A Gafisa é o mais novo cliente da unidade de negócios Africa Zero, da agência Africa, criada há cerca de um ano e meio para atender empresas para as quais a “agência mãe” não poderia prestar serviços sem fugir de sua proposta original de valor. Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, atua diretamente na gestão e no atendimento de clientes da Zero e relembra que trabalhou sigilosamente seis meses no projeto, para ver se ele tinha aderência. Hoje, ele a considera uma espécie de startup dentro da agência, que tem no seu portfólio, além da recém-conquistada Gafisa, Braskem, Bimbo, Editora Globo, Edições Globo Condé Nast, Embraer, JHSF e Lupo.
A unidade também anuncia o diretor-geral Cláudio Kalim, que atua há nove anos no Grupo ABC e, nos últimos dois, dedicava-se à área de novos negócios da Africa e Africa Entretenimento. Seu cargo não existia na unidade e ele ficará responsável, principalmente, por tocar a área de negócios com Nizan e abrir oportunidades dentro dos clientes existentes. “Eu não paro quieto e a Africa não deve parar quieta. Para poder crescer, não pode perder sua proposta inicial de valor. Criamos a Africa Zero também para aproveitar o surgimento de novos anunciantes – empresas grandes que não podem mais ficar caladas como no passado”, diz Nizan.
Segundo ele, o foco da unidade é trabalhar com grandes empresas que ainda não são grandes marcas – ou grandes marcas que querem se tornar grandes empresas. São anunciantes que possivelmente não considerariam a possibilidade de trabalhar com a Africa devido ao perfil de seus demais clientes, e que na Zero podem contar com toda a sua estrutura e o envolvimento direto, no dia a dia, de Nizan.
Fees
A unidade trabalha com fees que variam de acordo com o tamanho da verba e das entregas. O plano é continuar vendo a Zero crescer como “uma startup que tem força”. Nizan diz que a entrada de Cláudio Kalim será importante no processo e vem para dar suporte ao tripé criação forte, atendimento consistente e geração de negócios. “Ele é uma pessoa que tem a nossa cultura, nosso DNA. É um homem forte em negócios, com perfil de gerar grandes oportunidades”, diz.
Kalim comenta que Nizan sentia necessidade de ter alguém trabalhando com os negócios para ele se dedicar mais à operação, que é olhada por eles num esquema de “dia após dia”, sem traçar metas anuais mirabolantes. “É claro que temos nossas metas, mas preferimos ver a unidade a cada dia”, diz Kalim.
O time tem cerca de 20 pessoas trabalhando numa estrutura “qualificada e rentável”. “Esses tempos não permitem excessos, mas seguimos prospectando porque sabemos que a Africa Zero tem musculatura”, observa Nizan, que diz ainda que na Africa estão seus filhos e na Zero estão seus netos. “Tenho com ela uma dedicação de avô. Cuidamos de cada conta como se fosse única, e cada uma requer atenção proporcional ao tamanho da verba. Eu me envolvo, gosto dos detalhes”.
Bom problema
Andrea Siqueira, diretora de criação que lidera o time criativo ao lado de Jef Rocha, diz que ter o Nizan como “motor de arranque” numa empresa é para poucos e que, quando os clientes crescerem, isso será “um bom problema” para a unidade resolver. A Embraer, por exemplo, fechou 2013 com um aumento de awareness do público e começa o ano com uma campanha nova sobre tecnologia, que usará várias mídias, inclusive TV.
Bimbo, o maior fabricante de pães do mundo, teve o relançamento do produto Ana Maria e a apropriação da hashtag #soquenao na estratégia. A agência também criou para o anunciante a marca Pinguinos, com a #dancadopinguim no programa “Pânico”. “Tivemos sell out no primeiro mês de campanha nas principais redes de supermercado. Fomos trend topics mundial no primeiro fim de semana no Twitter e tivemos mais de 2,5 milhões de views no YouTube com um investimento bem abaixo do que grandes marcas investem hoje”, conta Andrea.
Este ano haverá campanhas para Pullman e Plus Vita. Para Lupo, a Africa Zero criou vários anúncios de revista durante o ano passado e em 2014 trabalha com o conceito #cuecadasorte, que tem Neymar como protagonista. Para a Editora Globo Condé Nast, a Zero criou ano passado o conceito “Mulher bacana lê Glamour”, com anúncios, pôsteres e um minidocumentário exibido nos cinemas e na TV. Andrea conta que a editora teve um crescimento de 8% de receita acima do mercado em 2013, que não foi nada fácil para o meio. A agência trabalha no momento em projetos para Braskem, JHSF e Fundação Leman.