8 mitos e verdades sobre criatividade
“O pessoal de Humanas é mais criativo que o de Exatas. Criatividade é coisa de artista.” Pode ser que você já tenha ouvido alguém falar frases desse tipo quando o assunto é criatividade, mas será que é isso mesmo? Será que ser criativo e ter uma boa ideia depende de você estudar humanidades? Thiago Gringon, coordenador da pós em Criatividade & Ambiente Complexo da ESPM, desvenda alguns mitos e verdades sobre o tema, confira a seguir:
Criatividade é para poucos
Mito: o ser humano nasce criador e no criar existe a criatividade, um fenômeno de interação que depende muito de como estamos e transitamos no mundo. O ambiente onde uma pessoa vive permite que ela pense de determinada maneira e faça o que faz. Isso impacta na maneira como o indivíduo percebe o mundo, influencia na sua autopercepção, no modo como percebe os recursos que tem à sua disposição e, principalmente, se está conectado com esse potencial.
É preciso estar por dentro de tudo
Mito: Quanto mais olha para fora, para a enorme quantidade de informações que a rodeia, mais a pessoa se distancia de si própria e menor é a sua capacidade de estar atenta ao que um insight pode trazer. Isso porque um dos combustíveis da criatividade é o indivíduo perceber como se sente, como se relaciona com a natureza, sem que, para isso, se ache na obrigação de consumir algum tipo de conteúdo. É mais sobre ter uma visão holística da vida do que se preocupar em produzir.
Razão não combina com emoção
Mito: Existe a máxima que afirma que o lado direito do cérebro é “O criativo”, mas, na verdade, o cérebro cria como um todo. O hemisfério direito tem áreas de processamento mais imagéticas e a criatividade não é só subjetiva. É preciso usar o hemisfério esquerdo também. Precisa haver emoção o tempo todo no processo criativo, porque a emoção faz parte disso. É importante a pessoa entender o seu lado emocional para aprender a criar no medo e na raiva, por exemplo. Assim o seu trabalho impacta emocionalmente os outros.
Só os artistas são criativos
Mito: Uma pessoa que domina o Excel é extremamente criativa, pois para elaborar uma fórmula nesse programa é preciso criatividade. O mesmo acontece com quem trabalha desenvolvendo programas de computadores e games. Portanto, a criatividade não é só artística. Quer outro exemplo além do de Einstein, citado no começo desta reportagem? Steve Jobs, fundador da Apple, foi um dos precursores na criação das fontes (letras) do computador porque ele gostava de caligrafia — prova de que um nerd pode gostar de humanidades.
Para criar você tem que estar bem
Mito: Ninguém tem de estar 100% confortável para criar. Uma pessoa pode se valer do incômodo do medo, da angústia, da tristeza e de outros sentimentos negativos. Há uma ideia de que é preciso ter conhecimento e todo um repertório, ser extremamente conhecedor daquilo que se está fazendo e não arriscar. Mas não é isso, não é preciso muita coisa. Só é necessário ter uma intenção, dar ouvidos à curiosidade e seguir a intuição para criar coisas interessantes.
As coisas não vêm do nada
Mito: De certa forma, as coisas não são criadas do nada, porque o nada é o nada. Mas as pessoas precisam criar a partir do vazio, porque dentro do vazio tem o todo possível. Quando se pensa fora da caixa é como um esvaziamento. O indivíduo precisa se desapegar de coisas para abrir espaços internos e assim o novo pode emergir.
O ócio é criativo
Verdade: De maneira geral, o ser humano sempre busca distrações externas, quando, na verdade, ele necessita de ócio, precisa estar ocioso. Quando a pandemia foi decretada, comentou-se que o coronavírus trazia uma proposta de as pessoas darem um tempo e aproveitarem para melhorar seus hábitos e cuidarem de si. Em vez disso, muita gente achou que precisava ser produtivo e estudar mais. O que se viu, e se vê até hoje, é uma enxurrada de lives, podcats, cursos e uma infinidade de atividades online. Em vez de embarcar nessa ideia, a proposta é aprender a ficar off-line olhando para o teto.
Insights ajudam a criar
Verdade: Em seu livro Grande Magia, a escritora Elizabeth Gilbert propõe o exercício da serendipidade. Quando uma pessoa está conectada com as ideias que estão ao seu redor, com o seu repertório, com a sua essência e com a sua autenticidade, ela percebe algo. As ideias surgem do âmago, do inconsciente. Quando não está focado no problema, o cérebro entra num processo de combinação do subconsciente e as ideias emergem para a consciência de um jeito que chega a surpreender. Quanto mais espaço houver para esses momentos, mais as ideias poderão surgir.
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