ABA lança guia sobre o futuro modelo das agências
Material busca auxiliar na capacitação de profissionais para contribuir com o ecossistema, entre outros assuntos
Como parte das comemorações dos 65 anos da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), a entidade anunciou o lançamento do 'Guia ABA sobre o futuro modelo das agências', que é tradução do documento elaborado pela World Federation of Advertisers (WFA) e aborda assuntos como a capacitação de profissionais para contribuir com o ecossistema, transparência entre os interesses de anunciantes e agências, além de como aproveitar todo o potencial de parceiros e anunciantes. “O Guia busca ajudar profissionais da área a compreender e se adaptar a essas novas dinâmicas que estão moldando o futuro das agências”, comemorou Sandra Martinelli, CEO da ABA.
A organização também promoveu um encontro na última terça-feira (27) para debater pontos acerca do tema 'Mídia no contexto de martech e IA – Uma visão de presente e futuro', com cocuradoria do Comitê de Mídia da ABA e Marco Frade do Bazar de Mídia.
Evolução digital
Os anunciantes, veículos e agências contam com uma estrutura fragmentada, porém o consumidor não é linear. “Os desafios e os aprendizados são enormes. Existia uma falta de expertise, porque não tinham pessoas capacitadas para entender essa agenda estratégica. Ter um time dedicado foi fundamental para evoluirmos nos últimos dois anos. Esse movimento envolve diversos times, como logística, trade e marketing”, disse Ana Paula Duarte, diretora de mídia da Unilever Brasil e líder de digital, mídia e commerce para personal care América Latina.
A fusão entre a televisão e digital está cada vez mais perto e, isso significa, que as mídias precisam estar cada vez mais preparadas para entregar uma capacidade de mensuração e targeting. “O Google chegou revolucionando o mercado de comunicação, porque antes a televisão era sozinha e conseguíamos fazer algumas segmentações. Mas, com a chegada do Google, passamos a entregar conteúdo todos os dias por meio de sites e redes sociais. Tudo o que é criado hoje na Record, já tem a visão de multiplataforma”, afirmou Alarico Assumpção, superintendente-comercial multiplataforma da Record.
O Google pode estar por trás de boa parte desses movimentos e criações. “Vemos claramente a dificuldade que é olhar de uma forma linear a jornada e acredito que isso seja uma boa notícia para o profissional de marketing. Isso puxa o marketing para ser cada vez mais centrado no comportamento das pessoas e não necessariamente em um framework específico”, explicou Marco Bebiano, managing director do Google. O digital deu um empurrão em função de duas revoluções que mudaram o comportamento das pessoas: o advento da internet e o celular. “A chegada da internet impactou todos os modelos de negócios efetivamente e mudou nossa forma de lidar com a informação, a busca de necessidades e produtos. Hoje temos 250 milhões de celulares no Brasil e a conexão que eles nos trazem e os momentos que eles criam dentro de novas jornadas têm um impacto enorme”, complementou.
Fake news e publicidade digital
Segundo o Fórum Econômico Mundial de 2023, a desinformação é hoje o maior risco econômico global para os próximos dois anos e vários estudos demonstram que a desinformação e fake news operam de duas formas: explorando comercialmente a dúvida atacando instituições estabelecidas e gerando crise de confiança, e explorando a credibilidade. “Isso é duplamente perverso, porque da mesma maneira que eu exploro a credibilidade eu mino a credibilidade”, disse Marcio Borges, vice-presidente-executivo e diretor-geral da WMcCann no Rio de Janeiro. “O mecanismo da desinformação se financia por meio da publicidade em vários elos da cadeia. Isso cria um problema na cadeia inteira que vai desde minar a confiança da cadeira e de cada um dos players pertencentes e participantes”, completou. Segundo a WFA, o mercado de fraude em publicidade digital pode variar entre 10% e 30% no total.