Aécio é o que mais cresce no Facebook
A plataforma de análise de mídias sociais Socialbakers divulgou um relatório especial para as eleições com estatísticas referentes ao período de 09 de setembro a 08 de outubro. Em número de fãs nas páginas oficiais, por exemplo, Mariana Silva liderou, seguida de Aécio Neves e Dilma Rousseff. Os resultados do primeiro turno que colocaram Dilma Rousseff e Aécio Neves no segundo turno impulsionaram a página de Aécio, que foi a que mais cresceu no Facebook na última semana. Em apenas quatro dias, o candidato ganhou 586.588 fãs. Já na página de Dilma, foram 124.975 novas curtidas.
De acordo com Gabriel Rossi, professor do curso de Marketing Eleitoral Digital da ESPM, o momento sócio político e econômico do país tende para a mudança. “Tivemos a campanha mais suja de todos os tempos. Os militantes de cada partido estão em uma discussão que atrapalha o eleitor médio, que não escolheu ainda em quem vai votar”, explica.
No Brasil, o acesso à internet é de 90,8 milhões de pessoas, segundo pesquisa da NetView, da Nielsen Ibope. Consequentemente, a penetração de mais usuários na rede gera um maior engajamento nos assuntos relacionados ao meio social. O Facebook foi considerado a plataforma preferida como segunda tela para conversas em tempo real sobre as eleições entre os seus 89 milhões de usuários que acessam a rede todo mês.
No Twitter, o número de tweets em 5 de outubro alcançou 2,6 milhões. Durante todo o dia, Aécio Neves teve o maior número de tweets relacionados a ele, com 638 mil. Dilma Rousseff vem em segundo, com 486 mil e Marina Silva, com 150 mil. No entanto, quando se refere às menções aos partidos políticos, o PT foi o mais citado, seguido pelo PSDB e PMDB.
Um fenômeno chamado Groundswell é, de acordo com Rossi, uma tendência em que as pessoas usam as tecnologias para obter o que desejam, sem recorrer às fontes oficiais. As pessoas se informam a partir de outras pessoas, e não necessariamente das grandes corporações. “Nas eleições, a internet acaba sendo decisiva por causa da movimentação desse fenômeno”, destaca.
Em relação às campanhas realizadas pelos principais candidatos à presidência no primeiro turno, o professor afirma que algumas iniciativas foram positivas, como humanizar os candidatos, aproximando-os mais da vida dos eleitores. Entretanto, ressalta que as campanhas em geral se preocuparam em utilizar a tecnologia para enviar informações, mas não a utilizaram para detectar o comportamento desse eleitor e o que ele busca.
“É importante lembrar que mesmo para a internet, os princípios do marketing continuam sendo os mesmos. Em geral, faltou autenticidade para muitas mensagens e, por isso, trabalharam o marketing digital na tecnologia, mas deveria estar focado no comportamento”, analisa Rossi.
Em 2012, a reeleição de Barack Obama foi fortemente construída nas mídias sociais. A utilização do Big Data, soluções tecnológicas que permitem analisar informações digitais em tempo real, foi uma ferramenta utilizada pelo atual presidente dos Estados Unidos. “Obama conseguiu reposicionar seu opositor na mente da classe média e construiu uma nova imagem, garantindo sua vitória nas urnas. Isso não foi feito no Brasil neste ano”, destaca o professor.
Para o segundo turno, Rossi considera que a melhor estratégia agora seria conversar com os indecisos. A polarização da disputa final representa uma campanha dura, em que agora Aécio Neves tem a oportunidade de conversar com os eleitores de Marina Silva. Já Dilma Rousseff, afirma o professor, deve se posicionar na defensiva, para conseguir expor seu lado das acusações que estão circulando pelas redes. “Em geral, os candidatos precisam entender que a internet é diferente do palanque e que as histórias devem ser bem contadas, com a geografia do voto bem definida”, finaliza.