“Acho que cinematografia está a serviço da direção do filme”
Rodrigo Saavedra, fundador e diretor do estúdio de produção Immigrant, está no júri do D&AD 2023
Com uma visão diferente do que pode ser premiado em um festival, Rodrigo Saavedra, fundador e diretor do estúdio de produção criativa Immigrant, é o representante brasileiro no júri do D&AD 2013 na categoria Cinematography. O diretor falou com a reportagem em novo episódio do PROPCAST, parte da série especial de podcasts com os jurados brasileiros, que está disponível no Spotify.
“Estou indo (para o júri) sabendo de uma tendência que existe em festivais de publicidade, especialmente em categorias como cinematografia, que é de premiar peças que são um pouco mais sérias, sombrias. Muitas vezes as pessoas pensam que por uma fotografia ser mais densa, ela é automaticamente mais cinematográfica. Eu não tenho esse pensamento, pelo contrário, acho que cinematografia está a serviço da direção, da história do filme”, diz ele.
Ele explica que cinematografia é tudo que envolve luz, movimento de câmera, e acredita que nenhum aspecto do filme sobrevive de maneira independente. Saavedra dá um exemplo fora do mundo da publicidade para explicar seu pensamento.
“Se eu tivesse no júri do Oscar este ano, eu não teria dado o prêmio de cinematografia para o filme que ganhou, o All quiet on the western front (Nada de novo no front). De novo, é um filme superdenso, uma temática superpesada. Eu teria dado o prêmio para o filme que ganhou o Oscar mesmo, o Everything everywhere all at once (Tudo em todo lugar ao mesmo tempo), porque ele é mais inovador em termos de cinematografia. Ele tem técnicas de transições, técnicas de fotografia alidas à montagem que nunca foram feitas antes. Mesmo Avatar, que é um blockbuster que talvez não seja visto como algo altamente intelectual, acho que merecia mais o Oscar. Não quero desmerecer o filme, obviamente é uma supercinematografia, mas é mais esperado que ganhe. Este ano, poderia ter um filme ganhando cinematografia parcialmente feita em inteligência artificial, porque isso é uma nova fronteira, é mais uma maneira de produzir imagem”, reflete.
Pela segunda vez no júri do D&AD, que será realizado entre os dias 8 e 10 de maio, em Londres, Saavedra afirma que desta vez a experiência vai ser diferente por ser um julgamento presencial. “Da outra vez que participei do festival, dois anos atrás, foi totalmente remoto (por causa da pandemia de Covid-19). Obviamente, a troca entre os jurados é muito mais rica quando estamos presencialmente”, reforça.
No podcast, ele também fala sobre craft, crise no processo criativo, critérios de julgamento, de envio de peças para o festival, e relevância do branded content nas estratégias das marcas.