Abalo sísmico
Pela leitura e audição de todas as plataformas de mídia, o planeta deu a impressão, nas primeiras horas da manhã do day after das eleições norte-americanas, que havíamos todos sofrido um terrível abalo sísmico com a vitória de Donald Trump.
A intensidade do choque foi maior devido às pesquisas eleitorais, que previram em sua quase totalidade a vitória de Hillary Clinton.
Bem, é verdade que junto aos eleitores, as pesquisas acertaram: houve maior margem de preferências para a que seria a primeira mulher a governar os Estados Unidos.
Porém, as eleições americanas, muito diferentes das nossas, têm os seus colégios eleitorais que, de acordo com a votação em cada delegado, habilitam aqueles que têm mais sufrágios, contribuindo para uma proporcionalidade centenas de vezes explicada pela nossa mídia e muito pouco compreendida por grande parte da população brasileira.
O que realmente conta, no frigir dos ovos, é que teria ganho o azarão e isso surpreendeu a todos. E o fator surpresa exigiu muitas explicações, dentre elas a de que a América com Trump finalmente cede para o populismo, que tantas dores de cabeça têm causado em determinados países abaixo da Linha do Equador.
Acreditamos, porém, analisando melhor o resultado dessas eleições, que a vitória de Trump não implanta o populismo nos Estados Unidos.
Muito pelo contrário, é um protesto contra o populismo que vinha se estabelecendo nas duas últimas décadas na terra de Tio Sam, acentuando-se nos dois últimos mandatos de Barack Obama, presidente carismático populista, com ações carregadas de marketing e sempre jogando para a plateia.
Trump, embora pareça fisionomicamente, não é nenhum força bruta, no sentido mais pejorativo dessa expressão. Claro que também não é nenhum anjo, aliás, nenhum dos que concorrem à Presidência de qualquer nação tem a alma lavada com Omo.
Mas, o sentimento da vitória do primo do Pato Donald é o de que o americano, assim como nós aqui no Brasil, cansou-se desse tipo de governante que governa mais para os aplausos do que para o bem-estar da coletividade. Bem sabemos a distância que há com muita frequência entre esses dois objetivos. Raramente andam juntos, principalmente em tempos difíceis como o que vivemos, com o mundo repleto de insatisfações e injustiças.
Temos para nós que a vitória de Trump deu esse recado: menos populismo e mais segurança. Menos populismo e maior firmeza dos governantes. Não foi à toa que Trump, logo após ser declarado vencedor, mudou totalmente seus trejeitos de ator mambembe, histriônico, gozador, repleto de caras e bocas como uma tarde no circo.
Assumiu imediatamente a postura, para muitos ainda nele ignorada, de um gestor que deseja pôr a casa em ordem, desarrumada por anos a fio de contradições, passeatas, muitas delas desconectadas com a realidade do país, além de um ambíguo controle das suas fronteiras, com ingressos rigorosos nos postos oficiais de aeroportos, portos e rodovias, mas flexibilizado ao sul do país, onde ele, Mister Trump, chegou a prometer durante a campanha o artifício de elevar um gigantesco muro sobre a linha divisória com o México, para coibir a entrada ilegal dos vizinhos.
Após ter sido declarado o novo presidente dos Estados Unidos, Trump não falou mais nesse muro, não apareceu mais com os ralos cabelos em total desalinho e abandonou de vez as expressões faciais das quais sequer o saudoso Ronald Golias seria capaz.
Se fará um bom governo (para os americanos) só o tempo dirá. De uma coisa, porém, podemos ter certeza: caso venha ao Brasil em missão cordial e junto com a sua bela (e atual) mulher, a foto dos quatro em Brasília (o casal e mais Temer e Marcela) correrá o mundo, melhorando a imagem que os habitantes de dezenas de outros países fizeram do Brasil nestes últimos 13 anos.
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A lista dos vencedores do 29º Marketing Best será divulgada nesta segunda-feira (14), a partir das 14h, no site do PROPMARK. Na próxima quinta-feira (17), a partir das 14h30, reunião com os vencedores no MadiaMundoMarketing, coautora da premiação juntamente com a Editora Referência.
Nesse encontro, serão divulgadas as diretrizes para a cerimônia de entrega dos troféus aos vencedores, a ser realizada na noite de 6 de dezembro, no Tom Brasil (SP), com o samba ao vivo da banda de Leci Brandão e Reinaldo, comemorando os 100 anos desse nosso inigualável ritmo musical.
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda