Kwame Taylor-Hayford: ‘A criatividade sofre de perspectivas únicas’
Presidente do D&AD, criativo destaca o papel da organização na formação de talentos, com programas como o New Blood e o Shift
Cofundador da agência Kin, Kwame Taylor-Hayford é o primeiro criativo baseado nos Estados Unidos a presidir o D&AD, como parte do movimento do festival de origem britânica em dar mais espaço à diversidade.
Segundo ele, um dos seus desafios é “ajudar a formar a próxima geração de talentos numa época em que todos falam sobre a IA e em que os clientes estão sentindo muita pressão em seus negócios e procurando formas de inovar”.
Além da relevância do D&AD para elevar a barra criativa - a premiação foi realizada em maio, em Londres -, Kwame destaca o papel da organização sem fins lucrativos na formação de talentos, com programas como o New Blood e o Shift, voltado para jovens de fora do mercado.
“Nós não vamos ter perspectivas diferentes se todo mundo vem pelo mesmo sistema e pela mesma porta”, disse Kwame, reforçando a mensagem de empoderamento.
Quais são os seus desafios como presidente do D&AD?
Eu acho que os desafios são muitos. Provavelmente alguns dos maiores são que precisamos garantir que estamos pensando sobre o que o nosso futuro é e como estamos realmente ajudando a formar a próxima geração de talentos criativos num mundo em que todos falam sobre a IA e em que os clientes estão sentindo muita pressão em seus negócios e procurando formas de inovar e desbloquear o crescimento. Acredito que a nova forma de pensar, perspectivas únicas, ideias originais, é o que vai ajudar a levar o progresso. E isso vai vir das pessoas que são mais novas para a indústria, são mais novas em como pensam e se aproximam de problemas e podem trazer soluções inesperadas para a mesa. Acredito que nosso trabalho é garantir que essas pessoas cresçam na indústria e se conectem com oportunidades para permitir que deem movimento para a mudança que muitos desses negócios estão procurando.
Mas você acha que a IA é um risco para os talentos, para o pensamento criativo?
Eu não sei se é por causa da IA, para ser honesto. Acredito que a forma como a IA está funcionando agora, tomando toda a informação que existe e conseguindo rearticular essa informação é incrível, porque cria conexões e apresenta a informação para você de um jeito único. Agora é muito limitado a sua capacidade de criar pensamentos e ideias originais e de se aproximar da imaginação. E é isso que você, eu, e muitos dos criadores do mundo são tão bons em fazer. Acho que se nos aproximarmos disso e continuarmos priorizando isso e usar a IA para nos ajudar com o trabalho difícil... Eu sempre hesito em chamá-la de uma ferramenta porque eu sinto que é muito maior do que isso e tem muito mais potencial. Mas no momento, a forma como ela está sendo usada é como ferramenta. E eu acho que isso é ok. Mas eu sinto que isso vai evoluir.
Você é o primeiro presidente do D&AD, um festival de origem britânica, vindo dos Estados Unidos. O que isso significa para a indústria criativa?
Para mim, ser presidente é, claro, uma grande honra. Mas eu sinto que isso sinaliza muito da ambição da D&AD para ser mais global e priorizar as pessoas criativas nos EUA, no México, no Brasil, na Argentina. Temos tido muitas conversas incríveis com criadores em diferentes partes da África e da Ásia. E eu acho que, se formos a primeira organização que trata de excelência criativa, o mundo será cada vez mais global, mais cross-cultural. Ser capaz de estar conectado com criadores em todos esses mercados incríveis, Nigéria, Filipinas, Singapura e, claro, Brasil, é uma prioridade. E para mim, isso é o que estou animado a me dedicar e a ajudar a apoiar.
Qual é o legado que você quer deixar para o D&AD?
Legado é uma palavra engraçada. Não é algo que eu penso ativamente, se for honesto. Eu só sei o que me emociona e o que eu sinto que posso trazer como valor para o D&AD. E isso tem muito a ver com talento, e tem muito a ver com gerações futuras que eu acho que vão criar o próximo trabalho e ganhar um Black Pencil (o prêmio mais cobiçado do festival). E eu acho que essas pessoas não são mais parte do sistema de educação formal. Elas vêm dos mundos de criadores e dos mundos de entretenimento e arte. E nós podermos dar-lhes um espaço na indústria para que eles possam vir e se sentirem bem-vindos, participarem e trazerem pensamentos novos. Eu acho que é uma coisa boa. O Shift, que é a nossa escola para criadores self-taught (autodidatas), é algo que eu estou realmente focado. Temos também o New Blood, dirigido para alunos nas escolas de publicidade e design tradicionais. Mas, de novo, que procuram oportunidades para entrar na indústria e trazer impacto. Eu amo ambos esses programas e me sinto emocionado em continuar a apoiá-los.
Você participou desses programas quando era jovem?
Não, meu caminho para a indústria foi um pouco circunstancial. Eu fui para a escola de ciência de computadores e negócios. Comecei minha carreira em uma indústria diferente e descobri a propaganda. Eu sou muito apaixonado por pessoas sabendo que isso existe como uma carreira. Elas não precisam passar o tempo fazendo coisas que não amam e podem entrar e fazer a coisa que amam e viver com isso.
Leia a entrevista completa na edição do propmark de 14 de julho de 2025