A voz como a interface do futuro
O desenvolvimento tecnológico, no âmbito da comunicação, tem nos levado a experimentar interações humano-máquina em um nível só imaginado em produções de ficção científica. Pedir uma informação, pesquisar o melhor trajeto para uma viagem de carro, fazer uma ligação telefônica, resolver assuntos com o banco… Atividades que fazem parte do nosso cotidiano, mas que recentemente ganharam novas características pela interface usada. Quem apostaria que a maneira mais prática de se comunicar com o universo digital de nossos dias seria por meio da própria voz?
Não é difícil entender porque empresas como Amazon e Google têm investido pesado no desenvolvimento dessas novas tecnologias. Se uma pessoa comum costuma escrever até 40 palavras por minuto, esta mesma pessoa pode falar cerca de 130 palavras no mesmo tempo. Não há dúvidas de que a linguagem falada não só transmite mais conteúdo, em menos espaço de tempo, como nos permite fazer isso sem a necessidade de usarmos a interface mais popular desde a invenção da escrita, as mãos.
O crescimento substancial de assistentes virtuais e suas aplicações nos últimos anos tem sido impulsionado pelos avanços nas tecnologias de reconhecimento de voz. Segundo o “Smart Speaker Consumer Adoption Report”, lançado pela Voicebot.ai, em março de 2018, 19,7% dos adultos dos EUA têm acesso a sistemas de voz inteligentes. A Amazon domina a participação neste mercado, com 71,9% dos consumidores, tendo a Google em segundo lugar, com 18,4%. Com os consumidores se sentindo cada vez mais confortáveis com esses dispositivos, a cada dia mais e mais novos usuários se interessam por tais ferramentas.
A voz se tornou um novo campo de batalha no mercado de desenvolvimento tecnológico e, aparentemente, só tem a crescer. No último Google IO, em maio de 2018, uma das apresentações que mais chamaram a atenção foi o novo assistente virtual, dotado de uma inteligência artificial, capaz de fazer ligações e desenvolver diálogos que, se não soubéssemos que era um computador, não desconfiaríamos de sua humanidade. É a evolução da inteligência artificial, machine learning e redes neurais levando a tecnologia a níveis de usabilidade só encontrados nos melhores clássicos de Isaac Asimov.
Controlar dispositivos domésticos, ligar o carro, pedir uma pizza, fazer uma ligação… Tudo isso não está apenas ao alcance de nossas mãos. Mais do que nunca,está ao alcance da nossa voz.
Edgar Crespo é CEO da BiPTT, app que transforma qualquer smartphone em rádio push-to-talk, e TargetSo, ambas do segmento de telecomunicações