“A FCB Brasil decidiu ir além”, diz Aurélio Lopes

Em um  ano de verbas publicitárias reduzidas, o presidente da FCB Brasil, Aurélio Lopes, conta que a agência fez o dever de casa nos últimos anos cortando custos operacionais, sem afetar a operação e demissões, e o resultado é que ganhou oito clientes em 2017. Outro ponto importante destacado pelo executivo nesta entrevista concedida ao PROPMARK é o fato de a FCB ter se tornado uma potência criativa, com a conquista de 39 Leões nos últimos quatro anos. Segundo ele, a opção da agência foi ir além neste quesito. Um dos grandes cases da FCB Brasil é Nivea Doll, uma boneca sensível aos raios solares, para mostrar a importância do protetor solar para as crianças. Para o mesmo cliente, a agência faturou o Grand Prix de Mobile em 2014. Até agora, já foram vendidas mais de 200 mil bonecas em sete países. “Foi uma ideia que a gente foi dando corpo e virou uma coisa grande”, observa Lopes.  

Alê Oliveira

Aurélio Lopes: “Depois de dois anos, voltamos a contratar em 2017”

NOTORIEDADE CRIATIVA

Há cerca de quatro anos, a FCB globalmente resolveu focar muito na construção da notoriedade criativa da agência. A gente tomou a decisão de investir em trazer pessoas talentosas, investiu em fazer a agência inteira olhar para o assunto criatividade ainda mais forte. Por mais que já estivesse no nosso DNA, a FCB no mundo sempre quis ser reconhecida por essa característica de ser um grupo criativo, você pode fazer isso até um certo nível ou ir além. A FCB Brasil decidiu ir além. O resultado é que a agência não só conquistou algumas contas importantes, como ganhou 39 Leões em Cannes nos últimos quatro anos. Uma coisa é achar que você está melhor, outra coisa é ir para uma competição que tem uma barra alta no mundo todo e ir bem. Com isso, a FCB entrou para uma lista de agências respeitadas criativamente.

We are markers

We are makers (nós somos fazedores, numa tradução livre) é uma postura que a gente tem muito orgulho, nasceu do DNA da própria agência, de que a gente faz acontecer. A agência tem um conjunto de posturas, como compartilhar o conhecimento internamente e com a sociedade por meio de pesquisas. A terceira pesquisa que estamos fazendo agora, chamada Medo, por exemplo, tem a ver com o conceito de conhecer mais o ser humano e o consumidor por trás desse ser humano. O que nós chamávamos de uma agência integrada e integradora, explicamos por meio do conceito We are makers. Isso dá para nós um orgulho de ser FCB.

CLIMA BOM

A gente criou um time que está feliz e isso ajuda o clima da agência para as coisas acontecerem melhor. Entramos o ano de 2017 preocupados, mas o resultado está vindo. Nós estamos em agosto, são oito meses, e ganhamos oito clientes. Estou falando de Tegra, Liberty Seguros, Ontex (Pom Pom, Bigfral e Moviment), Galderma, Uber, TIM BTL, Wella Koleston e Premier Pet. Todos eles têm uma vertente digital importante. Estamos focando há alguns anos em fazer a atividade digital ser relevante aqui na agência, do ponto de vista de estrutura e receitas. A rentabilidade é muito pior, mas nós sabemos que é um processo de transição, entre o passado da nossa atividade basicamente offline para um futuro em que o digital vai ter uma importância muito maior.

OFFLINE

A TV ainda é a principal atividade da nossa agência. Os volumes de investimentos são muito maiores. Ainda do ponto de vista de receita, a maior parte vem das mídias tradicionais, mas já com posturas muito mais modernas do que no passado. A gente está num processo de transição, num ritmo que nos interessa.

DEVER DE CASA

Por mais que alguns clientes estejam com o cinto apertado, com verbas menores, nós tínhamos feito, no ano passado e no ano anterior, um dever de casa importante, em que reduzimos muito custo do que a gente chama de overhead, custo não operacional. Consegui reduzir custos sem afetar a operação. Não houve demissões, pelo contrário. Este ano, depois de dois anos sem contratar, voltamos a contratar e contratamos um pouco mais de 30 pessoas entre os escritórios do Rio de Janeiro e São Paulo. E estamos fazendo obras para absorver mais gente na agência em São Paulo e inauguramos um escritório maior no Rio. Temos cerca de 300 pessoas no total.

OTIMISMO

O nosso negócio como agência é o resultado dos efeitos de cada cliente. Tenho em torno de 20 clientes na casa. Se na média eles estão bem, a agência vai estar bem. A gente tem um ou dois clientes que estão com mais dificuldades, que estão trabalhando ainda muito mais custos do que valor. Essa é uma coisa que a gente tem dito para os nossos clientes: não dá mais para ficar gerenciando os negócios só pelo corte, porque você está destruindo valor e para reconstruir valor em um, dois, três anos, vai ser muito difícil. A gente tem tentado criar experiências novas para que os clientes vivam a chance de testar se o Brasil está melhor. Em vez de fazer investimento no país todo, escolha determinadas regiões, determinados públicos, e teste e talvez você descubra que o mercado não está tão ruim como parece. E o clima otimista ajuda o Brasil a andar.