54% preferem marcas reconhecidas por cuidar do meio ambiente

Um estudo realizado pela plataforma de pesquisa online Opinion Box avaliou a força do consumo consciente no Brasil. O estudo foi feito a partir de entrevistas via internet com 1138 pessoas de ambos os sexos, de todas as classes sociais e regiões do país e detectou que 54% dos brasileiros preferem consumir produtos de marcas reconhecidas por cuidar do meio ambiente e 45% afirmam que diminuíram o consumo de supérfluos para reduzir o uso de recursos naturais e, consequentemente, o descarte.

Felipe Schepers, cofundador e COO do Opinion Box, diz que os brasileiros deram um primeiro passo, mas que há uma boa caminhada pela frente para que se possa dizer que o brasileiro é um consumidor consciente.

“Quando falamos de temas como economia de água e luz no dia a dia, notamos que 85% dos entrevistados possuem um bom comportamento neste sentido. Por outro lado, quando falamos de medicina preventiva, trabalho infantil, escravidão e testes de produtos de cosméticos em animais, menos de 2/5 dos brasileiros sinalizam comportamento consciente.”, destaca Schepers.

Quando questionados sobre a troca ou compra de produtos usados como alternativa de preservação ao meio ambiente, as opiniões são divididas: 39% dizem fazê-lo sempre ou com frequência, enquanto 35% admitiram ter este comportamento às vezes e 26% não o adotam nunca ou raramente. Outro dado: 56% dos internautas afirmaram procurar embalagens ou formas alternativas de transportar os produtos que sejam menos prejudiciais à natureza.

O que mais surpreendeu na pesquisa, segundo Schepers, foi que os brasileiros estão de fato mais preocupados em ler rótulos, depois de tantas discussões em torno do glúten, sódio e outros componentes nos alimentos.

“Podemos dizer que esse comportamento é um fator que pode decidir a compra. Isto reforça como as empresas precisam considerar as embalagens como mais um ponto de comunicação com os consumidores, não apenas no que tange ao design, mas também no caráter informativo”, observou.

No estudo, 57% afirmaram ter o costume de verificar esses dados nas embalagens sempre ou com frequência, enquanto 24% buscam essas informações às vezes.

Os meios de produção também entraram na pesquisa: 45% das pessoas afirmaram buscar informações sobre emprego de trabalho infantil ou análogo ao escravo entre as marcas que costumam comprar. No entanto, 24% dos entrevistados nunca pensaram a esse respeito. Quando o tema passa para dermocosméticos e produtos de higiene e beleza, os dados chegam a ser preocupantes: apenas 26% das pessoas disseram se preocupar com informações sobre o teste dos produtos em animais, enquanto 31% nunca pensaram sobre o assunto. Entre as mulheres, 32% das entrevistadas disseram se preocupar e buscar informações sobre o tema, enquanto apenas 19% dos homens costumam fazê-lo.

O uso de componentes cancerígenos na fabricação de itens de higiene pessoal e beleza é motivo de preocupação para 38% dos entrevistados, que afirmaram buscar informações a respeito. Curiosamente, 27% das pessoas nunca procuraram saber se a empresa na qual trabalham adota alguma prática consciente com o meio ambiente.

O “ponto fraco” do brasileiro é, segundo Schepers, não se preocupar ainda com um comportamento consciente no tocante a alimentação orgânica e medicina preventiva, por exemplo.

“Isso pode ser um problema no futuro em relação a índices de doenças, obesidade, sedentarismo, refletindo diretamente na qualidade de vida das pessoas”, observou.

Ao todo, 41% dos brasileiros consomem alimentos orgânicos de vez em quando, enquanto 33% mencionaram adquiri-los com frequência. Transgênicos não são consumidos por 51% dos entrevistados, enquanto 10% admitiram comprá-los. Apenas 16% da mostra costuma consumir mais produtos naturais do que industrializados e 45% não seguem práticas alimentares alternativas como as linhas vegana, vegetariana, naturalista, onívora, entre outras. Quando o assunto é saúde e bem-estar, 34% dos entrevistados mencionaram praticar a medicina preventiva no lugar da curativa e 42% disseram que procuram se medicar utilizando produtos naturais, homeopáticos ou alimentos funcionais e ervas. Os tratamentos alternativos como acupuntura, cromopuntura, fitoterapia, aromaterapia, iridologia, self healing, body talk, ayuveda, medicina chinesa e massoterapias ainda são pouco procurados. Apenas 18% mencionaram buscá-los quando precisam curar alguma doença ou amenizar algum problema.

Um dado interessante surgiu quando as pessoas foram questionadas sobre o uso de transportes coletivos ou alternativos para percorrer distâncias maiores do que 2 km: 50% dos entrevistados disseram buscar essas opções e, no caso das mulheres, o índice chega a 55%.

A separação do lixo para reciclagem é feita com frequência por 52% dos entrevistados, sendo que 20% das pessoas mencionaram fazer a coleta seletiva às vezes e 28% não o fazem nunca ou raramente. Porém, 56% dos respondentes disseram usar artigos reciclados no dia-a-dia.

“Isso é muito interessante. As pessoas se preocupam em usar produtos reciclados, mas nem todos pensam em enviá-los para um novo ciclo de recuperação”, comenta Felipe Schepers, COO da Opinion Box.

A pesquisa também questionou as pessoas sobre a economia de água e luz: 85% afirmaram adotar medidas para economizar com os dois itens sempre ou com frequência. Este foi o “ponto forte” em consumo consciente, na pesquisa.

“O brasileiro possui uma consciência maior para o seu modo vida, como economia de luz e água, reciclagem e utilização de itens reciclados. Estes itens mostram que, uma vez que se cria o comportamento, pode-se sim torná-lo um hábito do dia a dia”, aponta Schepers, para quem é da imprensa e das empresas o papel de contribuir para o processo de conscientização da população a respeito do consumo consciente. “Temas que foram amplamente discutidos nos últimos anos estão refletidos no comportamento dos brasileiros, como economia de água, luz, reciclagem e atenção, especialmente, aos rótulos.”, conclui.