Adaptação ou aceleração?
De repente, você chega ao escritório e se vê sendo obrigado a voltar pra casa devido a um vírus que veio do outro lado do continente. De repente, você se vê cercado de notícias ruins que não dão uma perspectiva positiva – sobre a economia, sobre seu trabalho ou até mesmo sobre a saúde de seus familiares para os próximos dias, semanas, meses. Tudo o que você havia planejado precisa ser replanejado, festas, casamentos, viagens, férias… Tudo impactado.
Realmente nos encontramos em uma situação onde nossa forma usual de viver precisa ser modificada. Tudo o que era simples precisa ser revisto. Isso será mantido após esse período? Quais serão as adaptações que as pessoas, famílias, empresas irão realizar após tudo isso?
Questões que muitos lugares vêm buscando responder por meio de estudos, pesquisas, ou mesmo de opiniões pessoais. A única certeza que temos é que o mundo vai mudar, ou melhor, já vem mudando. Formas de consumir, posturas e posicionamentos das marcas, valorização ou priorização daquilo em que vale a pena colocar esforço. Com isso, teremos que mudar a forma como vemos o mundo e como nos portamos nele.
Teremos que decidir se vamos nos adaptar ou se vamos fazer a diferença entendendo o futuro e buscando essa aceleração necessária que o mundo, vez por outra, nos cobra. Muitos memes circularam nessas primeiras semanas de #fiqueemcasa. Entre as muitas reflexões que circularam, duas chamaram atenção e nos fizeram pensar na situação complexa que estamos vivendo.
Uma é a postura e o ceticismo – mesmo com os noticiários sendo enfáticos sobre o problema, muitas as pessoas não acreditaram inicialmente e continuaram a levar suas vidas normalmente. Foi necessário o governo decretar estado de calamidade pública e solicitar quarentena para a população entender a gravidade da situação. Se para situações extremas como a que estamos vivendo precisamos convencer as pessoas em ficar em casa para não correr risco de vida, imagina para comprar seu produto e mostrar que ele é relevante e que merece prioridade frente a outros produtos, concorrentes e necessidades do seu dia a dia. Hoje em dia não existe somente um perfil, somente uma forma de se comunicar com seu público… você precisa impactá-lo de várias formas e através de diversos formatos e em diferentes ocasiões, que dependem de etapas de maturidade sobre o conhecimento dele sobre seu produto ou serviço.
Outro ponto importante para se entender se nos adaptamos ou aceleramos foram as notícias sobre a obrigatoriedade das empresas se transformarem em digitais do dia para a noite. Trabalhar no formato de home office requer não só uma internet boa, mas uma discussão grande sobre perfil das pessoas, ferramentas e processos. Ou seja, uma mudança grande em toda a estrutura para, ao mesmo tempo, minimizar o impacto nos negócios e continuar assegurando boas ações e preservando o negócio de seus clientes e a experiência dos usuários. Mesmo as empresas que já possuíam modelos de trabalho flexível tiveram que se adaptar a essa nova rotina, pois agora não somente suas equipes estão remotas, mas os seus clientes também. Imagina aquelas empresas que não acreditavam e não tinham intenção de trabalhar remotamente. Para esses, a mudança foi bastante drástica. Muitas ainda estão buscando se adaptar à nova rotina, já que tem que construir uma infraestrutura remota do zero, o que inclui falar com as pessoas, criar processos e checkpoints, implementar ferramentas, treinar todos, estrutura de TI, entre outras dezenas de atividades. Esse tipo de situação, muda a forma de atuação, seja criando novos meios de venda e formas de impactar seu público ou cliente; seja na busca por uma nova forma de pensar, focando naquilo que é mais relevante e prioritário. O que era necessário, talvez não seja mais. O que não fazia diferença, agora talvez faça.
Por conta disso, neste momento, os profissionais de comunicação são chamados a se fazerem algumas perguntas: Você ou sua empresa, farão o que com tudo isso que está acontecendo? Vão simplesmente se adaptar a situação e continuar como eram; ou vão acelerar, ver o mundo de forma diferente e buscar antecipar riscos e tirar seus pré-conceitos?
Nunca se sabe quando será o próximo estímulo acelerador que irá transformar você, sua empresa e o mundo. É importante rever a forma de gestão e os perfis que sua empresa e seu negócio possuem. Fazer diferente e inovar sempre, usando a tecnologia e as pessoas a seu favor pode ser o caminho para desenhar o novo futuro. Devemos otimizar o que for possível. Não podemos deixar um vírus ser mais forte do que nós juntos. Que venha a mudança!
Rodrigo Ribeiro é head of client services na Sapient AG2