e brigar pelo terceiro lugar no ranking das TVs abertas. Em 2008, a audiência do canal cresceu 9% em relação ao ano anterior. “Obviamente que estamos observando as mudanças do mercado, mas o nosso objetivo é conquistar a terceira posição novamente”, salientou.

A aposta da Band é alta, mas está baseada em programas que dão sustentação à sua grade, como a estreia de Adriane Galisteu, de Silvia Poppovic, a segunda temporada do irreverente “CQC” e a tradição da emissora na cobertura jornalística e esportiva de grandes eventos, como a transmissão dos jogos da Copa 2010. “Estamos muito animados, porque é muito bom oferecer às agências e anunciantes um mix de programas como o do Band, que atende todos os públicos”, destacou Marcelo Mainard, diretor executivo comercial.

Estabilidade

Henrique Casciato, diretor comercial do SBT, explica que a boa maré deve-se ao investimento das montadoras, varejo e refrigerados. Mas, no caso da emissora de Silvio Santos, também à estabilidade na grade de programação. “Não sofremos grandes alterações na grade nos últimos dois anos e isso dá uma tranquilidade para o anunciante. Além disso, nossos programas estão com boa audiência e a novela ‘Pantanal’ ajudou bastante”, diz Casciato. O otimismo permanece em fevereiro no SBT e a expectativa para 2009 é de que haja um crescimento entre 5% e 15% nos investimentos publicitários.

Internacional

Enquanto as emissoras de TV brasileiras vão de vento em popa, as norte-americanas sofrem com a recessão econômica. De acordo com o eMarketer, empresa de pesquisa de mercado, a expectativa para 2009 é de que a receita de publicidade com TV seja de US$ 66,9 bilhões, o que representa uma queda de 4,2% em relação ao ano passado, no qual a receita foi de US$ 69,8 bilhões. Para o próximo ano, a expectativa é de que haja uma pequena melhora, com um crescimento de apenas 0,5%, o que representaria uma receita de US$ 67,2 bilhões.

por Kelly Dores e Maria Fernanda Mallozi