30º Bienal de São Paulo transforma a cidade em polo cultural e artístico
A capital paulista prepara-se para receber a 30ª edição da Bienal de São Paulo, uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo, que irá transformar a cidade em um polo cultural e artístico nos próximos meses. Serão 2,9 mil obras, de 111 artistas diferentes, que serão abertas para o público na próxima sexta-feira (7). O evento segue até 9 de dezembro. Entre os trabalhos, 75% são inéditos e alguns foram produzidos exclusivamente para a exposição.
Com o tema “A iminência das poéticas”, a Bienal chega a sua 30ª edição renovada: nas mãos do curador venezuelano Luis Pérez-Oramas e de uma equipe curatorial composta por André Severo, Tobi Maier e Isabela Villanueva, a exposição rejeita messianismos e busca apresentar a arte contemporânea latina emergente dentro do contexto mundial de produção artística, explica o curador. “Não queríamos pensar a América Latina como uma ilha isolada do resto do mundo. Entendemos que era nossa responsabilidade entender o que estava ocorrendo localmente, mas também gerar debate sobre a arte produzida em outros espaços”, afirmou.
A seleção das obras foi um processo complexo, longo e ofensivo, relatou. O trabalho foi dividido em partes e envolveu visitas e conversas pessoais com artistas. O primeiro passo foi a definição de um mapa conceitual sobre o que seria a motivação da mostra, que serviu de ponto de partida para que os curadores saíssem em busca de artistas que valessem a pena ser investigados. “Queríamos uma bienal clara, não transparente. Inteligente, mas não bombástica. Analógica. Queríamos uma bienal constelar”, explicou o curador.
A materialização desse mapa de conceitos ocorreu pelas mãos dos arquiteto Martin Correlon, que organizou as quase três mil obras ao redor de eixos. Aberturas entre salas e o desenho do pavilhão obedecem a uma intenção de criar vínculos entre as peças. No primeiro andar, por exemplo, embora provavelmente imperceptível para o observador comum, está o eixo performático, com obras que explicitam “a ideia de forma potencial”. Há ainda o eixo regulador e o tipológico, que reúne obras em torno de um arquivo em comum.
A Africa é a agência responsável pelas ações de comunicação da Bienal. Para divulgar a exposição, ela desenvolveu uma série de 16 anúncios que, isoladamente, retratam acontecimentos triviais e corriqueiros, mas, reunidos, formam um grande olho, “um estímulo à observação e contemplação de tudo que a Bienal traz de novo para o espectador”, explica a agência.
Patrocínio
A edição de 2012 está orçada em R$ 22,4 milhões e foi custeada, em sua maioria, via captação de recursos por meio de incentivos fiscais e com o apoio de cerca de 50 empresas. O maior patrocinador foi o poder público, com R$ 15 milhões doados por meio da Lei Rounet.
O segundo maior apoiador foram as empresas patrocinadoras, responsáveis por 17% do valor do evento. O Itaú, patrocinador master, investiu R$ 7 milhões, e Gerdau e AES Eletropaulo doaram R$ 2 milhões cada. A prefeitura doou R$ 2,5 milhões em adição à verba anual de manutenção da fundação Bienal e o governo do estado disponibilizou outros R$ 2 milhões.
De acordo com Heitor Martins, presidente da fundação Bienal, a edição atual está mais barata que a de 2010, quando a exposição custou R$ 28,3 milhões. “A bienal é a filosofia da construção coletiva. É a colaboração entre empresas e o setor público que torna possível transformar São Paulo em um polo de arte”, declarou.
Na última edição, em 2010, a exposição foi o sexto evento que mais atraiu visitantes à capital paulista. Foram 107 mil pessoas, número maior que o de turistas recebidos para o Carnaval e para a Fórmula 1. Juntos, movimentaram R$ 120 milhões, segundo números da SPTuris (Secretaria de Turismo de São Paulo). Entre visitantes e paulistanos, 530 mil pessoas passaram pela mostra.
Integração
Uma das novidades deste ano é a integração de galerias de arte e de museus paulistanos à programação do evento. Haverá obras dispostas e ações paralelas no Masp (Museu de Arte de São Paulo), no Instituto Tomie Ohtake, no Itaú Cultural e intervenções na Avenida Paulista e na Estação da Luz. Também está prevista uma exposição itinerante em 2013 pelas unidades do SESC no interior paulista, como Araraquara, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.