5 pontos de inflexão pós-pandemia
Continuando minha série de artigos derivados do conteúdo gerado pelo Lions Live 2020, trago agora um estudo da Susie Walker, head of awards do Cannes Lions Festival. Vale lembrar que não houve a edição presencial do festival este ano. Durante a terceira semana de junho, quando usualmente é realizado o festival, foram gerados palestras e debates, disponibilizados gratuitamente pela plataforma Lions Live.
Mas a geração de conteúdo continua e recomendo que você beba dessa fonte de conhecimento e acompanhamento de tendências. É só acessar Lions Live e se cadastrar. O estudo que trato neste artigo foi apresentado sob o título de 2020 Predictions – Guide to Creative Survival (Previsões 2020 – Guia para sobrevivência criativa).
Tendo como base os períodos pré e pós crises, desde a década de 1980 até os tempos atuais, a apresentadora levantou as principais características das peças vencedoras de Leões nesses momentos críticos para prever tendências para o futuro próximo, após a pandemia.
As previsões foram organizadas em 5 pontos. Vamos a eles: 1- eCommerce 3.0. Sempre dizemos que a necessidade é a mãe da criatividade. No caso do varejo, as empresas tiveram de acelerar os seus planos de maior presença digital, na busca da condição omnichannel e facilitação de transações, efetivando ações que estavam programadas para ocorrer nos próximos anos em poucas semanas.
Não há dúvida que, passada a fase mais aguda da crise, haverá um aprendizado muito importante como legado, fazendo com que mais empresas entrem na fase 3.0 do eCommerce, com menos fricção e menor uso do dinheiro em espécie e mais O2O (online to offline) e uma logística mais azeitada.
2- Shape-shifting Platforms (Mudança de formato de plataformas). No já vasto universo de meios existentes para comunicação e engajamento de consumidores, novas plataformas se tornarão mais populares. O mundo dos games, por exemplo, se apresenta para parcerias com marcas, mais abertas a meios alternativos. Um bom exemplo é o case da Wendy’s (rede de lanchonetes americana), vencedor de GP no Cannes Lions 2019, inserindo uma personagem “destruidora de geladeiras” no game Fortnite. Para quem tem o diferencial de jamais usar carne congelada em
seus sanduíches, a ação caiu como uma luva.
3- Virtual Life is (finally) real life (Vida virtual é – finalmente – vida real). Com a aceleração de uso de ferramentas virtuais, potencializado pela necessidade imposta pela crise, prevê-se uma invasão do mundo virtual à nossa realidade. Os eventos virtuais, tão presentes nas nossas vidas, já nos colocam em lounges produzidos em 3D, simulando uma experiência mais próxima da presencial.
O case da grife nórdica Carlings, também ganhador de Grand Prix no Cannes Lions, exemplifica o nível de simbiose entre o virtual e o real. A grife criou roupas virtuais, que podem ser “vestidas” por aqueles que querem ficar bem nas selfies postadas no Insta.
4- Accessibility First (Prioridade para a acessibilidade). Empresas e marcas que não colocarem acessibilidade como um must nas suas ações serão criticadas e evitadas. Casos exemplares – também ganhadores de Grand Prix em Cannes – são os dos consoles acessíveis do Microsoft Xbox ou do projeto da Ikea, que convidou pessoas com dificuldades motoras para, juntamente com seus engenheiros, criar acessórios que tornem móveis mais adaptados à acessibilidade.
Ou ainda o case MyLine, do governo da Colômbia, que criou um serviço de busca para celulares comuns, sem acesso à internet.
Finalmente o item 5: Back to Brand (De volta às marcas). Depois de uma overdose de ações de “performance”, prevê-se mais atenção à construção de marcas. Marcas com propósito e posições fortes.
Como a Nike, com a campanha vencedora Dream Crazy ou a John Lewis, loja de departamentos inglesa, que aposta em campanhas emocionais na época de Natal, em vez de simplesmente promover vendas. Espero que estas reflexões sirvam de luz para suas ações futuras.
Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br