‘A crescente demanda do público por conteúdo é evidente’, diz Louise Faleiros
Country manager do Prime Video Brasil detalha a estratégia da plataforma para ampliar parcerias, investir em experiências e integrar comunidades de fãs às diretrizes globais
No Brasil desde 2016, o Prime Video (da Amazon) amplia a sua presença no país, com cerca de 50 produções nacionais e R$ 5 bilhões investidos. Segundo Louise Faleiros, head da operação, o objetivo de se consolidar como um ‘hub de entretenimento’ orientou colaborações com players como CazéTV e a integração de canais adicionais como Paramount+, HBO Max, Premiere e Sportv. Com cerca de 15 anos de carreira no marketing, a executiva conta que o serviço de streaming pretende aprofundar parcerias com marcas, com foco em experiências. “Queremos ir além das integrações tradicionais”. Para ela, acompanhar a dinâmica das comunidades de fãs e conectá-las às diretrizes globais da plataforma é parte central da estratégia. “O público brasileiro responde de forma muito particular a narrativas, ritmos e referências culturais próprias”, reforça Louise.
Você tem uma longa trajetória no marketing e no entretenimento. Como enxerga a evolução do setor ao longo da sua trajetória?
Sinto que antes falávamos para o público de forma mais distante e hoje passamos a cocriar de forma constante com as pessoas. O consumidor deixou de ser um mero espectador e se tornou um agente ativo, engajando nos conteúdos e influenciando as decisões criativas. Essa transformação mudou profundamente a forma como trabalhamos. A tecnologia, as redes sociais e os fandoms ampliaram o alcance e a velocidade das conversas, mas, acima de tudo, ampliaram as vozes. Isso abriu espaço para mais diversidade, novas linguagens e novos formatos.
Quais transformações no comportamento do público mais influenciaram as estratégias de comunicação e conteúdo nesse período?
Neste período, tivemos uma grande fragmentação da audiência que passou a consumir conteúdo em diferentes canais e formatos. Em resposta a isso, desenvolvemos no Prime Video parcerias inovadoras com outros players relevantes do Brasil, como a CazéTV. Além da Série A, Copa do Brasil e NBA, que já estão incluídos para nosso assinante Prime, a CazéTV nos permite ampliar ainda mais essa oferta esportiva, e tudo em um só lugar. Outro movimento evidente é a crescente demanda do público por conteúdo, aliada às transformações e avanços tecnológicos no consumo. Isso nos impulsionou a reinventar a nossa oferta de conteúdo, oferecendo, além de uma variedade crescente de produções originais, uma plataforma de assinaturas adicionais com serviços como HBO Max, Paramount+, Premiere, Sportv, NFL Game Pass e AppleTV.
O que mais te chama a atenção no processo de consolidar uma marca global de streaming no Brasil?
Foi perceber como construir uma marca global no Brasil exige um equilíbrio muito fino entre consistência e localização. Por um lado, precisamos manter a essência e os pilares globais da marca, por outro, o público brasileiro responde de forma muito particular a narrativas, ritmos e referências culturais próprias. Encontrar esse ponto de convergência — e ver a marca ganhar relevância cultural de maneira orgânica — tem sido, sem dúvida, o aspecto mais fascinante do processo.
Quais fatores você acredita que definem o sucesso de uma plataforma hoje?
Em um mercado cada vez mais competitivo e fragmentado, acredito que o sucesso de um streaming está em compreender as demandas da audiência, gerando conexão e fidelização, com uma ampla oferta de conteúdo. Ao olhar a história do Prime Video Brasil, desde seu lançamento em 2016, percebo que o sucesso vai além dos R$ 5 bilhões investidos em produções locais, licenciamento de conteúdo e direitos esportivos, mas no entendimento da cultura local, dos hábitos de consumo e das preferências de entretenimento. O valor do investimento é uma consequência dessa análise apurada de uma estratégia que tem a experiência do cliente como centro do negócio.
É inegável que o Brasil é um dos mercados mais criativos do mundo. Afinal, isso é o que torna o público brasileiro relevante para as plataformas globais?
O Brasil tem uma audiência que consome muito conteúdo, experimenta novos formatos, participa das conversas e, principalmente, cria tendências. O fã brasileiro é extremamente engajado e não apenas assiste, mas comenta, compartilha e movimenta discussões. Tivemos um exemplo recente muito marcante com ‘O verão que mudou a minha vida’, que gerou um impacto tão grande nas redes sociais que as pessoas começaram a criar grupos para se reunirem e assistirem juntas ao último episódio da série. Dado esse alto interesse, diversos bares exibiram o episódio final em telões e ofereceram descontos para os fãs.
Como equilibrar a escala global e a identidade local?
Para conseguir garantir coerência e consistência de marca em mais de 200 países ao mesmo tempo, precisamos de processos, mecanismos e valores que funcionem em larga escala. E para equilibrar esta necessidade com a identidade local, buscamos dar autonomia para que as equipes desenvolvam narrativas, parcerias e campanhas que dialoguem com a maneira como cada território consome entretenimento. No Brasil, por exemplo, já são 50 produções originais locais desde 2019 e seguimos investindo no mercado local.
Leia a íntegra da matéria na edição impressa de 8 de dezembro.