"A Turma da Mônica, acima de tudo, faz as crianças sorrirem", diz Mauro Sousa

Mauro Sousa, diretor da Mauricio de Sousa ao Vivo, sonha alto. Sob seu comando, a Turma da Mônica chega neste mês aos Estados Unidos para apresentações em Boston, Miami e Orlando, além de voltar ao Japão. O oitavo filho do criador da baixinha dentuça lançou, há sete anos, esse braço da Mauricio de Sousa Produções para ser o responsável, como o nome sugere, pelas interações do público com os personagens. Nesta entrevista ao PROPMARK, o executivo, transformado pelo pai no personagem Nimbus, fala sobre os próximos planos da turminha.

Alê Oliveira

Os shows da Turma da Môninca fora do Brasil estão alinhados com a internacionalização da marca?
O planejamento da internacionalização está sendo feito não só pela Mauricio de Sousa ao Vivo, que é a empresa do grupo que eu dirijo, mas por todos os departamentos da Mauricio de Sousa Produções. Cada um deles está tomando frente dos seus projetos, tendo em foco a internacionalização. No caso do licenciamento, por exemplo, a gente tem já os desenhos da Turma da Mônica sendo transmitidos no Cartoon Networks da América Latina. Nós também estamos presentes nas feiras de licensing de todo o mundo, como as de Las Vegas e da Alemanha. No nosso caso, já estivemos no Japão, no ano passado e no ano retrasado, dando os primeiros passos do outro lado do mundo e, neste ano, a gente está levando um outro espetáculo para lá, com o intuito de já começar a apresentar a Turma da Mônica para os japoneses.

Quem é o público desses espetáculos que apresentam fora do país?
Essas primeiras idas, tanto para o Japão como para os Estados Unidos, estão sendo para o público brasileiro. O espetáculo está em português, a gente não modificou nada no espetáculo – o que às vezes é necessário por conta da cultura do país. Manter o espetáculo igualmente como foi concebido aqui, inclusive, era uma condição para que a gente viajasse. Nosso foco, a priori, é o público brasileiro, mas com a intenção, obviamente, de já causar alguma curiosidade e ter algum tipo de abertura nesses países. Para os Estados Unidos, é a primeira vez que estamos indo, mas a ideia é que a gente se torne parte do calendário das cidades e do país.

Alê Oliveira

Qual espetáculo vai para o Japão?
É um espetáculo menor que foi criado aqui, um pocket show. A gente está levando ele por conta da infraestrutura. Não tem como contar com uma grande infraestrutura, precisava ser um espetáculo que coubesse no avião. No caso dos Estados Unidos, estamos indo com Turma da Mônica – O Show, que tem um porte um pouco maior. Até por conta da distância, que é um pouco menor, mas, acima de tudo, por conta da parceria com a Bis Entertainment, empresa responsável por nos levar para lá e por investir na marca. Se não fosse por eles, isso não estaria sendo realizado. A Priscila (Triska), CEO da empresa, é muito competente. Ela está acostumada a lidar com o público brasileiro, com artistas brasileiros. A gente se sentiu muito mais em casa.

Foi a Bis Entertainment que decidiu as cidades a serem visitadas?
A decisão das cidades depende não só da nossa vontade, mas do estudo sobre onde há mais brasileiros e também, mais importante ainda, da disponibilidade dos teatros. A gente queria ir para Nova York também, mas não tinha teatro disponível. Então, ficamos com estas três cidades: Boston, Orlando e Miami.

E vocês vão esperar o resultado desse primeiro projeto para fazer um outro espetáculo em inglês?
Não, precisamos ir gradativamente, precisamos ir sentindo como o país está nos recebendo. Não pode dar um passo maior que a perna. Não adianta criar um espetáculo em inglês agora, já que e o público americano não conhece a Turma da Mônica ainda. A gente trabalha primeiro os brasileiros para que, aos poucos, vá conquistando o outro público. No Japão, as apresentações também serão em cidades que têm muito brasileiro. Eu percebo, pelo retorno dos brasileiros que estão lá, que eles ficam muito emocionados. O feedback é de muita saudade, de que vão resgatar a memória, a infância, e querem passar isso para os filhos também.

É feita alguma comunicação para divulgar esses espetáculos?
Todas as peças de comunicação são desenvolvidas dentro de casa, nos estúdios da Mauricio de Sousa. Em parceria com a Bis Entertainment, temos trabalhado de maneira massificada na comunicação local, focando nos principais meios de comunicação voltados para cultura, entretenimento e negócios.

Quais os outros projetos de turminha “real” vocês têm?
Além desses shows que estão indo para fora, temos os que estão fazendo turnê pelo Brasil. Neste momento, a gente está com dois: Turma da Mônica contra o Capitão Feio, que já está rodando diversas cidades do Brasil, e Turma da Mônica em Era uma Vez… Uma História de Príncipes e Princesas, que já está desde o começo do ano rodando o país inteiro. A gente está pensando grande e não apenas no Brasil, mas fora também.

Alê Oliveira

Tem algum projeto para países da América Latina?
Por enquanto, eu estou aguardando sentir que a Turma da Mônica começou a fazer sucesso na América Latina para daí entrar com o show, que é um tiro muito pontual. A gente precisa fazer parte de um planejamento macro. Uma vez que já exista desenho animado, cinema ou que já estejamos em outras plataformas para que a gente vá com esses tiros mais pontuais. Nossa expectativa é que o filme [live action da turminha entitulado Turma da Mônica – Laços, que deve estrear em junho de 2018] alavanque ainda mais a visão da Turma da Mônica. Tudo se torna uma grande máquina com várias engrenagens. São muitos produtos.

São quantos colaboradores na Mauricio de Sousa ao Vivo?
Colaboradores diretos são aproximadamente 40, mas a gente tem uma média de mais de 100 pessoas envolvidas em cada projeto, que trabalham por job. Hoje são 17 projetos tocados ao mesmo tempo. Tem Parque da Mônica, restaurante, espaço em hotéis, shows, fora o meet & greet. A gente faz eventos gastronômicos, esportivos… Tem bastante coisa, mas acho pouco ainda.

Havia Parque da Mônica em três cidades. Os espaços foram fechados e apenas em São Paulo foi reaberto…
Não eram filiais, nem franquias. Cada parque era independente, com sua administração, e todos fecharam. O último, em 2010, no Shopping Eldorado, em São Paulo. Agora estamos, há dois anos, no SP Market, em São Paulo, desta vez sob a minha direção.

Quais outros eventos existem?
A gente teve uma primeira edição da Feirinha Gastronômica da Magali. Recentemente, foi realizada a segunda Corrida Divertida da Turma da Mônica. No dia 17 de dezembro, vai ter mais uma Corrida Donas da Rua, no Parque Ibirapuera. Esperamos pelo menos 5 mil pessoas. É para a família. A gente está pensando na saúde, na alimentação, na educação, nas famílias e nas crianças, para que elas sempre tenham uma experiência muito feliz.

A Mauricio de Sousa ao Vivo já tem sete anos. Sempre teve a questão da experiência no centro?
Criei a Mauricio de Sousa ao Vivo. Minha formação é em artes cênicas. Como sempre trabalhei como ator e performer, também sou pianista e cantor, eu sempre busco trazer um sorriso de quem está me assistindo para que sempre seja algo memorável, emocionante, e para que eles saiam transformados de lá. Eu sempre tive isso em mim de, através da minha arte, seja qual for ela, trazer essa experiência agradável. O que percebi é que eu sou uma pessoa muito privilegiada porque meu pai trabalha fazendo a mesma coisa. A marca Turma da Mônica promove a diversão, a educação, mas, acima de tudo, faz as crianças sorrirem. Eu quis unir essas duas oportunidades e assim nasceu a Mauricio de Sousa ao Vivo, já com propósito de trazer experiência.

A ideia era fazer teatro?
O primeiro intuito era fazer teatro, até porque a minha bagagem e formação é essa. Mas eu percebi que a gente tinha um leque de oportunidades para explorar experiências. Senti que existem muitos fãs de Turma da Mônica, e as pessoas estão carentes de projetos culturais familiares. Observei que esse leque era muito maior do que imaginava. A gente quer fazer eventos cada vez mais em diferentes segmentos.

Quais os próximos passos então?
Nós já temos praticamente confirmados quatro ou cinco espetáculos novos no próximo ano. E isso já é bastante trabalho porque, além desses novos, têm esses que já estão rodando pelo Brasil e vão continuar. São quatro ou cinco novos, mais os quatro que já estão circulando por aí. Além disso, deve ter a primeira Estação Turma da Mônica, que é praticamente um Parque da Mônica, mas menor, para que ele caiba como se fosse uma loja de shopping. No ano que vem, a gente deve ter a primeira, com atrações e brincadeiras para toda a família.

É um projeto itinerante?
Não, ela será fixa. Estamos fechando ainda a cidade, mas já está praticamente confirmada. Só que ainda não posso falar qual é.

Vocês também estão com projeto de sessão de autógrafos?
Sim, a gente faz meet & greet com os personagens. As empresas podem contratar a turminha e contar com a presença dos personagens em eventos para os convidados tirarem foto e darem autógrafos. Costuma fazer um enorme sucesso.

Quantas turminhas existem hoje?
Nós somos um elenco de aproximadamente umas 50 pessoas, que se alternam para atender a essa demanda da solicitação dos personagens. A gente considera com sendo uma turma a Mônica, o Cascão, o Cebolinha, a Magali e o Chico Bento. Ou seja, nós temos um elenco de dez turminhas. Eu estou bastante feliz, muito satisfeito e realizado com todos esses projetos. Está tudo fluindo muito bem.